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3 DE DEZEMBRO DE 1960 93

precioso que o Mundo terá de seguir se quisermos salvar as possibilidades de viver em sociedade internacional, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... discutindo livre e serenamente os problemas comuns. Num momento que é de verdadeira alucinação desregrada nos contactos entre as nações, este modelo de um homem, e com ele um povo, que não são arrastados por essa corrente de desmandos verbais e outros actos gravosos, corrente que a muitos tem parecido irresistível; homem, Governo se povo que através de tudo se mantêm dignos e justos, serenos e firmes, poderá ser um ponto de partida para a reconquista de grandes valores morais perdidos e para a estruturação de uma verdadeira paz.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Neste aspecto, as palavras do eminente. Chefe do Governo são mais do que a defesa dos direitos de um povo. porque mensagem universal de ressonâncias bíblicas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à nossa vida interna, a exposição é completa e clara na sua sobriedade. A base da unidade reside na vontade de sermos portugueses, exuberantemente manifestada. A determinação do Governo, o seu dever, é defender os Portugueses e os seus direitos. Nada escondemos da nossa vida e dela a ninguém temos de prestar contas. Como missão, não descansar, estar preparado para grandes sacrifícios, confiança.
Estas palavras, tão positivas, tão claras, tão decididas, tão justas, tão necessárias, vão certamente renovar e fortalecer o ânimo de todos os portugueses.
8e a situação a todos nos dá cuidados, eu podia especificar que os dá, sobretudo, aos portugueses do ultramar. Porque se nas quatro partes do nosso mundo temos o mesmo interesse vital em continuar unidos e a ser o que temos igualmente sido há mais de 500 anos - portugueses -, é evidente que a ameaça mais dura se põe para aqueles que se pretende considerar como menos portugueses e porventura entregar nas mãos dos que estão implantando a desordem, o caos. a desgraça, no seio das mais pacíficas populações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mãos inconscientes, quando não são criminosas. Somos nós, os que vivem no ultramar ou que vivem para servir o ultramar, que mais sentimos as ofensas e que, portanto, nos levantamos logo para barrar o caminho a qualquer agressão.
É certo que penso não estarmos na iminência de grandes acontecimentos em que tenhamos de empenhar recursos especiais. Não quero crer. Tudo aquilo a que estamos assistindo talvez não passe de um acervo de injúrias, de calúnias, e até de ameaças, que nos dirigem representantes de certos governos - alguns dos quais temos teimado um considerar como amigos, embora se não conduzam como tal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Digo que são esses governos que nos hostilizam porque não posso convencer-me de que os- respectivos povos a maior parte dos quais só de nós receberam serviços, altos serviços, que, como já algures
disse, chegaram a materializar-se na defesa e garantia da sua própria sobrevivência nacional - ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... esses povos não poderiam ter espontaneamente para connosco atitudes de inimizade. Estranho e incompreensível nos parece que países ligados ao nosso por pactos de defesa, solenemente assinados, tenham nega-lo, pelo seu voto a realidade nacional portuguesa, expressa nas leis e bem patente no facto. Tal atitude, que nos parece um atentado à soberania e à integridade da Nação Portuguesa, não pode deixar de ser vista à luz do uma ofensa aos compromissos mútuos assumidos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pois que fez, entretanto, o nosso país que pudesse alterar a sua posição dentro dos pados ou dentro do Mundo? Como podem, portanto, os seus amigos tratá-lo diferentemente?
É claro, Sr. Presidente, que a única oposição, que era duvidosa, embora de recear, contra nós, provinha deita, alucinação de países, velhos e novos, que parece terem inscrito na agenda da sua vida independente a constante do ódio de raças, e até de crenças. Trabalhados por alguns agitadores internacionais, têm sido arrastados e agrupados para fins emocionais povo e governos de jovens países que tudo parecia indicar estarem dispostos a encarar a sua evolução dentro do melhor espírito de colaboração internacional. Mas os perturbadores levaram de vencida , num dia, esses sentimentos generosos que séculos de cultura ocidental tinham pacientemente ensinado e pareciam enformar os espíritos dos futuros dirigentes. Foram os recalcamentos, as frustrações -, os despeitos e invejas contidos que num momento explodiram e fizeram carreira.
Km muitos governos, em muitos dos seus dirigentes, quero acreditar que impera sobretudo o receio, o medo de não alinhar com o movimento de insubordinação antieuropeu, que parece irresistível.
Gostaria, meus Senhores, de não arriscar comentários que pudessem parecer acusações, infundadas a qualquer das nações cuja atitude foi tão desagradável para nós, na questão que se pôs na Comissão de Curadorias. E não o farei. Mas como poderemos calar, por exemplo, a mágoa de vermos alguns governos latino-americanos, aos quais nos ligaram sempre, laços afectivos dos melhores, que connosco têm celebrado horas de esplendores comuns, cujo desenvolvimento e portanto temos apoiado, alinharem contra nós?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Será porque reconhecem que a razão não está do nosso lado?
Ora, Sr. Presidente, o conhecimento das condições da vida portuguesa não é hoje tão reduzido como o foi noutros tempos. Numerosas personalidades estrangeiras, da mais variada categoria social, têm percorrido livremente as províncias ultramarinas, não se eximindo a manifestar a sua surpresa pelo que de agradável lhes foi dado ver, em contraste com o que naturalmente esperavam encontrar em África, terra tida como atrasada. Muitos desses visitantes estavam investidos de responsabilidades diplomáticas. Todos fariam, sem dúvida, informado seriamente os seus governos - embora se saiba que alguns governos não apreciam relatórios que mis são favoráveis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!