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7 DE ABRIL DE 1965 4701

São de vulto as perdas de grandes áreas de culturas e em grande número as aldeias que deixaram sem abrigo as populações rurais.
Sofreiam também avultados prejuízos várias plantações de sisal, cujos reflexos muito se farão sentir na economia da província, por o seu valor de exportação, em divisas estrangeiras, ser de elevado montante, orçando normalmente pela ordem dos 40 000 contos anuais.
Os centros urbanos também não foram poupados à inclemência dos temporais, sofrendo enormes danos de difícil reparação pela exiguidade das verbas camarárias, o que os coloca em situações aflitivas.
Sr. Presidente: O Norte da província de Moçambique, já desde há tempos atacado nalguns pontos por mercenários exportados do Tanganhica contra as nossas populações, a que os bravos soldados dão luta, protegendo heroicamente a integridade dos nossos territórios e das almas que os povoam, constitui já de si uma constante preocupação e um desgaste financeiro bastante elevado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Porém, não obstante a intranquilidade e desassossego causados por este clima cheio de apreensões, devemos afirmar que tais inimigos jamais conseguirão aniquilar ou afrouxar sequer o ritmo de trabalho e vontade inexcedível de progredir que todos sentem cada vez mais e põem à prova em prol do desenvolvimento daquela nossa província.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Existe em todos nós o maior âmbito e uma vontade indómita de prosperar, apesar destes contratempos, e todos constituímos uma coesão ímpar, que representa uma cerrada frente de vontades conducentes no desenvolvimento daquelas terras onde vivemos e que consideramos a nossa própria terra natal.
Temos de aceitar estes desaires com a maior resignação, com a maior coragem devemos olhar bem de frente para o futuro, agindo sem tibiezas nem desfalecimentos, para que alcancemos a finalidade a que todos nos devotamos e que a Pátria exige.
Tudo quanto se fizer em seu favor não poderá ser levado à conta de sacrifício e toda a obra resultante seja de que natureza for, reverterá em benefício da flectindo-se na grandeza da Nação.
Sr. Presidente: Pelas várias notícias, tento como particulares, sabemos que os prejuízos registados em todo o Norte de Moçambique atingem proporções de modo alarmantes, situação que a província só por si, dificilmente poderá resolver com os seus recursos, sem correr o risco de comprometer as verbas orçamentais já destinadas a obras consideradas de primeira necessidade em relação ao seu desenvolvimento económico.
As estradas por onde se processa o escoamento dos produtos destinados à exportação foram bastante danificadas e nalguns pontos continuam completamente interrompidas.
Aldeias indígenas, em número ainda desconhecido, desapareceram e sementeiras sem fim foram arrasadas pelas cheias.
Algumas plantações de sisal foram de tal modo danificadas que a sua recuperação exigirá milhares de contos.
Os centros urbanos foram cavados pela força das incessantes e arruamentos e passeios foram destruídos.
É, em suma, um vasto território bastante danificado que carece de uma reconstrução rápida e sólida, para que a vida regresse à normalidade e as populações sintam a mão protectora do Governo a ampará-las carinhosamente, impedindo-se deste modo que venha a desencadear-se uma propaganda torpe e miserável que os nossos inimigos - inimigos da paz e da ordem - costumam pôr em prática em casos desta natureza para atingir determinados fins

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A província carece, por isso, de mais um auxílio maternal do Governo Central, auxílio que eu me permito formular em nome daquela província, para que rapidamente possamos levar alento às populações flageladas e às actividades atingidas, que constituem o fulcro económico daquelas regiões.
Impõe-no até o panorama político moçambicano da hora presente.
Dirijo-me também ao Banco Nacional Ultramarino, cujos dirigentes, cônscios da responsabilidade que nos cabe como colonizadores, no sentido mais elevado da palavra, sempre souberam ocupar posições de alto relevo no desenvolvimento e progresso de Moçambique.
A esta instituição cabe, em prosseguimento da sua grande obra realizada em toda a província, prestar o seu maior auxílio a quem necessite de recorrer a créditos especiais para a recuperação dos seus bens, que são, em boa verdade, autêntico património da Nação, pelo seu valor representado na economia moçambicana.
Com o auxílio do Governo da metrópole e do Governo da província, uma política de créditos por parte do banco Nacional Ultramarino e uma inexcedível boa vontade de todos quantos ali vivem e trabalham por um Portugal maior reconstruiremos sem perda de tempo, como se impõe, tudo quanto foi destruído e daremos aos nossos irmãos negros do Norte de Moçambique rápidas possibilidades de uma nova vida feliz, numa obra que servirá de lição a quantos ousam ainda acusar-nos de um colonialismo que sempre repudiámos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente vai-me V. Exa. permitir que antes de iniciar as minhas considerações, diga alto da dor que se apoderou do meu coração ao escutar as palavras de V. Exa. em que comunicou, com bem visível mágoa, à Câmara o falecimento do Eng.º Cancella de Abreu.
Recebi da sua mão provas de confiança e palavras de alento da sua boca. Era um grande e nobre camarada, que combateu lado a lado comigo muitas vezes. Disse lado a lado propositadamente. Ele tinha posição e estatuía para estar na frente, mas procurava o convívio daqueles que, como ele o soube fazer, bem sabem lutar pelos objectivos da Revolução Nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: A importância verdadeiramente relevante que o problema da pesca desportiva tem no nosso país já por mais de uma vez foi, dentro desta Assembleia devidamente destacada.
Seria, no entanto, injusto que, ao pretender, embora muito ao de leve, referir-me mais uma vez a este magno assunto, não lembrasse a actuação verdadeiramente notável do então ilustre Deputado Sr. Dr. João Cerveira Pinto ao apresentar o seu aviso prévio sobre a pesca desportiva,