O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7 DE MARÇO DE 1964 3531

dade bonito, todos, e com o apoio de toda a região, apresentar na próxima sessão legislativa um projecto de lei que desse cabal solução ao problema.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Quando V. Ex.ª diz «dos distritos de Viana e Braga», por que não englobar toda a província de Entre Douro e Minho?

O Orador: - Adiro a essa ideia, que para mim seria excelente, mas, confesso, o óptimo muitas vezes é inimigo do bom.

O Sr. Costa Guimarães: - V. Ex.ª apelou para mim, e eu tenho que lhe dar o meu incondicional apoio para essa projectada iniciativa de estudo.

O Orador: - Muito obrigado; isso dá-me uma grande satisfação, pois V. Ex.ª é uma pessoa de real prestígio na sua terra.
Já aqui nesta Câmara abordei o assunto; há dias, num almoço regional na Casa do Minho, a que assistiram importantes individualidades dos dois distritos, defendi novamente a ideia. De uma e de outra vez encontrei a maior compreensão e simpatia.
Só assim, na verdade, seria possível uma valorização a sério do problema turístico do nosso Minho, que, para fazer valer o que vale, terá de ser uno e indivisível.
Há problemas comuns a resolver que só assim o poderão ser, volto a dizê-lo.
A cobertura hoteleira não poderá esquecer, para já, a região de Basto com uma pousada, e a Penha, a estância de largos e belos horizontes, com um bom hotel, bem como Barcelos, que se situa numa encruzilhada magnífica, com outra pousada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Devem ser aproveitadas as estalagens que a Hidroeléctrica do Cávado construiu em tempos, apelando daqui para a sua administração, nomeadamente para o seu ilustre presidente, que à cidade do Porto prestou altos serviços - e quem diz ao Porto diz ao Norte -, pois entendo que a Hidroeléctrica do Cávado, permitindo a utilização das suas pousadas e das suas barragens e fazendo destas centros piscatórios, muito poderia fazer em prol do turismo no Norte, sem prejuízo de qualquer espécie para a função específica que lhe compete.

O Sr. Costa Guimarães: - Não esqueça V. Ex.ª a pousada sobranceira à albufeira da Caniçada, que está fechada.

O Orador: - Não me fale em coisas tristes Sr. Engenheiro!
Risos.
Temos de acautelar a cozinha portuguesa da invasão que a vai destruindo. O seu sabor inconfundível, a sua característica especial, não podem ser desprezados. O turista gosta de comer e de beber bem. Para tal deveriam os desdobráveis, que o Secretariado Nacional da Informação costuma editar, incluir gratuitamente reclamos aos restaurantes e hotéis que se comprometessem a incluir nas suas ementas pratos regionais e a apresentar, devidamente engarrafados, vinhos das respectivas regiões.

O Sr. Carlos Alves: - E cozinha vegetariana também!
Risos.

O Orador: - Este ponto dos vinhos tem grande importância. São sempre um cartaz a despertar interesse ao visitante e, no Verão - e é no Verão que eles mais aparecem-, os meus vinhos verdes não se aguentam muito tempo em pipa aberta. E por muito que isso doa aos devotos desse magnífico vinho que é o Dão, o vinho verde no Estio é aliciante, pelo muito que refresca a goela de turistas encalorados.
Risos.
Sr. Presidente: desejo também chamar muito especialmente a atenção das entidades competentes para a necessidade de activar a propaganda turística na nossa vizinha Espanha.
Há dias, alguém que ,aos problemas de turismo se tem dedicado apaixonadamente, com especial carinho e estudo, nomeadamente nas colunas do diário portuense Primeiro de Janeiro, refiro-me ao jornalista Daniel Constant, dizia-me: É ali, é na Espanha que temos o grande terreno onde podemos caçar grande número de turistas. É necessário - dizia-me ele - que em Madrid se estabeleça uma forte central que irradie por todos os centros do país vizinho e torna-se igualmente necessário -disse-o ontem .aqui de uma maneira admirável o meu ilustre colega e amigo Sr. Eng.º lieis Faria - que o Governo Português autorize os nossos cônsules em território espanhol a facilitar a entrada de estrangeiros que, de- visita a Espanha, queiram visitar Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não me parece que nisso tenhamos inconvenientes, vista a comunidade de interesses culturais e ideológicos que unem as duas nações, pelo que deveríamos confiar na triagem que nuestros hermanos fazem à entrada das suas fronteiras (risos). Também deveria - tem isto o maior interesse - ser abolido o passaporte entre Portugal e Espanha, a exemplo do que sucede entre a França e a Inglaterra, com as reservas naturais, como seja a dos jovens em idade militar.
A corrente turística espanhola seria irreprimível, ninguém o duvide. Manifesto neste ponto a minha discordância com o ilustre Deputado avisante. É ainda dentro desta ordem de ideias, e repetindo o pedido de abolição do passaporte entre Portugal e a Espanha, que eu peco, e isto no interesse dos povos da região do Norte, que seja feita uma bem estudada propaganda em toda a Galiza, de modo a atrair os povos do lado de lá do Minho - não esqueçamos que a Galiza é das regiões espanholas uma das de maior densidade demográfica em visita ao Norte do País.
Para o efeito impõe-se também, como várias vezes tem sido pedido, a abertura da fronteira no Gores e em Lindoso. O Minho e a Galiza são irmãos, deixai-os livremente namorar, clamou o poeta, já que os pais não lhe deram licença para casar.
Dois povos que se respeitam, com destinos diferentes, mas que tudo aconselha bem se conheçam através de um melhor intercâmbio turístico. Para a propaganda turística na Galiza poderíamos desde já contar com a ajuda eficiente dos Centros Portugueses de Vigo e da Corunha e com a amiga Associação da Imprensa Luso-Galaica.
As autoridades da Galiza por mais de uma vez têm demonstrado desejos de franca colaboração nesse sentido, permitindo-me destacar de entre todas, e com real simpatia e saudade o faço, o actual ministro espanhol Solis Ruiz. quando exerceu as funções de governador de Pontevedra. O intercâmbio turístico entre a Galiza e o Minho poderá desenvolver-se, de preferência, em épocas fora de ponta, o que não seria difícil e seria extremamente