O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

130 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 181

curtas palavras para exprimir a minha satisfação por quanto nela me foi dado observar.
Numa espaçosa sala sucediam-se., em criteriosa escolha feita através das exposições parcelares realizadas em iodo o País, trabalhos nos mais diversos materiais, seleccionados pela originalidade da concepção, pela pureza e simplicidade da realizarão, e todos exemplificando uma técnica e processos didácticos adequados à metodologia do ensino. Era, pode dizer-se, uma demonstração irrefutável do nível atingido pelo nosso ensino técnico profissional, cuja acção se exerce sobre cerca de 100 000 alunos, distribuídos pelas 102 escolas existentes.
Muitos milhares de pessoas passaram por essa exposição e, se a algumas surpreendeu o nível de apuro técnico e a sensibilidade artística dos alunos, reflexo da acção de um corpo docente qualificado, não deixou de impressionar a maioria alguns dísticos, também expostos, em que, se transcreviam passos das instruções sobre, os programas postos em execução geral a partir de 1948.
De facto, Sr. Presidente, é altamente consolador verificar, nestes conturbados tempos em que a Nação Portuguesa refaz a gesta heróica de antanho, como o nosso ensino técnico profissional, destinado à preparação de operários e empregados, soube manter-se fiel às constantes da nossa vida de nação, atingindo quase o tom profético e sem dúvida procurando incutir na juventude o melhor espírito de portuguesismo. Não apenas se cuidou da aptidão profissional, não apenas se procurou criar o técnico; a preocupação foi também de não esquecer o homem, formando-o e moldando-o português. Uma vez mais, entre nós, o humanismo venceu!
Diz-se numa dessas frases, escritas para os novos programas do ensino técnico profissional em 1948: «Temos de refazer a «Jornada da índia» em caravelas de aventura, reconduzindo os heróis aos cimos lendários donde são, para que de lá, com remoçada voz, concitem de novo a juventude ao apreço dos grandes cometimentos». Todos sabemos, Sr. Presidente, através de que dolorosa experiência estamos a refazer a jornada da índia, e já nela andam antigos alunos do ensino técnico.
Noutra frase se escreveu: «Portugal continua fiel ao destino de fronteiro da Europa e oferece ao Mundo o exemplo da sua vida pacífica e construtiva. Que os novos portugueses levem da escola, para a viver e continuar dignamente, a lição da história da sua pátria». Que oportuna frase nos tempos de hoje, em que Portugal continua a oferecer ao Mundo o exemplo da sua vida pacífica e construtiva e, uma vez mais campeão do ocidentalismo, cumpre o seu destino de fronteiro da Europa. Os novos portugueses vivem e continuam dignamente a lição da história da sua pátria.
Assim também a viveram os alunos do ensino técnico profissional ao tratarem da vida e da obra do grande Henrique, como exuberantemente o demonstrou a reconfortante exposição que, por iniciativa do Ministério da Educação Nacional, esteve patente há dias nas salas do Secretariado Nacional da Informação. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Henriques Jorge: - Sr. Presidente: terminaram recentemente a poucos dias da reabertura desta Assembleia, as comemorações henriquinas, que em boa hora o Governo decidiu se levassem a efeito em 1960 - ano do 5.º centenário do falecimento do Gigante de Sagres. Decorreram essas comemorações entre 4 de Março e 13 de Novembro, datas dos aniversários do nascimento e da morte do infante, e assim não houve possibilidade de elas aqui serem mais destacadas, como mereciam e certamente seria desejo de todos.
Sr. Presidente: revejo, num desenrolar incessante, o curso dessas comemorações, através de cerimónias aliciantes do mais alto significado, que consecutivamente nos prenderam a atenção pela sua beleza e nos fizeram vibrar de justificado orgulho de, sermos portugueses; recordo o que me foi dado presenciar em memória desse grande criador de história - o infante D. Henrique - que construiu para Portugal um futuro com as dimensões do Mundo; e sinto, como imperativo da maior justiça, do mais estrito dever, aqui deixar consignada uma palavra de vivo reconhecimento ao Governo por essa acertada medida.
Ao debruçarmo-nos sobre o desenvolvimento das comemorações henriquinas, verificamos que elas tiveram o seu início, com uma sessão solene, nesta Casa, e o seu epílogo no Mosteiro da Batalha. Verificamos mais que, em ambiente de feriado nacional, elas começaram por festivas cerimónias de carácter cívico e de carácter religioso, nos principais locais do nosso império, e decorreram com excepcional elevação.
Quem visitou as Exposições Henriquinas em Lisboa e no Porto, onde elucidativas secções de cartografia constituíram verdadeiras lições da história dos Descobrimentos; quem nestas exposições observou o valor da obra do infante, a sua influência na arte de navegar e no traçado dos caminhos marítimos; quem comparticipou na inauguração do monumento de Sagres e enxergou a contornar o seu promontório o desfile naval de unidades da armada nacional, da nossa frota mercante e de dezenas de delegações de armadas estrangeiras, onde figuravam, a par das mais famosas unidades de vela que hoje singram os mares, como relíquias de um passado epopeico, modernas unidades das marinhas militares mundiais; quem assistiu à inauguração do Monumento dos Descobrimentos, em Belém, frente aos Jerónimos, onde a presença dos Chefes do Estado de Portugal e do Brasil, dos embaixadores plenipotenciários e de outras representações, lhe deu um cunho e imponência muito especiais; quem tomou parte no Congresso Internacional da História dos Descobrimentos, no qual a representação de numerosos países da Europa, América, Ásia e África, com elevado número de instituições científicas, de professores, de académicos, historiadores, geógrafos, etc., permitiu a discussão de assuntos relativos aos descobrimentos de todo o Mundo e a expansão de todos os povos; quem se deslocou à Batalha em 13 de Novembro e ali, nesse ambiente histórico e emocional, com as prestigiosas presenças do Chefe do Estado, do Cardeal-Patriarca de Lisboa, do Governo, do corpo diplomático e de altas autoridades, assistiu ao último acto destas comemorações; quem presenciou estas imponentes solenidades não pode deixar de se regozijar por tão acertada decisão governamental, pelas manifestações de exaltação cívica que originou e feição cultural de que se revestiu.
Estão de parabéns: o Governo, pelo plano que traçou e orientação que imprimiu às comemorações; as comissões, que delas se incumbiram e tão brilhantemente desempenharam as suas delicadas e espinhosas tarefas, e a armada nacional, pela esplêndida colaboração que prestou às comemorações, onde reevidenciou a sua actuação prestigiante e, mais uma vez, como nos tempos do infante, se tornou elemento de exaltação patriótica, testemunhando a nossa fé nos tradicionais destinos desta grande pátria de aquém e além-mar.