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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 162 2932

preciso requisitá-la - isto no que se refere à companhia - , a escrituração justificativa do custo cobrado, possibilitadora da necessária conferência. E mais. Que não seja possível, feita uniu chamada interurbana fora das redes automatizadas, quatro e cinco minutos após feita, ao levantarmos, a auscultador para novo uso, toparmos, no extremo da linha, com a encarregada da estação da localidade para onde falámos, a provar-nos como é lamentavelmente incerta a anotação do tempo gasto na conversa tida, prova tantas vezes confirmada quando, passado às vezes mais tempo, a própria telefonista, impertinentemente. nos chama para nos perguntar se já falámos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De qualquer modo o público tem o direito de ser esclarecido para puder confiar e bom seria que o Estado e a companhia exploradora dos servidos, para o fim o elucidassem também quanto à procedência e garantias na apreciação das reclamações apresentadas, entidade competente para o respectivo recurso e meios de prova exigíveis aos reclamantes, que não deveriam deparar com obstrucionismos quando procuram queixar-se, e deveriam poder contar com uma rápida averiguação e julgamento das razões expostas. Responsáveis por um serviço de tamanho interesse público, não deverão recusar-lhe a dar uma satisfação quanto ao modo do seu exercício, pois a verdade é que isto dos telefones vai sendo um encargo demasiado pesado, sem que ninguém entenda o porquê nem descubra como nem a quem validamente se queixar.

Ou perderão os exploradores e não virão dentro em breve justificar um aumento das taxas queixando-se ao contrário de nós, de que o telefone está barato e não rende o suficiente para satisfazer as exigências da manutenção dos serviços.

Pais se assim vier a suceder desde já fica declarado que o grande público o entende diversamente.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Correia Barbosa: - Sr. Presidente: Dirijo a V. Ex.ª os meus cumprimentos e homenagens pelas qualidades de que V. Ex.ª é possuidor e que há vários anos o impuseram para vice-presidente desta Assembleia. Aproveito esta oportunidade para desejar ao ilustre Presidente desta Assembleia Nacional, Prof. Doutor Mário de Figueiredo, rápidas melhoras, visto uma pertinaz doença o ter lançado para a mesma casa de saúde onde se encontra o Sr. Presidente Oliveira Salazar, por quem tenho a maior admiração. Ambos foram meus professores na velha Universidade de Coimbra e por ambos tenho a mais respeitosa consideração. Ao Prof. Doutor Oliveira Salazar o País deve inestimáveis serviços, pois a ele se deve uma obra de que me orgulho como português e que não pode por ninguém ser esquecida nem minimizada. Foi essa obra que fez desaparecer do dicionário do calão internacional a palavra "portugalizar" e inscrever no frontispício da nossa vida nacional a palavra "admiração", admiração por essa obra grandiosa que repito, não pode ser minimizada por nenhum português digno desse nome.

A ambos desejo do fundo do coração rápidas melhoras e que breve regressem ao nosso convívio, ao convívio dos seus irmãos portugueses.

Sr. Presidente: Todos os dias se lêem jornais e nós sentimos que o chamado custo de vida sobe assustadoramente sem que até agora os governantes, não obstante a sua boa vontade, possam opor um travão eficaz à marcha ascensional dos preços. Daí o mal-estar que se vai verificando entre as populações, quase todos os dias sobrecarregadas com mais uns centavos, se não com mais uns escudos, em tudo aquilo que compra o de que tem necessidade para ocorrer às suas mais instantes necessidades.

Desde a alimentação ao vestuário, desde as rendas de casa e agora aos transportes, a vida sobe vertiginosamente, constantemente, sem que se lhe possa opor um dique que a contenha. Desta ascensão, quantas vezes incontrolada e injustificada, todas as classes sociais, mais ou menos, sofrem por o rendimento do seu trabalho ou das suas actividades não poder acompanhar a vertigem dessa marcha, que às vezes ameaça atingir mais depressa que os Americanos ou os Russos a superfície lunar.

E que esta situação não pode continuar, por incompatível com os recursos financeiros do povo, principalmente dos de mais modestos proventos, já felizmente o compreendeu o Governo, que na sua reunião de 7 do corrente mês resolveu tomar medidas tendentes a sustar a perniciosa e perigosa subida do custo de vida. E o ilustre Presidente do Conselho de Ministros, com aquela clareza que lhe é tão peculiar e com aquele conhecimento e sentido das realidades sociais que o têm cotado como um estadista de primeiro plano e em cujo saber e bom senso o povo abertamente confia para a superior realização dos interesses nacionais, na sua notável comunicação de 8 do corrente, alertou o País sobre o perigo da elevação dos preços e da ineficácia do aumento de vencimentos como remédio salvador para tão grande mal. E com aquela calma e serenidade, própria dos homens que sabem o que querem e para onde vão prometeu medidas destinadas a minorar o mal-estar que se sente em resultado de altos preços que nem sempre se alicerçam em bases sérias e justas. Oxalá que tais medidas se não façam esperar e que a sua eficácia desencoraje certos bandos de oportunistas, sem consciência nem escrúpulos, para quem a indústria e o comércio deixou de ser uma profissão digna e indispensável ao desenvolvimento e organização da sociedade em que vivemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, Srs. Deputados, desta situação verdadeiramente anómala que o País atravessa, há classes sociais mais duramente atingidas que outras, porque são mais débeis e ineficazes os seus meios de defesa.

Delas destaco a pobre lavoura, que não obstante a boa vontade e compreensão e, por vezes, as inteligentes e enérgicas medidas do Ministério da Economia, não logrou ver ainda os seus produtos convenientemente valorizados, já não digo ao nível dos artigos transformados pela indústria, mas, pelo menos, com aquele coeficiente valorativo que dê ao empresário e ao trabalhador da terra aquele mínimo de lucro e bem-estar a que tem direito todo o homem que trabalha.

E o resultado disto é que os campos vão sendo assustadoramente abandonados, não sendo raro ver-se, com desalento, campos outrora férteis e verdejantes convertidos em matagais onde apenas crescem algumas ervas daninhas. E uma economia sem uma agricultura relativamente próspera não pode servir o interesse nacional nem o País, conduzindo-o àquela posição de equilíbrio e estabilidade tão indispensável para o bem e felicidade dos povos.

O povo alimenta-se e, por consequência, vive de pão, da carne, de leite, bebe vinho e sumos de frutos e nisto está em grande parte o seu bem-estar e até a sua saúde.