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29 DE JANEIRO DE 1965 4417

Este minério encontra-se em céu aberto, sem dependência de minas, galerias e furos profundos.

O que é pobre aqui é rico na grande Europa!

A parte indesejável de sílica e de fósforo pode baixar por meio de operações apropriadas.

Depois disso, o minério pode ser concentrado, peletizado, expedido, descendo até ao Douro navegável ou à linha férrea renovada e adaptada a tais serviços.

Fazer indústria à boca das minas - e não são minas, são serras - significa lutar contra a miséria, a pobreza, a fraqueza económica, as perdas pela expatriação, a sangria daquelas regiões, a tristeza do Nordeste transmontano.

Tem o Governo gasto - com a melhor das intenções - avultadas quantias pelos seus altos institutos em bolsas de estudantes e universitários no estrangeiro, com uma isenção e um desprendimento sumamente elegantes.

Não se pode evitar - também engordou assim alguns enfatuamentos que condensaram em crisol de hostilidade, libertando-se de todo o dever de gratidão.

Pois acho que o Governo faria bem mandando estudar o milagre económico dos Alpes Franceses. E alguns bolseiros deviam ser para ali mandados.

A indústria pesada nasceu, criou-se, progrediu e cresceu nos Alpes Franceses porque se impôs o consumo local da sua energia, em vez do seu transporte à distância.

Mas a localização não foi sómente determinada por esta, mas porque ali, nas suas dobras e refegos, se encontraram grandes fontes de matéria-prima e se adensaram as florestas. Onde havia massas abundantes de minério de ferro aí se procedeu ao seu fabrico.

Primeiramente fundiu-se, depois concentrou-se, a seguir elaborou-se e fabricou-se e por fim aparecem a produção do aço fino e a metalurgia aperfeiçoada.

O primeiro lugar pertenceu à matéria-prima, o segundo à proximidade da energia e o terceiro à existência de combustível.

Produzem-se hoje eixos, rodas, molas, chapas, laminados, blindagens. A electrometalurgia nasceu, ganhou corpo e vê-se hoje mais que florescente.

O exemplo facultado por uma siderurgia triunfante, que é a da Itália, permite responder, por via diversa, aos que levantam dificuldades à utilização imediata dos minérios do Roboredo e receiam tecnicamente os empreendimentos de vulto colocados no seu lugar.

A Itália não possui minas abundantes, não dispõe de apreciáveis existências de lenhas e carvão, mas dispõe nos seus Alpes e Apeninos de energia hidroeléctrica que lhe permitiu fazer rodar os seus comboios quase sem despesa de impulsão.

Todavia, a sua indústria siderúrgica e a sua metalurgia afinada dão cartas, não obstante ter que comprar minério e sucatas.

O exemplo italiano prova de menos e prova de mais.

Prova de menos - mostrando que técnicas aprimoradas e resolutivas e, sobretudo, técnicas avançadas, obtêm resultados brilhantes onde pouco se poderia esperar.

Prova de mais - que onde houver fontes de matérias-primas e aprovisionamentos de energia hídrica não se devem tolerar problemas ou perplexidades.

Há actualmente uma viragem nos centros fabris e comerciais internacionais com os seus laivos de crise de procura.

Alteraram-se as características dos mercados da especialidade e, com elas, as alturas de preço e facilidades habituais de negócio; alteraram-se as colocações.

A moda anterior eram gusas aglomeradas em pedras ou em blocos com 10 em de aresta e teores de 50 por cento. A sílica aceitável andava por 10 por cento e Moncorvo apresentava mais.

Agora pedem minérios concentrados de 65 por cento e com 4 por cento de S.O, de peletizados e sinterizados.

Resultaram assim estorvos e complexidades postos às exportações e até perda de mercados muito prejudicial.

As perspectivas do minério de ferro de Angola diferem bastante do que aí corre.

Tem ele que vir em carregadores de 20 000 t, para colocação na economia mundial.

Hão-de descarregá-lo no Cristo-Rei para ser embarcado nos batelões e fragatas tradicionais do Tejo.

Terão depois dificuldades ao passar em Coina, na direcção do Seixal.

Um rebocador arrastará uma, duas fragatas do Tejo, quando muito, o que embaraça.

Mas Angola, como Moncorvo, quer concentrar o minério, elevar-lhe o teor para facilitar o transporte e acentuar os lucros.

Os meus elementos de estudo são incompletas, embora copiosos quanto à economia regional, e datam de Maio de 1961.

Parece-me prematuro afirmar que, por virtude do projecto de uma ou duas eclusas, o Douro vai-se tornar rapidamente navegável e os demais problemas aparecerão solucionados.

Não devemos julgar o cavaleiro pelas botas.

Aguardemos pacientemente que as entidades responsáveis se pronunciem com clareza e amplitude sobre um tema que nos entusiasma, mas que não contém o elixir capaz de abater teclas as nossas dificuldades.

Deste lugar peço às entidades declarações políticas persuasivas e esclarecedoras sobre uma matéria que tanto lida com as nossas aflições como assenta nos nossos sonhas mais caros!

Sr. Presidente, muito obrigado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Foi-me permitido por V. Ex.ª, ao conceder-me a palavra na sessão de 24 de Janeiro de 1962, que abordasse nesta Assembleia o problema da falta de apoio, por parte do Estado, aos "centros populacionais de portugueses que, em todo o Mundo, nas mais distantes latitudes, podem e devem ser os grandes agentes da nossa verdade com que, no estrangeiro, temos- de fazer face à ofensiva que, contra nós, sem descanso, se desenvolve".

Apelei então para o prestigioso Ministro dos Negócios Estrangeiros e é-me grato, profundamente grato, dizer que não foi em vão que o fiz, pois o embaixador Franco Nogueira não só providenciou com eficácia em alguns aspectos do problema, como, contrastando com aqueles que se encerram nas suas torres de marfim, fechando os ouvidos às justas reclamações e críticas que são feitas aos departamentos de sua responsabilidade e apesar da importância dos assuntos que lhe cabem, e das inúmeras e pesadas responsabilidades que sobre ele pesam, encontrou tempo para, por sua espontânea iniciativa, me receber e escutar de uma maneira fidalga e atenta, pelo que aproveito esta oportunidade para lhe dizer do meu reconhecimento, interpretando assim, estou disso certo, o de todos os Srs. Deputados, que não deixarão de ver nesse facto, como eu uma nova prova do respeito e consideração daquele ilustre governante pelo mais alto órgão da soberania nacional, pois nem sequer tinha o prazer de conhecer S. Ex.ª pessoalmente. E aproveito a circunstância para