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10 DE MARÇO DE 1967 1415

nho Estranho, pelo [...], indumentária, acento atípico de uma linguagem híbrida, uma Lorni muito mascavada e inçada de semitismos e helenismos.
Sr. Presidente: É discreta mas activa esta personagem Lança ou impulsiona um movimento singular e suspeito para muitos, original e misterioso que divide as opiniões e as comunidades dá que falar ao povo e aos intelectuais, desde Tácito a Suetónio, Ocasona. Ocasiona alarmes nas sentinelas, intervenções dos magistrados, consultas dos governadores, decretos dos legisladores, acções nos porteiros, prisões e execuções pelo fogo ou pelas setas, pelo cutelo ou pela espada.
E chegou também a vez do peregrino. Enquanto tombava e rolava a cabeça de outro atleta, cabouqueiro e coluna da «ordem nova«, o discreto arauto que mudaria de profissão, deixando de pescar peixes no mar da Galileia para pescar homens nas margens do Mediterrâneo, era crucificado em Roma, como um escravo criminoso, e, a seu pedido, de cabeça para baixo, segundo refere Orígenes. Os homens conseguem mobilizar os braços dos homens, mas não podem sustar os movimentos de Deus.
Por isso a morte do peregrino não logrou matar o movimento que ele representa na Terra.
Sr. Presidente: A data deste histórico acontecimento, sangrento e profundo, permanece algo incerta. Eusébio de Cesareira, o célebre historiador do século IV, íntimo e admirador agradecido e algo subserviente de Constantino, situa a morte de Simão Pedro no ano 67. Mas a distância, a brunia dos séculos a variedade de cronologias e de estilos cronográficos da época suscitaram algumas hesitações. O facto, inecusavel, pressupõe a vinda do Príncipe dos Apóstolos a cidade dos Césares. E ela nunca foi posta em dúvida, senão no século XIV, por Marcelo de Pádua, movido por sentimentos de hostilidade ao Papado e apoiado em argumentos negativos, contra uma tradição constante e assente numa cadeia de argumentos positivos, documentais e arqueológicos. Os protestantes converteram a dúvida negativa em negação formal, sistemática e interessada.
Há muito, porem que os protestantes sérios ou com mais responsabilidades culturais, desde Greseler a Harnack, começaram a desistir de continuar no caminho de uma negação sem fundamento e sem glória. E o último golpe nestes preconceitos e calculado cepticismo foi a descoberta após laboriosas escavações na cripta do Vaticano, cientificamente [...]entadas por especialistas, do túmulo de S. Pedro. Descoberta oficialmente revelada em 1931 por Pio XII, de veneranda e santa [...].

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- Entre os achados nas escavações conta-se a inscrição [...] da pela arquiologia italiana Margharita Guarducci «Aqui faz Pedro». Ao testemunho, milenário do sangue juntava-se agora o testemunho, também milenário das cinzas, em prova da presença e actividade de Pedro na Urbe. Quanto à data do martírio, ainda não foi possível chegar a uma conclusão definitiva. O 1867 foi considerado e celebrado ano centenário nos [...] tempos de Pio IX. E 1967 também o será como já foi oficialmente anunciado pelo actual sucessor de Pedro, Sua Santidade Paulo VI.
Sr. Presidente Simão Pedro Viera do Jordão para o Tibre, depois de uma pausa, na sua marcha para Ocidente, em Ant[...]oquia, cosmopolítica cidade de maio milhão de habitantes, uma das grandes encruzilhadas das gentes do planeta e onde, pela primeira vez, os discípulos de Jesus foram conhecidos pelo nome de cristãos e, também pela vez primeira a Igreja de Cristo foi chamada católica pela pena de Santo Inácio Mártir, na madrugada do século II.
Mas Roma era então a cabeça e o coração do Mundo. E sem mudar a cabeça e o coração do Mundo na vida. Por isso, Pedro vai directo ao coração e atira-se à cabeça Cabeça eterna - Roma e a «cidade eterna» - de um império construído para a eternidade, a mais sólida axpressão política da estabilidade e o maior expoente da força e da administração racionalmente organizadas que o mundo ocidental tinha capturado.
Sr. Presidente: Os [...] do Império eram ainda fumes, embora nas vigas que seguravam o tecto já se vissem os sinais do martelo do bicho da madeira pronuncio da futura derrocada. Outro sinal da derrocada futura era a autoridade Ter caído nas mãos de cadastrados. No Palatino, depois de Augusto - que se revelara maior em mostrar-se «senhor de si mesmo» do que em se tornar «senhor do mundo» -, surge uma galeria de figuras patológicas, monstros imbecilizados no crime.
De todos foi Nero síntese refinada Sede[...]ta de sangue e de vingança, esta fera humana devorou o pacato Burro, que lhe moderava as fúrias, e chamou a conselheiro das suas crueldades T[...]no, o famigerado tigre.
Não obstante, os rios de ouro do Mundo continuam a correr para Roma. E arrastam no caudal o trigo e a púrpura, a ociosidade e o luxo, as jóias e as cadeias dos escravos. Na cidade cujas ruínas ainda hoje são belas embelezadas de jardins e valorizadas por solicito bom gosto, e onde blocos de mármore antigos, vista cerca de um milhão de [...] humanos, dos [...] dos quais eram escravos, cerca de 30 000 dançarinas! Nesta colossal colmeia humana integrava-se uma comunidade particularista, constituída por 50 000 judeus, homens de negócios e artífices. E todos sentiram a responsabilidade e a glória o orgulho de encabeçar o mundo de 60 milhões de seres humanos dispersos por três milhões de quilómetros quadrados.
O diálogo não era fácil. Começado com os compatriotas, acabaria por ser repelido em tumultos e cenas de violência, apoiada esta na difamação sistemática. E os Romanos seguir-lhes-iam o exemplo. Mas o pescador não desalenta, não desiste , persiste. E, quando as ondas se levantam aqui retira-se para ali. Se lhe fogem os cardumes das redes, estende a linha sobre as águas.
Sr. Presidente: As dificuldades não eram só estas. No gigante com pés de barro havia todo um formigueiro de germes de corrupção. Esta, nos entanto, não há-de medir-se apenas pelas críticas de Juvenal Suetónio ou Luciano, nem pelas paisagens literárias de Apulero ou Petrónio. Como hoje julgaria muito mal a sociedade portuguesa quem a visse apenas pela literatura de [...], pela sátira quenosiana ou pelos quadros e figuras desfiguradas e desfigurantes, de certos lavrantes ou arqueólogos da língua materna.
Uma inscrição dos tempos de Trapano revela que, em 181 recém-nascidos 179 são legítimos, e apenas 35 são meninas. A estatística mostra como se desembaraçam de estorvo dos bastardos e das raparigas. A Grécia pela pena de uma das maiores potências do pensamento universal, dividia os homens em duas classes, os livres e os escravos por natureza, que não apenas por condição jurídica.
Marco Aurélio, o «santo» do estoicismo latino, chama aos judeus «raça tumultuosa e malcheirosas». Máncton, no Egipto, escreve que os Judeus são «descendentes de um cão leproso e mal curado». Por sua vez, os rabis da