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2936 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 118

António Jóice reviveu-os todos naquela data festiva, principalmente quando as mãos fraternais de um orfeonista lhe lançaram sobre os ombros uma capa velhinha, a mesma que ele tanto amara!
Entoou-se então espontaneamente, em intensa comunhão de alma, o velho Amen, que saiu vibrante e belo como se ele o tivesse ensaiado!
Esse coro de tantas vozes chegou ao mais alto dos céus!
Certamente o ouviu ali alma de António Jóice, que lho mandou cantar para si o Senhor Deus, pelo coro dos Seus querubins e serafins!
Perdõe-se-me a evocação saudosa, mas para quem se sinta dominado pela magia da vida académica de Coimbra a figura de António Jóice, que se continua na glória imortal do Orfeão que tanto engrandeceu e tão bem regeu, ao desaparecer junto de nós, não é um mero decesso de mais uma vida humana!
Ë por isso que o facto agora se vem recordar, quando, de mãos erguidas, se pede para a sua alma de justo o repouso junto do trono do Senhor!
Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua o debate acerca do aviso prévio sobre a reforma do Código Administrativo.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Santos da Cunha.

Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: se V. Ex.ª me permite, e tenho a certeza de que o vai permitir, porque todos nós conhecemos a generosidade que o caracteriza, desejava esclarecer alguns pontos e factos que a mim próprio me preocupam.
Um Sr. Deputado numa intervenção que ontem aqui fez produziu considerações que até certo ponto serão paralelas com as que vou passar a fazer.
A Câmara poderá notar o facto, mas não terá, na verdade, de estranhar, pois fomos ambos criados à mesma lareira onde crepitava forte a chama do amor pátrio.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vivemos no mesmo lar onde a benignidade do chefe era exemplo para todos nós e onde a devoção pela coisa pública e o temor de Deus tinham relevância na educação que recebemos.
Não é, pois, de estranhar que aqui, alguns anos passados, empurrados pelo destino, nos apresentemos senhores, das mesmas preocupações e dominados pelas mesmas angústias.
Se V. Ex.ª me consente, direi ainda uma palavra de agradecimento ao Sr. Deputado Augusto Simões pela oportunidade do seu aviso prévio, que nos permitiu trazer aqui essas angústias, essas preocupações. Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sr. Presidente: não sei se foi obra do acaso, se do alto sentido político de que V. Ex.ª é portador, o facto de ao largo debate sobre a nossa política ultramarina suceder a discussão do aviso prévio de que nos estamos ocupando.
De uma maneira ou de outra, o certo é que os dois problemas estão, para mim, profundamente ligados, pelo que não hesito em afirmar que toda a matéria que estamos debatendo bem poderia caber na discussão do aviso prévio que, com flagrante oportunidade, apresentou o antigo Ministro e digno Deputado Sr. Dr. Veiga de Macedo.
Ressoam ainda nas paredes desta sala - e o País, mais atento do que alguns podem julgar ao que aqui se vai, passando, delas tomou conhecimento com geral concordância - as afirmações vibrantes e claras de alguns dos mais ilustres Deputados que, com o aplauso entusiástico de todos nós, se referiram à política que o País tem firmemente seguido em defesa dos territórios portugueses de além-mar.
Continuaremos, sem tibiezas, na nossa política de permanência e fazemo-lo confiadamente, pois sabemos que como o afirma o egrégio Prof. Doutor Marcelo Caetano, ao prefaciar um livro que recentemente veio a lume, «as gerações presentes e futuras podem inspirar-se no exemplo de serenidade dado pelo homem que preside aos destinos de Portugal e que na nossa história avulta como uma das mais extraordinárias figuras de governante que nos foi dado possuir».

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Também eu, como o eminente homem público e figura de primeiro plano na vida nacional que escreveu as palavras que transcrevo, «não pertenço ao número daqueles para quem há pessoas que têm sempre razão e, por temperamento e por formação, defendo a liberdade de exposição e de crítica das ideias, dos princípios e das formas», e por igual entendo que, em momentos decisivos para a Pátria, como o que estamos vivendo, «é uma felicidade haver alguém em quem se possa fazer acto de fé e depositar confiança para resolver, sobretudo quando essa confiança é merecida por todo um já largo passado de experiência e de competência».

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não pode haver português que tenha bem vivo o seu amor à Pátria, que ponha em dúvida a necessidade de mantermos bem firme, sejam quais forem os sacrifícios que nos venham ainda a ser impostos, a nossa bandeira em terras de África.
Ninguém, absolutamente ninguém, que de português queira manter o nome, sem precisar de outro título ou de outro apelido, pode deixar de sentir orgulho em que este país na sua firme determinação se tenha tornado aos olhos do Mundo, a exemplo do lendário estudante alsaciano, «pequeno pigmeu tornado atleta».
O que se torna necessário e é urgente que se faça, Sr. Presidente, é criar as condições indispensáveis para que essa posição continue a ser mantida até que os ventos da história -que afligem uns tantos e a cuja violência e efeitos não podemos negar valor- desapareçam e possa assim à tempestade seguir-se â bonança, ou seja, neste caso: à mentira, a verdade, à hipocrisia nas relações internacionais, a lealdade no convívio das nações, ao ódio e aos interesses mercantis que nos vêm de mais que uma latitude, a compreensão e a justiça devida a um povo a que mais do que a nenhum outro se deve que o Mundo se tenha tornado maior e a mensagem de Cristo fosse levada a todos os continentes.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Para isso há que consciencializar cada vez mais a Nação, dar ao País pleno conhecimento das suas