6 DE MARÇO DE 1969 3357
os gostos e modas, mas apenas conforme as determinantes de uma rígida economia. E quando chegou, nesse paraíso socialista, o momento de aproveitar os benefícios estimulantes da iniciativa privada, isto, apenas, para acréscimo da produtividade industrial, institui-se, de novo, o princípio capitalista do lucro, embora este vá projectar, no Leste, os favores de uma economia cujas virtualidades, sistematicamente, pretendem negar. E, ainda mais quando o afã da industrialização a todo o custo e os erros da colectivização agrária provocaram o caos quanto às possibilidades de sustento das populações rurais e citadinas, lá estavam, felizmente para esses desolados povos, os associados internacionalistas do capital a ocorrer, pressurosos, com os grãos acumulados nos silos da grande e poderosa América e do Canadá. Decerto o mesmo acontecerá, em determinado momento, e talvez, ainda em escala mais elevada, no decurso da evolução do imperialismo amarelo. Apenas terá então de ser substituída a dádiva de trigo pela de arroz e a paga não será, talvez, também na mesma moeda? Quem suportará, contudo, certamente, estes e outros gastos caritativos do internacionalismo capitalista do Ocidente, será fora de toda a dúvida o contribuinte americano e europeu?
Assim vai o mundo dos nacionalismos pseudomarxistas, berços que serão dos novos imperialismos do século que se avizinha.
Talvez seja conveniente agora, para melhor conhecimento da linha de rumo da estratégia e da táctica dos inimigos da nossa civilização, digo, da nossa mensagem, na luta que travam para o domínio do Mundo, dizer algo, embora a traços muito largos e sem preocupações de rigor cronológico, quanto aos tempos sobre a seriação dos passos que melhor definam as grandes linhas da sua actuação ofensiva.
Podemos assim escolher como ponto de partida, destes ventos avassaladores, a cidade de Nova Iorque, isto na segunda década do século corrente. Para muitos dos que me ouvem poderá este facto constituir surpresa. Mas foi, na realidade, nesta grande metrópole do dinheiro que foi organizado o primeiro grupo marxista - cerca de trezentos terroristas, financiado largamente por altas figuras bancárias dessa cidade, como Jacob Schiff, Otto Kahn, Paul Warburg e outros -, cerca de 48 milhões de dólares neste primeiro investimento terrorista. Desse grupo fizeram parte o primeiro orientador da estruturação do exército vermelho, Leon Trotsky, e o seu doutrinador político, Lenine.
Transitaram estes marxistas pela Alemanha, ainda em fase acesa da primeira guerra mundial, e isto com a protecção do chefe da espionagem do Kaiser, irmão de um dos banqueiros nova-iorquinos, e com o consentimento tácito do chanceler Von Bethman-Holhveg.
Depois, é do conhecimento geral o que então se passou - governos populares, assassínios em série e, finalmente, a implantação do regime marxista na Rússia sob a égide política de Lenine. Mas, como marco de maior valia para definir o rumo do movimento, é mister salientar o momento em que foi afastado Leon Trotsky dos comandos políticos e militares da Rússia Soviética. Este é, de facto, o momento histórico em que o movimento internacionalista, apoiado em determinado sector do capitalismo americano, adquiriu, a partir de então, uma feição puramente nacionalista, feição que o golpe realizado mais tarde por duas divisões do exército russo, destruindo a sede e a estrutra da polícia política, viria a consolidar definitivamente.
Estava implantado assim, a partir de então, o imperialismo russo sob a égide de José Estaline.
Depois, mais uma guerra aproveitada pelos dois parceiros desta grande empresa, e, em relação a um deles, ainda na esperança de que a aniquilação do último reduto da civilização cristã levaria, embora por caminhos já mais custosos, ao desejado fim - o do governo mundial sob a égide de uma internacional capitalista.
As decisões das conferências de Ialta e de Postdam marcam, porém, com relevância, a mestria política de Estaline e, assim, largamente inspiradas pelos acólitos comunistas do Presidente Roosevelt, entre os quais Alger Hiss, levaram à destruição total da tradicional barreira de defesa da Europa - os países balcânicos -, abrindo-se, assim, o Ocidente à penetração russa. De nada serviu então a resistência oposta pelo coveiro do império britânico, que ainda quis mostrar o seu poder, neste difícil balancear de influências, mandando aniquilar, com um formidável bombardeamento de aviação, a grande cidade fronteiriça do Leste - a universitária Dresden -, nela ficando sepultados cerca de cento e cinquenta mil indefesos refugiados alemães. De nada, porém, serviu essa extemporânea manifestação de força bruta perante a inteligência do czar vermelo. E assim foi inglòriamente abafada, nesse momento, a já débil voz da Europa.
Como era necessário então para os dois grandes da Terra, os únicos que ficaram em cena depois deste dramático acto, aumentar ainda algo os despojos, escolheu-se um novo método de baralhar influências, no Terceiro Mundo, e isto a partir de uma O. N. U. estruturada por representantes dos dois grandes da Terra, como o Dr. Leo Pasvolsky, Alger Hiss e outros.
Foi assim mais tarde içada, nesse edifício monumental de Nova Iorque, sob a batuta americana, com o apoio do imperialismo russo e dos trampolins socialistas, e ainda do extenso e sonoro batuque afro-asiático, a bandeira da autodeterminação. Mas como os limites desse novo movimento não puderam, pelo artifício da doutrina que o informou, ser fixados com rigor, o vírus da maleita autodeterminante, depois de ter extinguido grande parte das projecções europeias no Mundo, acabou também por infectar os seus próprios divulgadores.
E hoje, com fundamentos dos mais diversos, tanto se aceita uma fragmentação de uma Nigéria até à ínfima unidade tribal como já se fala, e com que insistência, na constituição de um superestado negro no seio da própria República Norte-Americana.
Mas continuemos a indicar mais alguns marcos definidores desta negra caminhada.
Fecha-se, em determinado momento de revivência europeia, o Suez à Europa, cortando-se o cordão umbelical do petróleo do Médio Oriente e as ligações rápidas com o Extremo Oriente asiático. Implantam-se depois na Argélia, e mais tarde no Cairo, fortes bases aeronavais russas, deixando o flanco Sul da Europa sujeito às possíveis ofensivas do imperialismo eslavo. E, de passo em passo, caminhando sempre para ocidente, a bandeira do czar de todas as Rússias tremula hoje bem perto das margens do Atlântico! Está assim realizado o grande sonho de Pedro, o Grande. E não foi necessário aguardar muito tempo nesta corrida russa para os grandes mares para se assistir a mais um passo decisivo, e este dado com o consentimento tácito de um presidente americano e perante o rasgar de um tratado que durara oito séculos. Refiro-me à tomada da nossa martirizada Goa, último farol do Ocidente no Indostão, e consequente transformação do Indico num mar russo.
Estava assim dominado, para efeitos futuros, pela Rússia Soviética a economia da valiosa região petrolífera do Médio Oriente.