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1 DE MARCO DE 1968 2055

nistro da rainha Vitória. E hoje, conforme se pode ler no U. S. News and Wordl Report do corrente mês, de resto já lugar-comum no jornalismo político internacional, "A Grã-Bretanha, governada por um partido trabalhista imbuído pelas doutrinas socialistas de Karl Marx, apresenta-se, no momento que passa, apenas tentando ajustar a sua posição mundial a uma formação de fraco relevo, e ainda assim incerta de se poder adaptar às actuais condições económicas e sociais do mundo moderno."

Direi, encerradas as lojas espalhadas por todo o império e traspassadas algumas das mais valiosas, era faial a insolvência da firma! Foi o que aconteceu, como de resto sempre acontece, quando a empresa realiza apenas trabalho, ou dominantemente o faz no campo árido da gestão materialista.

Em livro de recente publicação, Le défit anécrícain, best seller nos últimos meses em inúmeras livrarias de aquém e de além-Atlântico, o seu muito discutido autor dá-nos a expressão actual de um forte vento da história - mais um, mas este talvez o mais intenso entre os que têm soprado no mundo contemporâneo.

Este vento, partindo das ricas e evoluídas paragens do continente norte-americano e soprado pela inteligência e espírito lucrativo de uma raça de eleição, definirá só por si, assim o cremos, as principais características da nova era que se avizinha. Antevê em tão discutido livro Jean-Jacques Servan-Schreiber, jornalista do Express e do Monde, o panorama deste novo clima que deverá imperar, decorridas poucas décadas, em parcela gigantesca da Terra, abrangendo nela esta pequena península europeia.

E o que será desta velha Europa, berço de tantas e tantas nacionalidades e expoente máximo da civilização que abraçou o planeta, se não forem criados a tempo os necessários meios para que o Velho Mundo possa acompanhar esse Novo Mundo nascente? Novo Mundo da era "tecnetrónica", em que a supergestão empresarial americana constituirá a sua principal expressão, e isto muito antes que soem as 21 badaladas anunciadoras do século que se aproxima.

Será necessário à Europa, então, conforme se deduz do recente artigo do professor da Universidade de Colúmbia Zbigniew Brzezinski, ultrapassar o grande fosso que hoje separa a cultura dos viventes habitando as duas margens do Atlântico.

O progresso da electrónica está produzindo um mundo de supercultura, diz o referido professor universitário, e as relações entre essas superculturas e as tradicionais culturas do passado - embora próximo - constituem o maior problema a solver nos próximos 50 anos. Esta supercultura, largamente influenciada pelo modo de vida americano, com a sua linguagem electronicamente ordenada, terá dificuldade em gerar, na realidade, segundo afirma, novos pólos de progresso cultural.

Os Estados Unidos já estão passando hoje, de facto, pelas primeiras fases da nova era, enquanto a Europa, desunida quanto aos seus interesses vitais, assiste ainda, estática, ao acréscimo das distâncias que a separam do Novo Mundo. E assim é que 75 por cento dos computadores hoje existentes operam nos Estados Unidos, e esta nação, com os encargos incomensuráveis que suporta com a polícia do mundo exterior, por vezes muito mal despendidos, é certo, ainda assim dispõe de quatro vezes mais do que todas as nações industriais do mercado comum reunidas quanto a número de cientistas e de investigadores e mais de três vezes e meia do que a Rússia Soviética conseguiu formar na corrida mantida há meio século com o seu poderoso competidor capitalista.

E estas diferenças tendem a tornar-se ainda mais sensíveis, atendendo ao actual sentido e intensidade de força emigrante da matéria cinzenta europeia, o que lerá levado Lin Pião a dizer que a América do Norte, pelo caminho que antevê, procurará ser, nos novos tempos, a cidade única de um grande mundo rural subevoluído, englobando este a Ásia, a África e a América Latina. Exagero, talvez, mas no fundo este conceito do político chinês maoista encerra uma verdade que é hoje e será no futuro próximo fonte das mais graves convulsões, que serão certamente intensificadas quando o desnível for ainda maior em relação ao terceiro mundo - o da pobreza. E este abrange, presentemente, dois terços da população do Globo! É no sentido profundo da filosófica frase de Lin Pião que devemos entender também a verdadeira intenção das medidas ultimamente anunciadas ao mundo pelo presidente Jonhson e apresentadas como simples defensoras do equilíbrio da balança de pagamentos norte-americana, quando se destinam, sim, num futuro não muito longínquo, julgo, á assimilação total, pelo mundo americano, de um mercado de cerca de 300 milhões de evoluídos europeus. Mercado que traz já hoje para a gigantesca empresa industrial norte-americana elevada parte dos seus reditos, muito superiores ao valor dos investimentos agora condicionados. Esta é, na verdade, uma das modalidades do que eu chamaria de "antipolítica", técnica política hoje tanto em voga, isto usando designação paralela à que o insigne jornalista Dr. Augusto de Castro admiravelmente exprimiu num notável artigo intitulado "A Antiliteratura".

Antipolítica que levará a dizer que hoje em política o que parece não é. Não terá sido, na realidade, o seguir este novo conceito da arte de governar os povos que levou a Rússia, para se assenhorear totalmente do liquidado Egipto após a guerra relâmpago árabe-israelita dos seis dias, a não intervir se não após a consumada derrota do seu aliado? Assim, de facto, pôde o pan-eslavismo, com o máximo de facilidade e mínimo de dispêndio, conquistar as muito desejadas posições estratégicas no flanco sul desta já quase indefensável Europa.

Mas voltemos à análise que estávamos fazendo dos ventos dominantes que sopram presentemente no complexo mundo deste xadrez internacional.

Segundo vários autores, alguns deles até paredes meias com o jornalista da Press Union, os já célebres ventos da história estariam hoje soprando ainda mais violentos, partindo de outra banda, dos lados do Leste - do Médio, Próximo e Extremo Oriente.

Como vemos, o catavento que recolhe os ventos da história é tão volúvel tal qual os que informam os boletins de certas previsões meteorológicas. E assim é que em uma das últimas publicações do Ycar of Crisis, editado por Evon Kirkpatrick, se mostra, com particular evidência, como se recompuseram rapidamente e até se intensificaram ao máximo os ventos marxistas após a grave crise húngaro-alemã, antes do advento do actual período de "coexistência pacífica".

E assim é que hoje todas essas instituições bipolares de informação e propaganda comunista, entre as quais destacamos o Conselho para a Paz Mundial (W. P. C.), a Federação Mundial das Trado Unions (W. F. U.), a União Internacional dos Estudantes (I. U. S.), a Federação Mundial das Juventudes Democráticas (W. F. D. T.), a Federação Internacional Democrática Feminina (W. I. D. F.), a Associação Internacional Democrática dos Advogados (I. A. D. L.), a União Mundial dos Professores (F. I. S. E.), a Organização Internacional dos Jornalista