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10 DE MARÇO DE 1967 1413

Vem isto a propósito de investigação de base e investigação aplicada.
A primeira, pela profundidade de conhecimentos que requer dos investigadores e pelos meios laboratoriais de quase eliminadas dimensões, a investigação de base, restringe se sobretudo aos países de grande fôlego industrial técnico e financeiro repare-se para onde vão - com honrosíssimas e admiráveis excepções- os Prémios Nobel!
A investigação aplicada, essa pratica-se em cada dia e a cada momento, na vida corrente de todos nós.
Sejamos, pois, razoáveis não pretendamos jogo de entrada o difícil- quase impossível. Dirijamo-nos, sim, para o tangível.
Dispomos hoje de um laboratório já célebre em todo o Mundo o Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Ele é citado como exemplo de um país que, não sendo rico nem grande soube marcar em grande a sua posição no mundo da engenharia civil.
Pois foi um laboratório [...], desde o princípio, para produzir, realizar trabalhos. Ao longo da sua existência, a investigação da base se for paralela e harmoniosamente processando.
Honra e louvor aos homens notáveis que um tal laboratório criaram, organizaram e souberam guindar ao nível do prestígio de que desfruta hoje.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- E quanto à industria? O Instituto Nacional de investigação Industrial está a desenvolver actividade admirável, embora menos conhecida do País.
Para além da actividade dos seus laboratórios e secções de estudos gerais ou de base e dos laboratórios especializados o I.N.I.I. desenvolve importantíssima acção de assistência a indústria nacional, não só no campo da técnica, como também no aspecto humano.

O Sr. António Santos da Cunha:- Muito bem!

O Orador:- O programa Formação I.N.I:I. 1967 enuncia as acções de formação e aperfeiçoamento sob a forma de colóquios, cursos e seminários sobre produtividade de um esforço bem integrado e persistente, realizado à escola nacional, com o objectivo firme, norteado, de conduzir a nossa indústria para moldes modernos eficientes.
Repara-se no programa de há uma ou duas décadas os engenheiros eram um lixo o contramestre dirigia a fábrica o patrão administrava avaramente.
Recordo-me de um verdadeiro «escândalo» dessa época uma empresa metalomecânica contratava 25 engenheiros.
E essa empresa marcha agora na vanguarda das suas congéneres.
Ainda hoje se encontram disparidades tremendas, em indústrias do mesmo ramo na percentagem de engenheiros por operários na gerência técnica.
No sector laboratorial, a situação é francamente má.
Retraem-se os patrões nos investimentos.
Na realidade, eles não são reprodutivos logo, a muito curto prazo. Por outro lado, o risco é enorme sem o contrôle rigoroso das matérias-primas, sem o côntrole das fases de fabrico, sem a calibração dos instrumentos de medida, onde está a garantia da qualidade do produto?
Os riscos de insucesso vão-se acumulando e todos nós conhecemos alguns de retumbância.
Deixando para trás- ou para muito acima!- o problema da investigação de base pusemos para a frente a investigação aplicada modestamente a projecto e o contrôle da qualidade.
Admito que nem todas as médias ou pequenas fábricas possam dispor de laboratórios adequados os gastos gerais não seriam comportáveis.
Associam-se então o Estado e o particular.
Além do I.N.I.I., o Estado dispõe necessàriamente de laboratórios nas suas Universidades, em diversos serviços técnicos nos seus estabelecimentos fabris, etc.
Pois bem fomentem-se, desenvolvam-se esses laboratórios e abram-se ao particular em base económica e funcional.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- Podem dizer-me que já assim se faz os laboratórios do Instituto Superior Técnico, da Faculdade de Engenharia do Porto da Fábrica Militar de Braço de Prata e outros- e aqui envolvo todos quantos assim actuam- têm abertas as suas portas à indústria privada.
Tal não chega, por três motivos:
1.º Estarem insuficientemente equipados para satisfazer os requisitos da indústria actual,
2.º Falta de maleabilidade e prontidão no executar dos trabalhos,
3.º Serem bastante desconhecidos do público quanto às suas reais capacidades técnicas.
Dispomos de uma organização corporativa para a indústria nacional utilizemo-la, façamo-la funcionar no campo do contrôle da qualidade.

O Sr. António Santos da Cunha:- Muito bem!

O Orador:- O Estado e a Corporação da Indústria devem dar-se as mãos no facultar de meios laboratoriais, no exílio técnico. Em particular, no contrôle da qualidade dos produtos sobretudo para exportação, que hoje é imprudente deixar à mercê de alguns industriais pouco esclarecidos ou- o que é mais grave- sem vigilância preventiva, a oportunistas sem escrúpulos.

O Sr. Pinto de Mesquita:- Muito bem!

O Orador:- Integremos os nossos parcos recursos técnicos e aproveitemo-los ao máximo. Faça-se um inventário dos recursos laboratoriais existentes no País, indicando as suas possibilidades o modo como o industrial lhes pode Ter acesso e as condições económicas da sua utilização.
Não interessa discutir onde se localizam esses recursos, quais os Ministérios a que pertencem ou as empresas felizes que os possuem.
Em base comercial de gestão auto-suficiente, utilizemo-los sem duplicação conducentes a baixo rendimento, através de um planeamento global há padrões instrumentos de medida, meios de ensaio que chegam para todo o País ao nível da unidade.
Outros, pela frequência do emprego, pela distância ao local de trabalho, requeriam multiplicações.
O que é preciso é evitar que se usem instrumentos de medida descalibrados- com as óbvias e desastrosas consequências- ou que para a sua calibração tenham de ser enviados ao estrangeiro os largos períodos de «fora de serviços» são ainda mais inconvenientes que a despesa envolvida.
Laboratórios de produção fiadores da qualidade do trabalho abramo-los ao industrial português que quer erguer cabeça para competir no estrangeiro, para já, e evitar que o mercado interno português seja mundado pelo pro-