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4420 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 182

No tocante à aflitiva falta de sacerdotes, o nosso venerando Episcopado não pode deixar de encarar esta situação e, embora com sacrifício das suas próprias dioceses, têm que providenciar no sentido de enviar para Fiança padres que permitam uma assistência eficaz aos nossos emigrantes.
O Governo deve, materialmente, auxiliai esse esforço que eu peço aos bispos de Portugal e criar as escolas a que acima me refiro, que devem funcionar com cursos nocturnos e de fins de semana, sempre em ligação com as missões católicas, e dar aos secretariados sociais, a criar os elementos necessários para que estes possam opor-se aos secretariados que criou o Pai tido Comunista Francês, de rígidos por portugueses renegados, alguns deles fugidos ao serviço militar.
Os professores a nomear para as escolas a que me refiro têm de ser portadores de uma sólida formação religiosa e nacional, de modo que possam encabeçar o movimento laico que auxilie os sacerdotes nos objectivos em vista, que são comuns à Igreja e à Pátria.
Na verdade, é imperioso que se foi me um laicado actuante que possa estabelecer verdadeiros centros de irradiação lusíada.
A Missão Católica de Paris, até agora deficientemente instalada, está em vias de se albergar num prédio que oferece já um mínimo indispensável aos objectivos que se têm em vista São, por isso, devidos louvores ao Governo, que está auxiliando a instalação e é sinal de que o mesmo, estando senhor da situação, tem, como não podia deixar de ter, a necessária receptividade para as considerações que estamos fazendo.
O que se torna evidente é que não podemos ficar a meio do caminho e é imprescindível, através de uma colaboração estreita entre o Estado e a Igreja, efectivar uma obra que possa fazer face à emergência grave que se depara na nossa frente.
Em conclusão não me compete a mim mais do que denunciar um mal que se agrava, pois temos que ter em conta que, de ano para ano, vai aumentando o número de portugueses em França e a desproporção dos meios acentua-se, como é evidente
Deve criar-se uma entidade central coordenadora de todos os esforços, que estude o problema em toda a sua extensão O Governo terá que lhe dar todo o apoio, apoio que não poderá deixar de se traduzir num forte auxílio material.

O Sr Augusto Simões: - V Exa. a dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr Augusto Simões: - V Exa. tem estado a focar, com a elevação que lhe é peculiar, os glandes problemas da emigração.
Tenho estado a ouvir V Exa. com toda a atenção, mas não acha, também, V Exa. que parte dos proventos dos trabalhadores que se encontram no estrangeiro deveriam ser depositados em bancos ou instituições portuguesas para, quando amanhã esses emigrantes retornarem ao nosso convívio, naturalmente diminuídos pelo trabalho árduo que têm, terem as suas economias e não virem a constituir para nós um peso tremendo?
Não acha, pois, V Exa. que deveria constituir-se um fundo nestas condições, que estaria à sua disposição, para que futuramente todo o nosso emigrante tivesse como que a garantia do seu futuro?

O Orador: - Acho muito bem e até agradeço a lembrança de V Exa., mas eu estou apenas a focai alguns aspectos que suponho do maior interesse.
Julgo, porém, que os Governos Português e Francês estão a tratar do assunto, que é, realmente, da maior importância. E isto para que se não diga que eles comem a carne e nos deixam os ossos!
Sabemos que o caso dos emigrantes portugueses preocupa seriamente as autoridades religiosas francesas, pelo que estas não deixarão de colaborar connosco, nomeadamente na criação de paróquias nacionais.
S. E o Cardeal Ferretto, conforme foi lembrado no Congresso das Comunidades Portuguesas, afirmou que onde a emigração se tiver tornado estável é obrigação dos ordinários providenciar para a criação dessas paróquias. Sabemos, por igual, que o momento é de sérias dificuldades financeiras, que o Governo tem sabido dominar com maestria, mas não escondemos a nossa convicção de que se trata de um investimento largamente produtivo, pois ti ata-se nem mais nem menos do que de impedir que amanhã sejamos surpreendidos por uma quinta coluna descristianizadora, com os seus incalculáveis malefícios Somos um povo cristão e não nos podemos demitir das responsabilidades que, como tal, sobre nós impendem.
Somos um povo com responsabilidades históricas que tudo fazemos por poder projectar no futuro, e, para isso, há que defender a saúde espiritual da grei, que neste caso todos sentem estar seriamente ameaçada.
Por vezes e por vezes muito justamente todos nos agastamos quando a nossa posição de pioneiros da lei de Custo não é suficientemente reconhecida ou exaltada, mas temos de confessar que nem sempre possuímos a suficiente autoridade para, como tal, nos impormos, dada a passividade que demonstramos em certos aspectos da vida social e cristã.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por exemplo não por culpa do Estado ou da Igreja, mas por culpa das elites de uma nação que se diz católica, é desoladora a nossa posição missionária.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Quantas famílias aristocratas ou burguesas têm filhos seus ao serviço das missões, em terias do ultramar? O espírito de sacrifício não é da nossa época.
Não será este facto, pelo seu aspecto negativo, denunciador de uma falta de espírito cristão na família portuguesa?
Muitas terão resgatado agora essa falta com o seu tributo de sangue na guerra que nos foi imposta.
E no problema da educação, acaso a voz dos pontífices e dos bispos tem sido suficientemente escutada? A este assunto voltarei em breve, se V Exa. mo consentir.
O problema dos nossos emigrantes por esse mundo além, nomeadamente em França, e a este me referi detalhadamente por ser o de maior acuidade, é um problema missionário e um problema de educação.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Saibamos ao menos neste caso cumprir plenamente o nosso dever de portugueses e de cristãos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado