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580 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 210

Meditemos, agradeçamos. Mas, sobretudo, saibamos colher a lição magnífica do seu exemplo, e, com entusiasmo, com amor, com disciplina, cooperemos com ele para salvar a herança nobilíssima desta doce pátria, nossa mãe e nossa, glória.
Saibamos todos ser dignos de Sal azar.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: -Sr. Presidente: completou-se no dia 1 do corrente mês e comemorou-se no Domingo do Bom Pastor, com solenes cerimónias litúrgicas, o cinquentenário da ordenação sacerdotal do Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.
As bodas de ouro sacerdotais do Eminentíssimo Prelado não podiam deixar de ser, e são, motivo de grande regozijo pira a Igreja, e não apenas para a Igreja, mas para os católicos, e não apenas para os católicos, mas para toda a Nação.
É que ninguém desconhece o somatório das suas inestimáveis virtudes, os fulgores do seu privilegiado talento e o profundo saber revelados em cada passo do curriculum de meio século de vida exemplar toda consagrada à Igreja, ao bem comum, à ciência e ao ensino; tudo isto estruturando uma vultosa obra espiritual e de culto materializada em realidades fecundas.
Seminários, igrejas, reorganização paroquial, dignificação do múnus sacerdotal e formação e impulso da Acção Católica Portuguesa são outros tantos padrões que assinalam a sua acção objectiva no Patriarcado, desde 1929, reveladora daquelas notáveis qualidades que, aliás, já o distinguiram como sacerdote desde 1911 e no episcopado, desde 1928, e também no professorado.
Todo um surto de benefícios culminado pela consagração simbólica no monumento a Cristo-Rei.
Obra portentosa, cuja finalidade e alcance o Estado tem sabido compreender e acarinhar com relevante e eficaz concurso, que se fazia mister empregar.
Justíssimas são, pois, as homenagens que, por motivo do seu julileu, o Sr. Cardeal tem recebido do próprio Sumo Pontífice, de todo o episcopado português, dos párocos e dos paroquianos do Patriarcado. E julgo saber que as suas bodas de ouro sacerdotais vão ficar assinaladas perpetuamente de um modo condigno, que certamente constituirá a consagração mais bela e, simultaneamente, mais grata ao seu espírito e ao seu magnânimo coração.
Entendi, pois, que a Assembleia Nacional não devia ficar silenciosa perante aquelas justas e expressivas manifestações, e, por isso, aqui presto a Sua Eminência as mais si r cera s e respeitosas homenagens, neste seu ano jubilar.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cardoso de Matos: - Sr. Presidente: a situação do problema que há mais de um mês nos foi criado em Angola, em circunstâncias e com consequências que não é de irais destacar, impõe-me um dever, que entendo como obrigação: apelar de novo e sempre para todos os portugueses no sentido da conjugação incondicional de esforços que vão permitir-nos, assim o cremos, corresponder com dignidade e inteira justiça ao sacrifício que ali - nessa martirizada e heróica província - se está a fazer pela Pátria.
Um facto recente me cumpre destacar, não obstante a natural e justa repercussão que já teve: a remodelação ministerial, que levou à pasta da Defesa o Sr. Presidente do Conselho, à do Ultramar o Sr. Prof. Doutor Adriano Moreira, além de outras nos altos comandos do exército português.
Da boca do seu mais lídimo representante - que mais uma vez chamou a si o primeiro lugar nos sacrifícios pela Pátria, numa manifestação de admirável energia - ouviu Angola a palavra que esperava do Governo e dita por forma que a ninguém deixa dúvidas sobre os seus propósitos:

Um só dia pode poupar sacrifícios o vidas - é necessário não desperdiçar desse dia uma só hora.

E acrescentou Sua Excelência:

... para que Portugal faça lodo o esforço que lhe é exigido a fim de defender Angola e com ela a integridade da Nação.

A eloquência destas breves palavras resume em si todo um elevado propósito, que Angola compreendeu e a que se agarrou, crente da acção que se lhe seguirá e por que tanto ansiava.
Quase simultaneamente, os Srs. Ministros do Ultramar e do Exército e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas manifestaram o paralelismo dos seus propósitos, e imediatamente passaram à acção que concretizará a palavra de ordem: acudir a Angola num esforço conjunto de toda a Nação, sem regatear sacrifícios, inadmissíveis no estado de guerra, em que devemos considerar-nos em presença dos ataques impiedosos que nos foram desferidos.
No prosseguimento das resoluções manifestadas, intensificou-se o auxílio a Angola no campo militar - já que todas as medidas económicas que se tomaram não virão a ter significado real nem concretização útil em definitivo enquanto não for restabelecida a paz nos espíritos e a segurança para todos, brancos e pretos, permitindo o recomeço do trabalho, virtude maior dos portugueses de Angola, com o qual, quase exclusivamente, têm contado e lhes tem proporcionado o desenvolvimento que deram àquela nossa grande província.
Com a intensificação do envio de reforços por via marítima, que vai prosseguir; com a tentativa de criação de uma ponte aérea, que também esperamos se concretize em breve; com a redução das pelas burocráticas, enquanto se não eliminam, prometida pelo governador-geral - que nesta emergência tem procurado enfrentar a crise -, cremos não exagerar afirmando que a confiança foi restabelecida, onde estava prestes a desaparecer, mercê da, pelo menos, aparente apatia com que se encarava a difícil e precária situação de Angola.

oi um reanimar de esperanças a que é mister dar jus, intensificando os auxílios, conjugando esforços, aplicando todos os recursos, concitando todas as boas vontades - todas as boas vontades -, que, estou certo, não deixarão de manifestar-se assim que a metrópole alcançar mais a exacta noção da gravidade do momento e a consciência perfeita do quanto importa resolvê-lo.
Já aqui tivemos oportunidade de dizer que, sem as medidas militares que levem ao restabelecimento da tranquilidade, necessária ao prosseguimento do trabalho em Angola, nada se poderá fazer, e o que se fizer será em vão. E, portanto, o primeiro e o mais instante problema a resolver, mas há que não perder de vista, ao mesmo tempo, a situação económica e intensificar as medidas já preconizadas para a resolver.
A interligação dos problemas militar, económico, social e político é tão estreita e as causas e os efeitos