O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 168 3022

Os centros de estudos têm servido a classe na cooperação que possibilitam entre profissionais de diferentes países e na compreensão que despertam entre os políticos pela nobre missão do jornalismo.

Ainda não há muitos anos assistimos a encontros de jornalistas franceses e alemães, onde, para lá do debate de problemas profissionais, foram abordadas as relações entre os dois países numa óptica psicológica e política. Nesse mesmo espírito têm ocorrido debates entre jornalistas da América e do Reino Unido. Examinar a forma como a imprensa de um país apresenta ou aprecia os acontecimentos de outro poderá constituir tarefa de interesse nada despiciendo para a causa da aproximação dos povos.

No caso português - e para lá do importantíssimo problema da colaboração entre os jornalistas do continente, ilhas adjacentes e ultramar - reconhece-se a particular oportunidade do diálogo luso-brasileiro, além da necessidade de esclarecimento em grandes centros da imprensa mundial. Isto para não referir o que se passa quanto ao número desconhecimento a que se têm notado os dois povos peninsulares e que os jornalistas poderiam igualmente mitigar. Fala-se habitualmente numa incapacidade congénita dos Espanhóis para compreenderem a alma portuguesa. Quem nos últimos anos tenha estado atento a certos sectores da imprensa espanhola mais radicada sentirá tal convicção. Vai para quarenta anos, e grande jornalista que foi António Ferro realizou em Espanha, num momento crucial da vida desse país, uma série de entrevistas famosas. Li-as bastantes anos mais tarde, reunidas em volume (Prefácio da República Espanhola. Lisboa, 1933). Para lá do que particularmente respeitava ao momento político espanhol, impressionou-me como altos espíritos de toda a Espanha falavam de Portugal e do seu destino. Miguel Unamuno, por exemplo esse homem genial que tanto nos amou e em Por Tierras de Portugal e de Espana deixou um repositório de singularidades bem próprias do seu originalíssimo espírito, manifestava-se a António Ferro como contrário à fragmentação da Península e à diversidade de idiomas...

Sr. Presidente: em 1957, 45 Universidades ou colégios universitários norte-americanos ofereciam aos interessados cursos de jornalismo. Destes estabelecimentos, 37 eram Universidades ou colégios do Estado. Assim, a formação dos jornalistas é assegurado, nos Estados Unidos, principalmente nos quadros do ensino público. As escolas de jornalismo gozam, em muitas Universidades principais de autonomia; noutros casos, porém, ligam-se às Faculdades de Letras ou Ciências. Há trinta anos estas escolas limitavam-se a formar pessoal para os jornais. Hoje os planos de estudo abrangem a radiodifusão, a televisão, as relações públicas, a fotografia, a publicidade... A journalism school deu, pois, lugar à communications school.

Na América Latina, em parte devido às particularidades destas jovens nações, noutra parte por influência norte-americana, assistimos igualmente a uma intensa floração de escolas de jornalismo. Aqui a iniciativa privada tem completado, de forma decisiva, a intervenção do Estado. Numerosas Universidades católicas criaram cursos de jornalismo. Por outro lado, as próprias organizações de jornalistas fundaram igualmente as suas escolas. Os estudos têm variado entre dois e cinco anos, mas num curso teórico não é difícil descobrir um tríplice propósito de formação de base, interpretação histórica e especialização profissional.

Na formação de base estão as matérias relativas à sociologia do país, psicologia, filosofia e antropologia sociais, filosofia política e problemas sociais e políticas contemporâneos.

Na interpretação histórica agrupam-se a história do país, a história da civilização ocidental, a história das doutrinas políticas, sociais e económicas e a história da arte e do jornalismo.

Finalmente, nos domínios da especialização profissional cuida-se da sociologia do jornalismo, da rádio, da televisão, do cinema e da publicidade, das sondagens da opinião pública, da análise do conteúdo da informação e da ciência política aplicada ao jornalismo. A esta formação do espírito acresce a preparação prática. A arte de redigir, as técnicas modernas da apresentação artística, a tipografia, a fotogravura a paginação etc., conjugam-se com o estágio nos grandes jornais ou com a colaboração nos periódicos das escolas.

O predomínio da formação universitária tem explicado, nos principais países da Europa Continental, o carácter académico - espírito de investigação, gosto pelas teorias, apego às ideias gerais - do ensino do jornalismo. Tem-se revelado, em suma, menos pragmático do que o dos países onde as organizações profissionais, ou as próprias empresas de informação, asseguram a formação dos seus futuros colaboradores. Já há anos se contavam na Europa por mais de duas dezenas as Universidades ou estabelecimentos de ensino superior onde eram professados estudos desde tipo.

Noutros casos, porém, o ensino prático ocupa lugar de relevo. O Instituto de Jornalismo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca foi fundado conjuntamente em 1946, pela Universidade e por todas as organizações dinamarquesas de imprensa. Funcionando como instituição autónoma, financiada pelas organizações da imprensa e por subsídios do Estado, destinou-se a uma preparação, no seu curso elementar, de jornalistas que já tivessem feito um período de aprendizagem nos serviços de redacção de um jornal.

Em 1948 criou-se na Universidade Católica de Nimega, na Holanda como resultado da cooperação entre a Universidade e o Instituto Católico de Jornalismo (que agrupa os editores e os jornalistas católicas do país), um curso de jornalismo. Ainda aqui estiveram presentes propósitos de formação teórica e prática.

Outro exemplo, e para finalizar, foi o da Escola Espanhola de Jornalismo. Em dado momento a Escola encontra-se sob a autoridade de um conselho de direcção compreendendo representantes da administração pública, das associações profissionais, dos antigos alunos, da imprensa, rádio, televisão, serviços de publicidade comercial e cinema de actualidades.

A responsabilidade do papel desempenhado pela Escola pertencia a este conselho, mas o seu funcionamento interno era controlado por um director, designado pelo Ministro da Informação. O programa de 1957 compreendia cursos de três anos com temas de carácter cultural e técnico, além de seminários, conferências e estágios práticos. Entre os temas culturais figuravam: o mundo actual; a Espanha contemporânea; a cultura espanhola; a moral e a deontologia; a sociologia; a história do jornalismo: a teoria da informação; o regime jurídico e económico das empresas de informação.

Por sua vez, os estudos técnicos abrangiam matérias relacionadas com: estilo jornalístico; teoria das notícias; teoria da publicidade; técnica das artes gráficas; organização e métodos de transmissão de notícias. O francês e o inglês eram estudados no decurso do três anos. Eram organizadas conferências seguidas de discussões sobre temas de grande actualidade ou mesmo de interesse complementar. Consagravam-se seminários à redacção, reporta-