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7 DE MASCO DE 1964 3535

E ficámos surpreendidos - porque não o esperávamos - de ver tanta coisa bela e de real interesse para o turismo nacional!
As igrejas de Santa Maria Maior, da Misericórdia, da Madalena e românica de Outeiro Seco, as capelas da Lapa, do Calvário, de S. Roque e da Azinheira, os Santuários de S. Caetano e de S. Pedro de Agostém, os Castelos de Chaves, de Monforte de Rio Maior e de Santo Estêvão, os Fortes de S. Neutel e de S. Francisco, a ponte romana sobre o Tâmega, tudo são jóias arquitectónicas, excertos da cultura, da arte e do engenho dos nossos maiores, pedaços da sua alma, fulgores do seu espírito, sinais perenes da sua vitalidade e potencialidade criadora, que, para regalo e êxtase dos nossos sentidos, puderam sobreviver ao dobar dos séculos e afirmar-se hoje como motivos sagrados da nossa contemplação e respeito!
Mas há também a Chaves actual, com aspectos modernos, progressivos, a tornar mais apetecida a estada do turista.
Abriram-se novas e amplas avenidas, acelerou-se a construção civil, fizeram-se parques e jardins, promovem-se todos os anos as grandes festas da cidade em honra de Nossa Senhora das Graças, lançou-se nova ponte sobre o rio Tâmega, cujas margens, adentro da cidade, foram embelezadas, desafrontou-se a velha ponte romana de todo o inestético casario que a asfixiava em ambas as extremidades, restituindo-a à sua majestosa traça primitiva, construíram-se bons hotéis, com capacidade para acolher, sem atropelos, o número sempre crescente dos frequentadores das águas termais, ergueram-se imponentes edifícios públicos, valorizou-se a estância termal com a construção da buvette, dos balneários, do parque relvado, das piscinas de água quente e fria, de campos para jogos, de pavilhão de dança e diversões e de um espelho de água no rio, a permitir a prática do remo. Por outro lado, existem na cidade vários cafés, restaurantes, pensões e snack-bars, além de uma estalagem de 1.ª classe e de um magnífico cine-teatro recentemente aberto ao público, e que é o maior e melhor de toda a província. À noite, luz eléctrica a jorros inunda a cidade inteira, com focos especiais a iluminar os monumentos, e tudo a provocar um feerismo de bom gosto, que a todos agrada e prende.
Mas quem não quiser sair à noite terá, do mesmo modo, assegurado em casa um bom divertimento: a televisão.
De nitidez incomparável, com programação da melhor e possibilidade de captação das emissões espanholas, a televisão em Chaves constitui um dos elementos de valorização turística da região.
Há depois a variada e bem abastecida mesa flaviense, que faz as delícias gastronómicas de quem visita e pára na cidade; Portugal, de lés a lés, conhece o seu presunto inconfundível, as suas típicas alheiras, os seus saborosos folares e pastéis de carne! E precisa de conhecer ainda os seus bons vinhos, as suas frutas e as suas hortaliças de qualidade.
Regalo dos turistas e tentação dos aquistas, esse primoroso lote de especialidades regionais impõe, na verdade, que a passagem por Chaves se faça com lentidão conveniente e por forma a permitir que decorram sempre pelo menos oito dias!
Outros aspectos, no entanto, merecem ser realçados, pelo que representam de atracção para o turista exigente.
Um parque de campismo com todas as comodidades e situado em local aprazível, à beira-rio, na periferia da cidade, aguarda aqueles que preferem gozar mais de perto as dádivas de uma natureza sempre pródiga e dia a dia a desfazer-se em amenidades de clima, em alvoreceres e entardeceres de surpreendentes efeitos, em incomparáveis luminosidades e transparências, em brisas suaves, quietude, paz!
Mas o turista, por via de regra, não se atém apenas a, contemplação e repouso. Ele é activo, dinâmico, descontraído - como agora sói dizer-se. Pois tem aqui as melhores possibilidades de dar largas à sua ânsia de movimento e desporto.
Pode nadar nas piscinas de Chaves e Vidago, pode jogar golf e ténis, pode praticar hipismo, pode patinar, pode remar, pode fazer montanhismo, pode caçar e pode pescar. Neste último capítulo da pesca, há de notável a dizer que todos os rios e ribeiros da região são truteiros, com apreciáveis contingentes das respectivas espécies, com repovoamentos periódicos, com fiscalização aturada e, sobretudo, com o povo educado no sentido de não matar o peixe com bombas e venenos!
E esta é, como não podia deixar de ser, outra das grandes atracções turísticas da zona.
Para completar o quadro deve referir-se que, com base de partida em Chaves, podem dar-se agradáveis passeios num raio de 50 km, por excelentes estradas alcatroadas, com visitas à famosa estância termal de Carvalhelhos, à simpática vila de Boticas - onde é quase obrigatório almoçar trutas fritas com toucinho, no típico Restaurante Santa Clara, à grande barragem dos Pisões, com a sua extensa e formosa albufeira, à progressiva vila de Valpaços, com os seus inigualáveis vinhos tintos de mesa, e a Montalegre, com as suas serras agrestes, as suas carnes verdes de qualidade sem par e a preciosa relíquia do seu castelo seiscentista. E isto sem falar em curtas digressões a Espanha, ali a 10 km, onde a convivência com nuestros hermanos fronteiriços se processa ao nível de muita compreensão e amizade.
Aqui se calou o nosso cicerone, conhecedor e amável, para nos lembrar que eram horas de jantar e sugerir que no dia seguinte, antes de partirmos, devíamos subir ao alto de S. Lourenço, na serra do Brunheiro, sobranceiro à cidade e à sua veiga, e dali, do miradouro que a comissão de turismo mandou construir, contemplar um dos mais extraordinários espectáculos que nos é dado apreciar em terras portuguesas.
Ao jantar, servido a primor, e que decorreu em maré alta de satisfação, os do grupo que tinham ido a CarvaIhelhos e outras povoações limítrofes relataram circunstanciadamente as suas visitas, sendo unânimes em afirmar que a região era digna de ver-se.
No dia imediato foi o regresso, péla estrada de Braga, a atravessar toda a zona das grandes barragens hidroeléctricas, numa sucessão de contrastes paisagísticos verdadeiramente surpreendentes, e assim a fechar um circuito turístico de eleição, que não receia confrontos com quaisquer outros, entre fronteiras, por mais afamados e propagandeados que sejam!
Resta acrescentar, numa última nota desta idealizada viagem, que alguns dos nossos companheiros ficaram em Chaves mais uns dias, porque, segundo confidenciaram, vinham sentindo desde há tempos algumas dores reumáticas e queriam aproveitar a oportunidade para se libertarem de vez desse quezilento mal, com o recurso às águas das famosas Caldas; outros preferiram regressar de comboio, e tomaram uma veloz automotora, que, em menos de duas horas, os transportou à Régua; outros, finalmente, optaram pela via aérea, dada a urgente necessidade de estarem em Lisboa na manhã desse mesmo dia, e foram tomar o respectivo avião ao aeroporto da Campina, que serve Chaves e todas as estâncias termais da região.