10 DE DEZEMBRO DE 1960 129
orgulha, colectividade em que o povo deixou de ser tropo de literatura política e não é mesmo uma classe, porque é aos nossos olhos a própria Nação.
Pois bem: volvidos cerca de doze anos, as belas palavras que tive a honra de recordar conservam todo o seu sabor e inteira actualidade e continuam a traduzir uma verdade incontestável.
Sob a orientação firme e esclarecida do Sr. Ministro das Obras Públicas, o surto de valorização da terra portuguesa é cada vez mais profundo e mais extenso; continuam a processar-se a ritmo inalterável um todo o território nacional realizações cujo alcance não é facilmente previsível, tantos são os benefícios que prometem e tão largas as perspectivas que abrem a novos e maiores cometimentos.
E, hoje como ontem, não é possível distinguir preferências por esta ou por aquela região, que todas elas beneficiam por igual do esforço construtivo do Governo, sem paralelo em qualquer outro período da dilatada vida da Nação Portuguesa.
Lembrarei, em breve apontamento, que a 27 de Abril de 1959 - data duplamente memorável na história contemporânea portuguesa - foi anunciada pelo ilustre titular da pasta das Obras Públicas, através de uma conferência de imprensa, a abertura do concurso para a construção da grande ponte sobre o rio Tejo, entre Lisboa e Almada; e já no ano corrente, quando o País celebrava jubilosamente mais um aniversário da revolução salvadora, surpreendeu-o a agradável notícia de que um despacho do Sr. Presidente do Conselho concedera a adjudicação provisório, de tão vultoso empreendimento à United States Steel Export Company.
Prosseguem, ao que leio nos jornais, as sondagens e estudos complementares com vista à, projectada obra, e estou certo de que a materialização do velho sonho do engenheiro Miguel Pais, que remonta a 1876, à qual andam associados os nomes prestigiosos dos antigos Ministros engenheiro José Frederico Ulrich e general Gomes de Araújo, como o do falecido engenheiro Barbosa Carmona, virá a ser um facto, um facto que, como tantas outras realizações que o cepticismo nacional já se habituara a considerar puras quimeras ou aspirações inatingíveis, atestará às gerações vindouras as inesgotáveis possibilidades do incomparável génio político de Salazar.
Sr. Presidente: guardo perfeita memória do histórico discurso proferido pelo Sr. Presidente do Conselho no ambiente de forte e sadia vibração patriótica e transbordante alegria em que decorreu, numa manhã dourada de sol e no magnifico cenário da lezíria ribatejana, a inauguração da Ponte do Marechal Carmona, em Vila Franca.
Dele recordo certo passo que profundamente me impressionou, o qual, pela porção de verdade que contém e pela justeza do asserto que proclama, deve estar sempre presente no pensamento e no coração dos Portugueses:
Estes são factos de hoje e parece que não de ontem. Nada estranho, por isso, que, ao procurarem-se as razões profundas e as origens das coisas, se encontre que, para além das notáveis realizações a suceder-se um ritmo crescente, superior à matéria bruta que as constitui e até à técnica que parece por milagre as faz surgir, alguma coisa as explica, as ilumina, as torna efectivamente possíveis - um pensamento, uma vontade, um estado, digamos a palavra - uma política.
Sem dúvida, se há coisas novas em Portugal, elas devem-se à clarividência e eficiência de uma política, toda votada aos supremos interesses da grei.
Aplauda-se, pois, essa política - política de verdade, política de sacrifício, política nacional -, que logrou operar, ao longo de três dezenas de anos e contra obstáculos o resistências de toda a sorte, o milagre do ressurgimento português, que, sem quebra de dignidade nacional nem rotura do compromissos externos, poupou a Nação aos horrores e destruições da última guerra e tem promovido triunfantemente a defesa, corajosa e intransigente de todas as parcelas de terra portuguesa esparsas pelo Mundo.
Aplauda-se essa política e exalte-se, o homem superior que a concebeu e possibilitou e tem velado incansavelmente pela sua sistemática execução: o homem superior e singular que há bem poucos dias nos honrou com a sua presença e, mais lúcido, mais sereno, mais firme do que nunca, aqui denunciou, com nobre dignidade, os graves perigos inerentes à política do transigência, de renúncia, de abandono - ia dizer política suicida - prosseguida por algumas nações do bloco ocidental, e, mais uma vez, a todos arrebatou pela clareza o disciplina do pensamento, pelo rigor lógico do raciocínio, pelo vigor da argumentação, pela elegância e serenidade da palavra, pela sua privilegiada capacidade de ajuizar e de prever.
E não se regateiem nem louvores nem reconhecimento aos ilustres e esforçados colaboradores do insigne Chefe do Governo na obra ingente de preparação, fortalecimento e salvaguarda das condições de paz, de ordem, de confiança, de trabalho e de progresso, sem as quais não há esforços que frutifiquem nem estadistas que consigam alcançar a hora alta da consagração e do triunfo.
Sr. Presidente: nesta quadra sombria e angustiosa da vida da Europa e do Mundo, quando nuvens e sombras, negras e ameaçadoras, se adensam sobre a nossa multissecular independência, soberania e integridade territorial, devem os Portugueses, sem distinção de cor, de credo religioso ou de condição social - todos os portugueses -, confiar sem reservas nas bem comprovadas virtualidades daquela política e na superior visão do homem providencial que, pela infinita graça de Deus, continua a inspirá-la e a conduzi-la e, esquecidos velhas agravos, disputas e querelas domésticas, amuos e quezílias familiares, cerrar fileiras em torno do Governo da Nação e do venerando Chefe do Estado.
Como em idênticas horas cruciais da nossa gloriosa história, importa que nos apresentemos ao Mundo, ao Mundo que não compreende - ou finge não compreender - as nossas razões e o nosso direito incontestáveis - Mundo enganado no Mundo enganador -, unidos, decididos, firmes, que a unidade, a decisão e a firmeza, que foram no passado o segredo e a razão da nossa grandeza e da nossa força, serão ainda e sempre o primeiro e o mais seguro esteio da continuidade da Pátria, Pátria eterna o imortal, porque berço de Nun'Álvares, do infante D. Henrique, de Camões, alfobre de heróis, de santos e de mártires, pátria de Salazar!
Disse.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: encerrou há poucos dias a exposição que o Ministério da Educação Nacional promoveu nas salas do Secretariado Nacional da, Informação, com os trabalhos executados nas nossas escolas técnicas, tomando como motivo central a figura do infinito D. Henrique. Desejo aqui dizer algumas