O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7 DE FEVEREIRO DE 1963 2009

Sr. Ministro do Ultramar, pudesse cumprir a missão ordenada e simultaneamente contactar com as autoridades locais, forças vivas e a população da Guiné, resolvendo assim a embaraçosa situação em que me encontrava como Deputado.
Sei que V. Ex.ª está empenhado em solucionar esta lacuna da lei, que, a não ser resolvida, poderá continuar prejudicando a actividade de alguns Deputados ultramarinos que têm a sua residência oficial fora do círculo que representam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O assunto está entregue em boas mãos e por isso estou confiante na boa e rápida solução do caso.
Sr. Presidente: facilitada pelo Sr. Ministro do Ultramar a minha viagem e graças à gentileza do então governador da província, pude percorrer a Guiné de lés a lés, tomando contacto com grande parte da população de todas as etnias, auscultando os seus anseios e procurando conhecer os problemas locais mais prementes.
Percorri as regiões de Bafatá, Gabu e Farim, reino dos fulas e mandingas, as duas tribos mais alegres e evoluídas da Guiné e que, enquadradas outrora entre os nossos soldados, contribuíram para a pacificação da província e hoje, com o mesmo entusiasmo e patriotismo, auxiliam os bravos homens das nossas forças armadas a destruir os focos de actuação de elementos terroristas das terras do Sr. Seco Turé.
Atravessei a região dos aguerridos oincas e visitei Bissorã e Mansoa, terra dos balantas, rebeldes nos tempos idos, mas que hoje, completamente integrados na nossa soberania, atestam bem a nossa colossal acção civilizadora.
Visitei a região dos manjacos e estive em Cacheu, padrão de glória da nossa obra de pacificação, terra do grande Honório Barreto, dilecto filho da Guiné e seu ilustre governador, exemplo máximo de patriotismo e a quem se deve, em grande parte, a manutenção da nossa soberania em várias regiões da província.
Estive na região dos felupes e em S. Domingos assisti à cerimónia do içar da bandeira nacional, a confirmar a nossa presença secular mesmo nas zonas fronteiriças.
Sobrevoei o arquipélago dos Bijagós e tive a oportunidade de rever a riqueza potencial dos seus palmares, que, só por si, chegariam para proporcionar nível de vida elevada aos naturais daquelas ilhas, se um sopro de vida fizesse retomar a sua laboração normal ao complexo industrial instalado numa das ilhas.
Visitei Catió, o celeiro da Guiné, rica e progressiva região para onde emigraram alguns balantas de Mansoa para ali porem à prova a sua capacidade produtiva na cultura do arroz, embora mantendo os tradicionais e rudimentares instrumentos de trabalho.
Atravessei as regiões de Fulacunda e Cubisseco, terras férteis e eleitas pelos aborígenes mais evoluídos para as suas explorações agrícolas e onde os bandos de terroristas estão procurando subverter pela intimidação as populações nativas, mas que, felizmente, estão sendo rechaçados pelas nossas forças armadas.
Fiz paragem em Bolama, antiga e histórica cidade, hoje meia adormecida em face dos golpes sofridos com a mudança da capital, e que necessita de ser sacudida para sair do sono letárgico em que está mergulhada e retomar a importância a que tem jus.
Estacionei, finalmente, em Bissau para fazer um rápido balanço de tudo o que tinha visto e apreendido e para tomar contacto com as entidades superiores da Administração e transmitir ao primeiro magistrado da província os anseios e aspirações da população.
Em todos os pontos por onde passei tive a oportunidade de apreciar o sentimento patriótico e o acrisolado amor que toda a população da província tributa à Nação e é-me grato trazer a esta Assembleia a certeza do portuguesismo das gentes da Guiné, mesmo nesta hora de incertezas em que vivemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, por me referir à hora difícil e de incertezas que neste momento atravessa a Guiné e em que o comunismo internacional, através dos seus sectários com base na República da Guiné, procura subverter as populações do Sul da província por intensiva propaganda e outros processos extremistas em que não é excluída a própria intimidação, quero aproveitar o ensejo para prestar o meu profundo respeito pela memória dos civis e militares que já perderam a vida nesta luta inglória contra as hordas criminosas que ensanguentaram e continuam a ensanguentar algumas das nossas províncias ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desejo prestar também as minhas homenagens aos bravos soldados e agentes da ordem, aos incansáveis e muitas vezes incompreendidos funcionários administrativos e a toda a população civil, que corajosamente tem dado combate decisivo aos focos do terrorismo e obstruído a sua infiltração nas zonas fronteiriças.
Que o portuguesismo e a tenacidade dessa plêiade de gente lusa, sem distinção de raças ou cores, sirvam não só de rumo a certos cépticos que não acreditam que Portugal deve e pode ficar em África, mas possam igualmente despertar a atenção de todos os bons portugueses para o facto de que essa permanência só é possível, sem as implicações que um permanente estado de guerra origina, se se combater eficazmente o clima de desconfiança que, infelizmente, se está esboçando na Guiné e já assume proporções. assustadoras noutras províncias ultramarinas, sobretudo entre o elemento dominante e as camadas mais evoluídas da população nativa, quer seja branca, mestiça ou negra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Há que recuperar a confiança fraterna que sempre existiu em todos os nossos territórios de além-mar e não se queira ver nos portugueses ultramarinos, só pelo facto de serem da Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Angola ou Moçambique, autênticos elementos subversivos ou amantes da. autodeterminação.
Procure-se pelo contrário ver neles verdadeiros portugueses, tão bons como os seus irmãos da metrópole, dentro da correspondente camada social, possuidores dos mesmos defeitos, mas igualmente portadores das mesmas virtudes.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não se classifiquem, a priori, de subversivas ou antiportuguesas certas atitudes mais apaixonadas que alguns deles possam tomar, muitas vezes devido a situações de desfavor a que porventura são votados, por circunstâncias alheias à sua vontade e que os levam a manifestar certos sentimentos que alguns classificarão de nacionalismos exacerbados, mas que eu talvez preferisse