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1414 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 79

duto estrangeiro, quando, em breves anos, se efectivarem as integrações de mercados em que inevitavelmente teremos de participar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Fala-se muito em produtividade, em rendimento, em quantidade, infelizmente - e com raras excepções -, muito pouco preocupa a qualidade.
A marca da qualidade enquanto não for possível fazê-la garantir através dos serviços, oficiais, resta como única defesa do produto honesto apor ao seu produto a sua marca, a marca do fabricante.
Eu admito, eu concordo em que a proliferação de marcas de um mesmo produto é nefasta para a exportação Conhecemos todos nós, porém, os resultados maléficos das caixas sem marcas individuais, de contingentes envolvendo produtos do graus de qualidade bem diferenciada.
A união faz a força Não deixemos, porém, que uns se esforcem e outros se deixem rebocar: há sempre quem saiba viver à sombra!
Como exemplo de colectivismo desejável, além da utilização de laboratórios, trago-vos um exemplo que me tem tocado bem de perto a manufactura de calibres do fabricação.
Com raras excepções, a nossa indústria não praticava até há poucos anos o emprego de calibres de verificação rápida faziam-se as medidas - quando se faziam! - com instrumentos de leitura, calibrados alguns uma única vez na sua vida, isto é, ao saírem do respectivo fabricante.
Abre-se a exportação, fabricações em grandes séries e toca de importar calibres a preços astronómicos (sabe-se quanto custa lá fora a hora de mão-de-obra, e um calibro de fabricação é sempre uma encomenda especial, fora de série).
Pois bom há organizações fabris nacionais que se equiparam, que dispõem de técnica apropriada para a fabricação da maioria dos calibres necessários Falhas, porém, de um programa de encomendas, essas organizações nem sempre se dispõem - e é natural, pela perturbação causada - a satisfazer requisições eventuais.
De novo o corporativismo reúnam-se as indústrias, dialoguem - quanto custará ao País tantos saudáveis surdos-mudos! -, e não será difícil encontrar a solução.
Cerca de um quarto de século de prática de engenharia, a maior parte no chão das oficinas, não desanimou, antes em mim fez radicar a confiança de que seremos na indústria - à parte aquela muito grande, exclusiva de poucos - aquilo que verdadeiramente soubermos querer.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que o meu depoimento de hoje seja tomado como incentivo, isento de dúvidas ou incertezas.
Recordemos, porém, que a vida é um jogo quando as vontades se opõem - é o caso da concorrência -, os jogadores - os empresários - devem revestir-se de duas qualidades difíceis - eu concordo - de coexistirem no mesmo homem inteligência e prudência.
Inteligência no sentido de explorar mercados, descobrir novas aberturas, competir, satisfazer melhor na concorrência, em preço e qualidade.
Prudência no sentido de reconhecer que o competidor é tão inteligente como nós, que não está dormindo nos seus louros, nos observa e não desculpará o mais pequeno erro.
E, sendo assim - com inteligência e com prudência -, nada de dúvidas ou tibiezas.
Quando, por vezes, nos abalançamos a trabalhos novos e avançados na técnica, chegam vozes lá de fora - e até algumas cá de dentro - , com o seu tanto quê de reprovador, de tácita superioridade negativista, de quase pasmo pelo atrevimento do arrojado ignorante que é lá capaz de fazer o que anda a apregoar.
Inteligência e prudência, confiança e solidariedade não vejo limites paru a nossa indústria naquilo com que a Providência nos dotou de forte a maravilhosa mão-de-obra e o talento do homem português.
Indústria esperança mais próxima da elevação do nível de vida de nós todos. Apoiemo-la com todos os nossos meios, com raciocínio, e até com a sensibilidade. Cremos um clima de confiança aos que têm dado ou pretendem dar um passo em frente, para que eles sintam que não estão sozinhos, paia lhes dar coragem e compreensão.
Que não haja disputa, argumento, entre agricultores e industriais não há lugar para escolha ou prioridades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agricultura é o seguro que a Nação tem de pagar em cada dia para que nas guerras que hão-de vir - e a história mostra bem que elas chegam sempre, é uma questão de tempo! - a sobrevivência esteja assegurada.

O Sr Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - Há que pagar esse prémio, esse seguro.
Se a indústria remunera melhor o seu trabalhador - e este facto é uma constante em todo o Mundo - , na indústria se tribute o preciso para que aos trabalhadores da teria se dê um nível de vida e do conforto equivalente todos são iguais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que se eleve ao máximo a eficiência da agricultura, como tão inteligentemente tem sido advogado nesta Câmara, mas, se limite ao necessário em quantidade um excesso não seria, social ou economicamente, justificado.
E, como sempre e ao cabo, na empresa pinada ou na empresa máxima - a Nação - , o planeamento integrado dos meios e dos fins.
Para que do emprego adequado de uns e da formulação nacional do outros se consiga, se obtenha, se atinja o melhor rendimento do conjunto.
Com persistência, boa vontade e dialogando, tenho a certeza de que tal conseguiremos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr Henriques Monta: - Sr. Presidente. Têm sido oportunamente assinalados nesta Câmara centenários de acontecimentos relevantes e de personalidades em nentes, nacionais e universais. Também hoje evocarei aqui uma grande figura que pertence à humanidade Devemos-lhe muito! Mais e muito mais que a Sócrates, Platão ou Arquimedes! Mais e muito mais que a Dante, Camões ou Shakesperie! Mais que ao infante D Henrique, a Moise ou Pasteur. Não era membro de qualquer areópago de imortais. Não era homem de cúria, nem de escola ou academia, mas de letras gordas, quase analfabeto, de pele tisnada, sulcos fundos no rosto, cabeça mal guarnecida de cabeleira decadente, sandálias nos pés e armado a um bordão. Chega até nós sem aparato de embaixador, como um peregrino, discreto e algo estra-