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13 DE MARÇO DE 1969 3461

de Angola, de que foi presidente do conselho de administração desde 1919 até à data da sua morte.
Foi ainda o comandante Ernesto de Vilhena escritor destacado e publicista de valor.
De resto, como não havia de ser assim a vida glorificada deste alentejano de quilate, tendo na herança dê seu pai recebido os genes altissimamente qualificados nos campos do saber, da política, da arte e das letras, de um conselheiro Júlio Vilhena, também ferreirense dos maiores e homem enorme do nosso país.
Deputado de extraordinário vulto nesta Assembleia pelo círculo de Beja em 1884, ministro muitas vezes, par do reino, professor de Direito, poeta, escritor e historiador de renome, exaltado por Vítor Hugo e Michelet, tudo isto foi o conselheiro Júlio Marques de Vilhena.
Enobrecida e grande família é esta de sul-alentejanos do mais vincado e merecido destaque, agora culminada no acto tão generoso praticado por vergônteas suas, excelentes no querer dotar o País de um valor cultural inestimável.
Ainda não conhecemos essa colecção escultórica maravilhosa, de mais de mil e trezentas peças, «igual em número às existentes actualmente nos museus nacionais», na afirmação do Sr. Ministro da Educação Nacional.
Temos esperança de em breve podermos contactar e nos deleitarmos com tanta preciosidade, mas para ajuizar do seu valor nem é preciso ver-se, basta saber-se que só através desta colecção ora doada «foi possível escrever com segurança, como o fez o Prof. Reinaldo dos Santos, a história da cultura portuguesa a partir do século XIII até ao século XV».
A promessa da parte restante para o Estado, que não é pequena, fê-la a Sr.ª D. Maria Amélia de Vilhena, num condicionalismo que nem queremos acreditar que não se verifique.
Por tudo quanto acabam de fazer e pelo prometimento do que farão, vai para aquela tão digna senhora e seu filho o nosso bem haja muito sentido.
A divulgação que se impõe deste valor extraordinário agora recebido anunciou-a logo, e para muito breve, o Sr. Ministro da Educação Nacional, a quem pedimos para Beja, pelo direito que lhe cabe de ser cabeça do distrito que viu nascer o comandante Ernesto de Vilhena, um dos centros de cultura que vão ser disseminados pelo País.
Beja ficará, por isso, sumamente honrada e reconhecida.
Disse.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Albano de Magalhães: - Sr. Presidente: Quem, num dia de Verão escaldante, em Julho ou Agosto, vê chegar o fim do seu dia de trabalho nesta cidade de trabalho que é o Porto sente também como passeio desejado e reconfortante aquele que pela estrada marginal, no seu automóvel, o poderá levar do centro da cidade até à Boa Nova.
Vive então um sem-número de imagens e de épocas todas passadas, todas presentes e algumas já futuras.
É a obra do homem a retocar a natureza, nessa bela sucessão de imagens que ora nos leva sensivelmente ao passado, ora nos toca e orgulha no presente.
E lá está a Fraca do Infante, com o Palácio da Bolsa, a Casa do Infante, escola de uma época em que tantos foram aprender a ser grandes e tornar Portugal o maior da época dos Descobrimentos.
A Igreja de S. Francisco, a ribeirinha e sempre bela Miragaia, ensombrada pelo edifício da Alfândega, de uma Alfândega que cada vez mais longe está do porto a que deve destinar-se e servir ...
É Massarelos, a ponte da Arrábida, os estaleiros do Douro, desse Douro cujas águas barrentas, na sua miragem, logo nos levam à Afurada e ao Cabedelo.
É o Jardim do Passeio Alegrei, a Foz do Douro, a Foz Velha e a Foz Nova, que se estendem até ao Castelo do Queijo.
A vila de Matosinhos, cujo chegar logo nos faz sentir, cruzarem-se, os cheiros da maresia e do peixe que, destinado à conserva, para ela não serviu ...
E para quem atravessa Matosinhos do sul para norte, logo vai pressentindo o seu crescer, como se de uma cidade se tratasse, uma cidade portuária que efectivamente é, com as suas casas típicas de comércio, os seus bares, as indústrias de conserva, as agências de bancos, de navegação, e todo um sem número de estabelecimentos e sectores que antecedem e nos fazem já adivinhar a presença de uma estação portuária. Ela aí está! Já se avistam as chaminés dos navios, as suas bandeiras, as suas cargas, os seus tripulantes!
E o porto de Leixões, o segundo porto da metrópole, o porto que serve o Norte do País e, sem dúvida, uma das suas mais ricas zonas.
Estamos em Março, no dealbar de uma Primavera - que nada tem a ver com a ... política-, longe, portanto, de tal dia de Julho ou Agosto escaldante.
Quedemo-nos, pois, por aqui, neste porto de Leixões, cujas docas se situam entre Matosinhos e Leça da Palmeira.
Para conhecer alguém ou alguma coisa, há que ir ao. seu encontro e de novo voltar ao seu eu, com o que apreendeu do objecto, para que dele tome consciência.
Só então o conhecimento se pode manifestar na sua plenitude.
Entremos, pois, numa das docas desse porto e tomemos consciência do que se nos depara.
Tudo afinal que constitui lugar-comum em portos de grande escala: navios de grande tonelagem, guindastes em movimento, camionetas num vaivém constante e a agitação natural do pessoal marítimo diligenciando e tudo fazendo para que se opere com rapidez e segurança o transporte de mercadorias e, consequentemente, o fácil desembaraço dos navios.
A Administração dos Portos do Douro e Leixões procura por todos os meios, cuja eficiência e superior visão cumpre realçar, ampliar e modernizar o seu porto.
Pode dizer-se que a maior parte das obras previstas no Plano Geral de Ampliação de Leixões, aprovado em 1955, está já executada.
O sistema rodoviário de ligações que circunda o conjunto das quatro docas de comércio está já concluído, estando em exploração perfeita e plena as docas n.ºs 1 e 2.
As outras e os respectivos cais aguardam a sua vez de construção, o que sucederá quando o ritmo crescente das necessidades comerciais o impuser.
Pode, no entanto, dizer-se que a aceleração da vida de hoje impôs já a expansão para o lado do mar, ao longo da costa, estando quase concluído o terminal de petróleos constituído por três portos de acostagem, o maior dos quais para navios-tanques de 100 000 t.
Está também em estudo a montagem de uma instalação para carregamento de minério, com uma capacidade de 2000 t/hora, destinada ao aproveitamento em grande escala dos jazigos de minério do Norte.