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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 2502

nada há a recear quando a coragem e o sentimento das causas justas animam a conduta dos homens e a consciência das nações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As soberanias não podem manter - se: apenas pelas armas. Precisam da adesão consciente dos povos que tutelam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A maneira como o Chefe do Estado foi recebido pelas populações da Guiné e de Gabo Verde prova também que se não fosse o fermento vindo de fora a insídia, o despeito, a ambição, o propósito de usurpar direitos legítimos, todo o Portugal africano seria, completa e integralmente, terra fecunda de paz e trabalho.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Mais um grande e inestimável serviço prestou à Nação o Sr. Almirante Américo Tomás. A sua presença correspondeu na Guiné, onde tantos chefes e régulos se orgulham da sua qualidade de portugueses, e em Cabo Verde, junto de uma população dócil, simples e leal tão afeiçoada à nossa maneira de ser, à própria à mais qualificada presença do Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Falou com os grandes, e com os pequenos, com os chefes e com os humildes, dirigiu palavras de conforto nos que sofrem, parou frequentemente para acarinhar as crianças e, por vezes, os impulsos sentimentos embargaram-lhe a voz e o poder de expressão.

Se n personalidade do Chefe do Estado é naturalmente valorizada pelos nobres atributos e qualidades que a distinguem, ficam agora enriquecida, com o conjunto de impressões que se lhe gravaram profundamente na alma o que para sempre viverão no seu pensamento.

Estamos certos que o momento mais alto da sua visita foi quando o Chefe do Estado se encontrou entre as forças armadas. Estas guardam as fronteiras da Guiné contra o terrorismo e ocupam posições cimeiras na defesa do Portugal ultramarino. Ali estão altas patentes do Exército, da Marinha e da Aviação. E estão os nossos serranos, os rapazes das cidades e das oficinas, os que saíram das escolas e das Universidades para cumprirem o dever militar. Nos seus uniformes adaptados à coloração do terreno, suportando as agruras do clima, as dificuldades naturais nas comunicações a traição no ataque, quotidianamente arriscam vida para que a Pátria continue e sobreviva. Não há certamente, palavras bastantes para enaltecer os feitos dessa mocidade generosa que todos os dias ergue novos marcos de heroísmo, bem dignos de se colocarem ao lado dos padrões históricos o seculares que atestam, pelos tempos fora, a presença portuguesa na África e no Mundo.

O Sr. Almirante Américo Tomás, no cumprimento do mandato constitucional que lhe foi confiado, exprimiu às forças armadas, como Chefe do Estado, o reconhecimento da Nação. E no regresso, foi portador de uma mensagem de serena confiança no futuro, de lealdade e de portuguesismo das populações de além - mar, trazendo nos, a certeza de que a batalha final será ganha se a retaguarda, firme e unida, se mostrar à altura, do esforço e do sacrifício dos seus soldados e dos seus heróis!

Vozes: - Muito bem. muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Mário Galo: - Sr. Presidente, prezados Colegas: Ao começar esta minha intervenção não posso deixar de felicitar o nosso ilustre e operoso colega Dr. José Fernando Nunes Barata pela iniciativa tomada com o desenvolvimento da problemática do êxodo rural no continente, da emigração da metrópole e do povoamento do ultramar que apresentou em sessão desta Assembleia de 10 de Janeira de 1967 pois, afinal, parecendo que teria perdido algo de actualidade, visto que já há vão um ano e um mês (muito tempo nesta era de velocidades vertiginosas!), a verdade é que se a perdeu num ou noutro subaspecto muito ganhou noutros que precisam do cuidados tão instantes como os que poderiam ou deveriam estar na primeira, linha das preocupações dos que bem sorvem o interesse nacional, considerado tal interesse não apenas com exclusivo deste ou daquele território do espaço português, mas no geral deste nosso país tanto amamos e que sabemos que ao mesmo tempo que procura as linhas mestras desse seu interesse estende os seus cuidados aos demais países naquele cooperação que sempre foi timbre dos portugueses de todas as épocas e de todos os quadrantes.

Com efeito, de há um ano para cá água passou debaixo das pontes com o quero dizer que até certos fenómenos mudaram de sentido (momentaneamente pelo menos), sem se afastarem perigos e necessidade de actuação pronta e eficaz satisfação adequada, às circunstâncias. É que por exemplo, não deixa de ser problema o vermos algum retorno de emigrantes quando não estamos ainda preparados para tal retorno.

O ilustre colega Dr. Nunes Barata referiu-se, entre o mais, ao êxodo rural no continente - com o que entendo dizer-se o êxodo a partir das nossas regiões não meramente agrícola, mas sim das efectuadas mais ou menos intensamente pelos pólos de atracção que constituem as grandes cidades e os centros industrializados de certo relevo no meio em que vivemos. Isto é trata-se essencialmente do êxodo a partir de terras pobres carecidas de requisitos do concretizações ditas civilizacionais para outras onde tais requisitos existem já ou se encontram em desabrochamento efectivo ou mesmo só potencial - em qualquer dos casos, num teor de agrado presente e futuro que nas terras dos que fogem não se apresentam ou nem sequer se vislumbram como detentoras de viabilidade razoavelmente provável mi possível. E isso, principalmente, quando os tempos decorrem, anos sobre anos, sem que sejam lançadas ou implantadas as infra-estruturas e estruturas desejáveis (as de responsabilidade oficial: comunicações fáceis escolas de vários graus, conforto de interesso, etc. e as de extracção privada: unidades económicas de vulto desejável industriais, agrícolas e de serviço variados, para além do mero comércio com seus circuitos mais ou menos densos, etc.) - tudo a possibilitar a alegria dos empregos, se não em plenitude, pelo menos com as dimensões que se sabe existirem no referidos pólos de atracção.

No caso do continente, enfim, o êxodo que se verifica neste rectângulo da parte Ocidental da Península das áreas do interior, do extremo norte e do extremo sul, principalmente, para o outro quase rectângulo inscrito e formado pela faixa litorânea a que já me tenho referido noutras intervenções e que é formada por uma linha que sai do limite oriental pelo distrito do Porto, subindo e envolvendo o distrito de Braga e descendo daí praticamente no seu sentido norte - sul vem a findar no envolvimento do distrito de Setúbal