O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1464 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 72

em todo o arquipélago o despacho do Sr. Ministro das Obras Públicas e Comunicações definindo o esquema da política aérea açoriana, por entenderem que esse esquema, aliás proposto por um grupo de trabalho em que intervieram representantes das três Juntas Gerais, sob a presidência do Sr. Diretor-Geral da Aeronáutica Civil, era efectivamente aquele que, pela melhor forma, acautela os interesses de toda s região neste importantíssimo sector das comunicações aéreas.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Linhares de Andrade: - A utilização do magnífico aeroporto militar das Lajes, como escala de alguns voos civis transoceânicos para a América do Norte, acreditamos beneficiará grandemente a economia em rapidez e em comodidade, não apenas da ilha Terceira, onde se situa, mas de todas as ilhas do grupo central, incluindo duas do meu distrito, Faial e Fico. E permitirá, ouso crer, que se intensifiquem cada vez mais as visitas dos emigrantes daí oriundos e, hoje, radicados na América do Norte, o que, inegavelmente, tem um grande e enorme interesse material e moral. E nem se diga que estas escalas, pelo Aeroporto da Terceira poderão afectar de algum modo os interesses da ilha de S. Miguel ou dos seus emigrantes, pois esta ilha é, sem dúvida, a mais populosa e dali têm emigrado em maior número, porque, tanto estas escalas se façam nas carreiras do Canadá, desde que se efectuem nas carreiras dos Estados Unidos da América, sempre outros voos das mesmas carreiras continuarão a ser feitos ou efectuados por Santa Maria. Isto de um lado e do outro lado, porque, havendo sempre necessidade, em relação a S. Miguel, de um transbordo, os inconvenientes afigura-se-me não serão muito mais sensíveis, quer eles se efectuem entre a via de Santa Maria, quer a partir da Terceira.

A inauguração, que ansiosamente aguardamos para breve, do Aeroporto do Faial, essa vai também permitir que, dentro deste esquema, ao meu distrito, o distrito da Horta, se estendam os benefícios da navegação comercial aérea. Os benefícios serão directos, por enquanto, apenas em relação ao Faial e às Flores, pois a ilha do Pico, essa ainda não foi dotada de nenhuma infra-estrutura adequada a transportes aéreos.

O mesmo grupo de trabalho, a que me referi há pouco, sei que previu ali a construção de um aeroporto ou de uma pista, como alias previu na Graciosa e em S. Jorge. Aguardamos, pois, confiadamente, que essas construções se efectuem, logo que possível.

Entretanto, o nosso aplauso e o nosso agradecimento ao Sr. Ministro das Obras Públicas. O meu agradecimento também a V. Ex.º, por me ter permitido esta interrupção ao seu brilhante discurso, que continuarei a ouvir com o maior prazer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Muito obrigado pela intervenção de V. Ex.ª, Sr. Deputado Linhares de Andrade, pelas suas judiciosas considerações que, aliás, vêm precisamente ao encontro daquilo que eu penso e que vou dizer.

Mas o despacho em questão ainda tem a virtude de contemplar, de uma maneira excepcionalmente equitativa e justa, praticamente, todas as ilhas. No que diz respeito ao nosso distrito, prevê-se, para já, a construção de duas pistas nas ilhas de S. Jorge e Graciosa. Esperamos, contudo, que melhoria de tanta relevância para aquelas duas pequenas ilhas não seja protelada por muito tempo. Ë que esses aeroportos vêm satisfazer não só uma aspiração de muitos anos, mas, principalmente, uma necessidade imperiosa, isoladas como estão, com deficíentíssimas comunicações .de toda a ordem.

Quanto à ilha Terceira, vê, finalmente, aberto ao tráfego intercontinental um aeroporto ímpar, como é o das Lajes, dotado de todo o mais moderno apetrechamento técnico e por onde passaram e continuam a rolar, permanentemente, aviões dos mais modernos tipos, da poderosa aviação militar norte-americana, bem como da gloriosa aviação militar portuguesa.

Todavia, no aspecto civil, estávamos votados, ia a dizer, ao ostracismo e esquecimento. Pelas suas enormes pistas só podiam passar os minúsculos aparelhos: da SATÃ, uma sociedade que se mantinha em regime experimental, vai para vinte e cinco anos, e que tão deficientemente servia os Açores, não por culpa do seu pessoal, a quem aproveito para render as minhas homenagens pela proficiência, sempre e a todo o momento demonstrada, mas pela própria dimensão da empresa e pela protecção excepcional de que gozava.

Como em regime experimental se encontrava, neste longo espaço de tempo, quase nenhuns deveres tinha para com os passageiros, e, até, nem o simples correio era obrigada a transportar! Todavia, nunca me constou nem nunca ouvi, nenhum meu ilustre colega, de um distrito vizinho, apelar nessa altura, para o Governo, para essa deficiência e protecção à vista de todos, nem tão-pouco para «a descontaminação de influências pseudopolíticas e de interesses particularistas!» Agora, que um tão douto despacho acaba de ser publicado, que honra e dignifica o Ministro que o subscreve, e em que tudo esta, racional e equitativamente acautelado, parece que tem causado sérias apreensões por causa das tais influências que, na realidade, tão maléficas são. E tudo isso, porque no despacho em questão, se fala no estudo a longo prazo, com viabilidade técnica e económica, e com base num aeroporto central de médio e longo curso, e que sirva de placa giratória às ligações interinsulares.

Pois, Sr. Presidente, eu também quero juntar a minha voz à do meu colega Sousa Pedro, para que justiça e só justiça seja feita e que, sobretudo, se tenha em conta que os Açores não são apenas uma ou duas ilhas, mas sim inove, onde moureja, labuto e vive toda uma população portuguesa., e da melhor, e que bodos, mas todos, têm os mesmos direitos e as mesmas regalias.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não queremos, de lacto, de ora em diante, neste campo, como em muitos outros - pois já estamos saturados deles -, os tais interesses particularistas e pseudopolíticos a barrar-nos o caminho do desenvolvimento e do progresso.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só com os olhos postos nestas realidades é que podemos, na verdade, partir para um estudo sério, justo e imparcial, que todos nós tão ardentemente ambicionamos.

E sem (reticências, e sem bairrismos exagerados e doentios, e cada. um cônscio do que é e vote, imas todos de mãos dados, numa compenetração dos seus direitos e deveres e no respeito mútuo, poderemos então, com essa disposição, avançar para o futuro mais confiadamente, mais centos de que algo de positivo há-de surgir pana a melhoria e (progresso tão almejado e pelo qual tão ardorosa e veementemente combatemos e lutamos.