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3 DE DEZEMBRO DE 1960 101

é fazer política o dizer que aquela voz que aqui ouvimos - assim firme, grave, inabalàvelmente corajosa, como tem sabido ser a nossa grei em todas as horas decisivas da vida nacional -, que aquela voz que aqui ouvimos não era só a voz de um homem: era a própria voz da nossa pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A resposta portuguesa está dada. Não, nós não nos demitimos. Não, nós não nos renegamos. Não, nós não traímos pedaço nenhum da terra portuguesa. Ficaremos sozinhos. Mas foi sozinhos que nós fizemos Ioda a grandeza da nossa história.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não. Não em nome do Direito e da Justiça, em nome da lei portuguesa e da lei internacional, em nome da boa fé com que lida-mos, com os outros u que exigimos que os outros usem connosco.
Não, em nome do nosso respeito pela paz do Mundo, que serviríamos mal e encorajássemos espoliações ou sôfregas cobiças, ou se abandonássemos os lugares onde sob a nossa bandeira reina, a paz àqueles que querem rasgar os solos e arrebanhar as gentes paira os sombrios desígnios da guerra.
Não, em nome do espírito glorioso de que descendemos e da cultura que representamos lias partes da Ásia e da África, últimos filhos de Roma, cujo braço se não causou de transportar o facho da luz que deste velho berço europeu há dois mil anos irradia pelo Mundo.
Não, em nome desta vocação que está em nós como a alma está no corpo, deste destino civilizador e missionário que é a própria razão de ser da nossa permanência entre o número das nações soberanas.
Não, em nome do direito à liberdade, à vida e ao lar dos milhões de portugueses de todas as províncias, que, sem regatear, têm dado à grande pátria comum o suor e o sangue que, sendo alicerce da grandeza presente bem poderão sê-lo da liberdade futura.
Não, em nome de oito séculos de história, em nome dos nossos mortos, por quem sentimos orgulho, em nome dos nossos filhos, que queremos possam um dia sentir orgulho por nós.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Rodrigues Prata: - Sr. Presidente: ainda se repercutem pelas quebradas das serras os ecos da indignação nacional; ainda referve no peito da juventude portuguesa a vibração de um sentido v espontâneo movimento de fé nacionalista : ainda, se agitam na solidão dos seus túmulos os que generosamente, ao longo dos séculos, deram a Mia vida pela formação do Portugal de hoje; ainda se não extinguiu no coração dos Portugueses a chama que em tempos idos foi a luz do Mundo.
O País inteiro, do Minho ao Algarve, da Madeira ao Corvo, de Cabo Verde a Timor, vibrou intensamente, de incontida emoção patriótica, vergastado pelas injúrias proferidas em areópagos internacionais.
Estava em causa a unidade portuguesa, Sr. Presidente, e os Portugueses querem provar ao Mundo que anima, da possibilidade de existência de concepções políticas divergentes, que aparentemente os dividam existe uma concepção única, vincada e secularmente portuguesa, que a todos une num só bloco, numa só
vontade, à volta do Governo da Nação: da continuidade de Portugal ano e indivisível.
Louvado seja Deus!
Por Deus e com a espada se processou a expansão portuguesa por essas terras além. Por Deus e, se necessário, com a espada defenderemos a integridade, da terra que nos foi legada pelos nossos antepassados; das terras que os Portugueses foram descobrir, pela mão do glorioso infante D. Henrique, que foram arrancar às trevas, numa luta sem tréguas, numa luta tenaz e gloriosa, com o mar. com a fome. com os perigos desconhecidos do desconhecido, na ânsia imensa de propagar a fé católica e o império.
Gil Eanes, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Francisco de Almeida, Lourenço de Almeida, Afonso de Albuquerque, D. João de Castro, Serpa Pinto, Mouzinho de Albuquerque, Caldas Xavier, tantos ... tantos ...
Tanto esforço, tanta canseira, tanto sangue derramado por portugueses, soldados portugueses, em prol da unidade pátria!
Fr. Gaspar da Cruz, Fr. António de Gouveia, P. Bento de Góis, José Anchieta, Manuel da Nóbrega, S. Francisco Xavier, eis alguns poucos nomes, entre tantos o tantos, soldados portugueses ao serviço do reino dos Céus, que deram toda a sua vida, transbordantes de entusiasmo, de fé e de patriotismo, alheios às hostilidades, indiferentes aos maus tratos e às dificuldades, para o sagrado cumprimento da missão de converter, de educar, de civilizar, de conquistar almas, de levar para Deus as almas, até aí perdidas.
Pode dizer-se que a missão do Portugal dos Descobrimentos, do Portugal evangelizador, do Portugal pátria de pátrias fui é e queremos que continue a ser unir na fé cristã, tantos quantos se orgulham de terem nascido portugueses, em terra portuguesa, independente, e livro, governada por portugueses, e só por eles e manifestamente querem continuar ter portugueses, lista é a afirmação que se ouve a cada passo, a cada canto da casa lusitana, vibrante, espontânea, sincera; esta é a vontade unânime da família portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente. Srs. Deputados: ninguém desconhece que a terra portuguesa, a sagrada terra portuguesa, se alonga na imensidão dos continentes, cristianizada, ordeira, laboriosa, confiante na protecção desvelada e atenta da. bandeira nacional. Todos sabem que nela se vive em paz e harmonia, não obstante a variedade de gentes, de costumes de temperamentos, até de religiões. Todavia, também há ou pelo menos parece haver, quem não compreenda que nesta diversidade, nesta pluralidade, possa haver unidade.
Está provado que há unidade e se Deus quiser, continuará a haver.
Sabem-no demasiado bom os que não desistem de arremeter contra os nossos territórios. Sabem-no por experiência própria esses inimigos impiedosos, implacáveis, frios, calculistas: sabem-no porque, são provadamente opressores e ficam perplexos perante a forte arma que se lhes opõe: a coesão nacional.
Mas as arremetidas continuam por mando e determinação dos sem-Deus, que agindo em muito de princípios que não seguem, não acatam, nem respeitam, tentam arrastar para a escravidão, para o opróbrio, para o caos os incautos ou os menos crentes.
Não, meus Senhores, eles não desistem, mas nós também não desistimos porque os não tememos. Os Portugueses, desde a fundação da nacionalidade que arrostam