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3 DE DEZEMBRO DE 1960 97

ao centenário do infante, desfilando pela Avenida da Liberdade, que essa consciência da graúdo actuação do infante D. Henrique ainda hoje existe, sendo geralmente reconhecida a sua importância excepcional.
Temos plena consciência de continuarmos a ser em África, nas nossas províncias ultramarinas, uma utilidade, exercendo um poder paternal que tanto não merece contestação que se afadigam estranhos, em provocarem um mal-estar que não existe.
Se sempre exercemos o poder com autoridade, nu noa o empregámos quando não fosse necessário e nunca as chacinas foram o nosso método, até porque fomos sempre poucos para podermos, ainda que o quiséssemos, chacinar muito.
Seja como for ao Sr. K. seria necessário demonstrar, visto que é ele que acusa, que nos quase 000 anos que temos de África teríamos chacinado tanta gente e por processos tão uníeis como os que empregou na Hungria quando da última, revolta de Budapeste.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na Hungria, país civilizado e independente, antes de ter caído sol) o jugo pesadíssimo e inamovível da Rússia.
É tempo de impedir que a simples audácia e a mera e grosseira incorrecção possam, apenas porque o são de poderosos, debitar rancorosas e gratuitas acusações n quem, pelos muitos serviços que prestou à humanidade, deve ter direito ao respeito geral.
Se a função das Nações Unidas é manter a paz, está com certeza fora das suas funções o promover ou consentir que se promovam descontentamentos que não existem, para desmembrar um país que sempre se considerou ano na sua variedade e que emprega e empregará todos os meios para conservar a sua unidade, olhando, aliás, mais aos valores morais que aos materiais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A sábia política de S. Exa. o Sr. Presidente do Conselho dá às nossas províncias ultramarinas a paz que não existe onde chegam os interessados paladinos desta; subtrai-os mesmo aos horrores das tais chacinas, que com grande gáudio do Sr. K., se vêm exercendo onde chegam a política e as instigações que comanda, e mais do que isso, vai em cada momento acrescentando-lhes o progresso e o bem-estar económico que do Congo desapareceu em poucos meses de independência, desordens e destruições.
Sós não chegámos à África há meia dúzia de anos pura negociar e voltar; nós chegámos à África para ficar e lá estamos há cerca de 500 anos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não iremos desmentir agora o exemplo dos nossos antepassados, esse exemplo notável de heroísmo, de patriotismo, que atrás citei, de sete anos de resistência contra iodos e contra tudo, culminando no combate vitorioso de Massangano, que restituiu o domínio de. Angola aos Portugueses.
Tenho para mim, Sr. Presidente, que pisar, ver com os nossos próprios olhos, as terras que descobrimos e o que nelas fomos capazes de realizar, nos dá, a nós Portugueses, uma outra noção das nossas responsabilidades e fortalece o nosso orgulho, conforta o nosso patriotismo, nos radica mais fortemente no passado glorioso, ao mesmo tempo que nos abre os horizontes do futuro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agora que se compreende, tão inteligentemente, a necessidade de um intercâmbio permanente entre a metrópole e as províncias ultramarinas, que aqui trazemos a mocidade e os velhos colonos, os que serão e os que foram, em troca dos estudantes e professores metropolitanos que vão para ver, confraternizar e sentir melhor a grandeza da Pátria, sinto-me com autoridade bastante para lembrar e para propor, agora que estão a terminar os trabalhos desta legislatura e que com ela estou encerrando a minha actuação como Deputado da Nação, que os futuros membros desta Assembleia que nunca tenham visitado as nossas províncias ultramarinas ou que, tendo-o feito, não tivessem lá voltado nos últimos dez anos, fossem escalonados para visitarem, com largo proveito para a função que exercem e melhor compreensão da posição de Portugal no Mundo, as nossas provindas ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Posso asseverar. Sr. Presidente, que voltariam de lá melhores portugueses e melhores Deputados.
As minhas últimas palavras serão para saudar no Sr. Presidente do Conselho o homem que, mão no leme firme e segura, conduz no mar proceloso da política internacional a mau lusitana. Saibamos, com de modo, com dedicação e sobretudo com unidade, segui-lo atentos e decididos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: ainda parece ouvir-se nesta sala a voz do Chefe do Governo, que serenamente e com incontestável autoridade expôs a posição de Portugal perante os insidiosos ataques de que está a ser alvo no momento presente.
E essa voz foi, como lapidarmente V. Exa. disse, a voz da Nação e, por isso. nada mais deveria acrescentar-se.
Mas permita-se a um português, sempre orgulhoso da sua naturalidade, oriundo das terras do Norte, onde nasceu Portugal, exteriorizar o seu pensamento, traduzindo também fielmente o pensamento da boa gente dessa lusitaníssima região, que aqui o enviou como seu legítimo, representante.
Sr. Presidente: os portugueses do continente, das ilhas adjacentes e das províncias ultramarinas têm afirmado ao Mundo, de forma convincente, o seu entranhado amor pátrio e a indivisibilidade do sen território de que não alienarão qualquer parcela, defendendo-o por todos os meios, venham donde vierem os ataques, falados, escritos ou de qualquer outra maneira.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Aprendemos com os nossos maiores, que repousam eternamente em terra portuguesa, a vencer os temores de mares tenebrosos e as iras dos Adamastores que nos queiram impedir os caminhos do futuro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - São ridículas as acusações que nos fazem descaradamente mentirosas, nessa assembleia internacional conhecida por O. N. U., em que também temos assento, mas onde só deveria entrar gente de bem e de esmerada educação, com a única finalidade de resolver os problemas atinentes às boas relações entre os povos