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10 DE DEZEMBRO DE 1960 125

rio, não esquecendo a meditarão do passado, nas lições e nos conceitos do presente.
O Porto enobreceu-se através dos tempos com os pergaminhos de uma velha e magnífica tradição de cultura clássica, inerente a uma vigorosa e reconhecida intelectualidade, inteiramente fiel no progresso e ao engrandecimento espiritual da grei, pela criação e manutenção de institutos, superiormente classificados e respeitados, onde o nível de ensino das ciências, das letras e das artes se mantivesse em sincronismo com o reconhecimento moderno das aspirações do espírito, impostas pela vida social de hoje e de sempre.
A restauração da Faculdade de Letras, na. sua função pedagógica, cultural, artística, em toda a beleza que encerra, tornou-se necessidade absoluta, que a consciência da Nação sentia na exigência cie uma base formativa sólida.
Perante a consumação de acto de tão alto merecimento, o Norte do País, cioso do seu passado, adquire circunstâncias de igualdade com outras regiões, circunstâncias bem merecidas e reclamadas na difusão, no conhecimento e no convívio de matérias professadas em organismos culturais similares do mais alto expoente.
A perturbação emocional causada pela extinção da Faculdade de Letras, que soube elevar-se às mais altas culminâncias do prestígio, seguiu-se largo período de descrença e desânimo, que, num acto de fé e de confiança, se polarizou em actividade de forte potencial, fundindo energias e vontades, procurando à luz da razão, com sólidos argumentos, valorizar uma aspiração de conteúdo espiritual, transbordando em virtudes e em conceitos, numa afirmação de culto pelas humanidades.
E, graças a Deus, supremo inspirador da verdade e do bem, a Faculdade do Letras do Porto será dentro em pouco uma realidade, inteiramente fiel às necessidades exigidas pela cultura clássica.
A velha Faculdade de Letras, a que deu vida e projecção o seu magnífico corpo docente, presidido pela robusta inteligência do notável e fecundo pensador, eminente filósofo, Dr. Leonardo Coimbra, extinguiu-se.
A memória do seu fundador e mestre insigne perdurará nas gerações que formou e na eternidade da obra que realizou.
A Faculdade será sempre lembrada pelo valor representativo dos seus méritos, simbolismo da época áurea que atravessou, mantendo vivo esse espírito glorioso o humano de Leonardo Coimbra, que a concebeu, na imortalidade do destino a que Deus o chamou, libertando-o da inquietação que o afligia e o dominava, no aceite confiante e sincero da doutrina cristã que o Evangelho encerra.
Uma Faculdade nova vai surgir, em época distante desse passado, animada pela mocidade e pelo fulgor dos novos mestres, criados e educados um princípios da mais alta espiritualidade, sementeira de doutrinas e de conhecimentos, inerente à evolução espiritual, dentro de um classicismo assente na moral, muna diversidade de aspirações e de anseios com base na- justiça e na razão.
O Mundo, na movimentação transformadora em que se lançou tão confusamente tenta novos cometimentos à custa de ideais bem contrários aos nossos sentimentos, de inteira firmeza perante a civilização cristã.
A inquietação em que vive leva-o, em determinado sector, a desprezar fórmulas consideradas arcaicas, como se a civilização moderna não comportasse já princípios e conceitos que a educação crista legou à humanidade e que terão a eternidade que a Providência lhe marcou.
Difícil é pois, o exercício de certas actividades culturais e espirituais, e graves responsabilidades vai na hora presente tomar sobre si a Faculdades de Letras. Mas fomos fé na selecção de valores que não participam dos que cometem a heresia, tremenda heresia, de negar o valor dos estudos clássicos em defesa das técnicas. Laboram em erro os que assim pensam, como se a matéria submetida ao sabor da técnica pudesse aniquilar ou supuriorizar-se às necessidades do espírito, que a domina na acção terrena e a liberta, reduzindo-a a pó, numa ascensão para o infinito.
O espírito da Faculdade será o espirito que lhe imprimirem, os seus mestres dentro dos processos, dos métodos e das doutrinas mais consentâneos com a função que são chamados a desempenhar, na cultura clássica de que a nossa mocidade está tão carecida.
A nova Faculdade será, porque todos nós o deseja-mos e o queremos, repositório de acção e de doutrina, de ciência e de fé, modelado na virtude e na sabedoria dos mestres, forjadores de carácter e cultores de inteligências.
Sr. Presidente: cumpre-nos neste instante fazer clara demonstração do nosso sentir, no reconhecimento, no respeito e na gratidão devidos ao Governo e ao seu tão eminente como glorioso chefe, o Prof. Oliveira Salazar, que, dentro da mais perfeita calma e da mais serena confiança, sem perturbação de espírito ou desfalecimentos de ânimo, estuda e resolve, a bem da Nação, os graves problemas que se lhe deparam, nesta larga e penosa caminhada tem que o grande, estadista e o País rio prestigiam e engrandecem.
Seja-me permitida uma referência muito especial e bem merecida ao Sr. Ministro da Educação Nacional, a quem o Porto e o País são devedores de tantos e tão assinalados serviços. E ião posso deixar no olvido o magnífico esforço desenvolvido pelo magnífico reitor da Universidade do Porto, Prof. Amândio Tavares, infatigável obreiro das ciências e cultor das letras.
Sr. Presidente: foi V. Exa. o grande amigo de tão difícil causa, podendo orgulhar-se do excelente contributo que dou a realização de semelhante vulto e grandeza para a vida cultural do Porto e do Norte do País. Tributando a V. Exa. o agradecimento que lhe é devido, peço-lhe licença para o tornar extensivo a todos os membros da Assembleia Nacional, destacando, como é de justiça, os Deputados pelo Porto, e envolvendo nele, pelo que vale e pelo que representa, o Prof. Mário de Figueiredo, nosso ilustre e reconhecido leader, a quem cumprimento e saúdo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As grandes causas são ganhas pelas grandes ideias, s foi o Governo, com a solução dada ao problema, quem vitoriosamente ganhou tão magnífica cansa, forte motivo ao reconhecimento e à gratidão da gente do Porto, da gente do Norte.
Aqui lho trago e lho afirmo, com expressiva sinceridade e com o maior, mais vivo e jubiloso agradecimento.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: nestes meses de intervalo parlamentar assistiu o nosso mundo a acontecimentos cujo grau de sensacional só a relativa frequência dos mesmos parece ter mitigado. Encurtaram-se os encontros (ou desencontros) entre os povos, e a facilidade que se oferece ao homem da rua na convivência com que se passa nas paragens mais distantes, permite perguntar se ainda haverá oportunidade em nossas preocupações para os pequemos