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98 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 180

e a tudo o que contribuísse para o seu bem-estar e melhoria de vida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas não: aquilo dá a impressão de um colégio onde alguns rapazes mal educados e que em suas casas cometem toda a espécie de tropelias, só para se fazerem notados, proferem os maiores dislates e, dando largas aos seus instintos primitivos, não consentem trabalho útil e profícuo aos que têm a infelicidade de com eles conviver. Mas o que é pior, e até custa a acreditar, é não serem admoestados pelos mestres ou por aqueles que tiveram a infeliz ideia, de os admitir um tal instituição. Gritam, barafustam, estabelecem a confusão e depois ninguém se entende.
É isto o que se passa na O. N. U.!
Mocos inexperientes, representando também nações novas em idade e civilização, acreditando em tudo que as forças do mal lhes insuflam mentem com inconsciência e caluniam com despudor, e os que têm experiência, da vida e longos séculos de existência, conhecedores das falsidades inventadas por essa gentalha e da origem de todos esses malefícios, tomam a cómoda posição de «abstinentes», deixando estabelecer a divisão e a discórdia onde só «deveria imperar a ordem, a verdade e a justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim, não! Tal colégio não deve ser frequentado por gente honesta, e séria, em cujo número e à cabeça se deve contar Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também alguns jornais de nações amigas e aliadas dão guarida nas suas páginas às mais infames e disparatadas notícias sobre horríveis crimes praticados no ultramar português. As nossas representações diplomáticas têm azafamado trabalho em desmentir essas atoardas, mas, como não há sanções para tais crimes de difamação nesses países de «abençoada» liberdade de mentir e caluniar, lá voltam eles em poucos dias a repetir as protérvias costumadas. Alguns nomes que subscrevem tais artigos dizem ser de indivíduos nascidos em território português, mas abstenho-me de os pronunciar, para evitar náuseas ou reflexos vomitivos nas pessoas que me escutam. Em Portugal, onde a imprensa, na sua totalidade, tem a noção da dignidade da sua nobilíssima, missão, isso seria impossível, mas se alguém nas suas colunas se atravesse a difamar qualquer país amigo ou aliado pagaria caro tal imprudência.
Sr. Presidente: as províncias ultramarinas têm ultimamente sido visitadas por personalidades das mais variadas nações, umas com fins de intercâmbio comercial e outras como observadores minuciosos de tudo o que por lá se passa, pois aula lhes é ocultado, para cabalmente se desempenharem das suas perscrutadoras missões.
Embaixadores de grandes países acreditados junto de nós e que por lá têm viajado sem o mais ligeiro percalço devem ter informado minuciosamente os seus governos com verdade e isenção. É tempo, pois de nos deixarem, de uma vez para sempre, trabalhar em paz para a prosperidade do País, que tão largo contributo deu já e continuará a dar ao progresso da humanidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os nossos caluniadores podem entreter os seus sócios lançando os olhos para o que lhes vai por casa, não se intrometendo com quem não os prejudica, nem critica as suas formas de governo ou de administração. Até parece que um Portugal em paz e progresso num Mundo em convulsão ... é um escândalo inconcebível!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: o País falou alto e claramente e o eco das manifestações populares deve ter ultrapassado as suas fronteiras, repercutindo-se por todo o mundo civilizado. Mas se ainda não chegou a toda a parte, daqui, neste alto organismo do Estado, representativo de todas as parcelas do Império, diremos que Portugal é uma nação livre, que vive à sua maneira, que democraticamente referendou a sua Constituição Política, escolheu o Chefe do Estado e os seus representantes parlamentares, que tem as contas em dia, que progride em para sossego orientada pela mão firme e segura de geniais chefes, que não afronta ninguém, que trata igualmente os seus til lios sem distinção de cor ou religião, que cumpre escrupulosamente as cláusulas dos seus tratados, que a tive escancaradamente as portas a todos que desejarem visitá-la, sem restrições do qualquer espécie, salvo o respeito devido às leis do País e a não ingerência na sua política interna, que só a portugueses dia respeito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Em face, pois, das calúnias e infâmias bolçadas pelos «russófilos» de todo o Mundo em jornais e na O. N. U., saibam todos esses senhores que a bandeiras das quinas, que hoje flutua no continente, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas, continuará a drapejar altivamente no topo dos mastros e só será arriada para cobrir os corpos dos últimos portugueses mortos na
defesa da terra que é sua e da civilização crista que os norteia.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Saraiva: - Sr. Presidente: entre muitos cartazes e bandeiras que a multidão agitava na impressionante manifestação lia dias realizada em Luanda, podia, ver-se um com estas palavras: «Que o Mundo se convença de que somos todos portugueses».
Sobrevoavam o imenso mar de gente muitos pendões e dísticos com frases ardentes, afirmações de fé ardorosa nos destinos da Pátria, brados de destemor, protestos de fremente indignação contra injúrias o mentiras afrontosas. Mas talvez nenhum, tanto como aquele, exprimisse o sentimento que nestes dias tem feito estremecer os Portugueses em todas as províncias de Portugal: é preciso que o Mundo nos deixe trabalhar em paz, que nos deixe viver em paz as nossas vidas, prosseguir em paz o caminho da nossa história!
As atitudes tomadas na O. N. U. a nosso respeito patenteiam o mais completo desconhecimento das realidades portuguesas. E o rumo mais recente dos acontecimentos está a revelar como tal ignorância pode ser habilmente explorada por aqueles que outro objectivo não têm que o de se instalar nos vácuos que se espera que a Europa deixe na África negra para desse modo detentores de imensos recursos e novos apoios, poderem destruir em seu benefício o actual e relativo equilíbrio político do Mundo.