1592 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 78
há problemas específicos que deverão ser encorados na sua concretização.
Uva deles, e que reputo dos principais, será a instalação rápida na região, possivelmente em Ponte de Lima, de um adequado matadouro industrial que serviria não só a magnífica zona de produção da ribeira Lima, como também, e em óptimas condições, boda a ribeira Minho e o planalto de Paredes de Coura e ainda, sem qualquer esforço, todo o vale do Cávado s inferior do Minho.
Uma comissão encarregada do estudo da, distribuição dessas unidades industriais de apoio a lavoura entendeu, e quanto a mós muito bem, que ali devia ser construído. Elementos que aqui já apresentei justificam-no plenamente. Localmente há todas as condições.
Outra infra-estrutura indispensável é uma central fruteira na mesma ribeiro Lima - talvez em Arcos de Valdevez, com boas condições geográficas em relação às zonas produtoras e boas estradas de ligação -, em que possam ser recebidas as frutas que os produtores, na sua ânsia inegável de melhorar, cultivam com muita esperança. Mas essa esperança só poderá traduzir-se em benéfica realidade se for amparada numa organização que os auxilie na vendo das suas belas frutas, de escoamento ao rico produto do seu labor.
Os produtores correspondem, em geral, da melhor maneira sempre que se lhes deparam possibilidades de obtenção de resultados animadores, e estes só são possíveis, e sobretudo perduráveis, se forem apoiados por organizações da lavoura capazes, responsáveis e apoiadas decididamente pelo Estado.
Durante anos - desde quando? - os maiores lucros foram sempre parar às mãos de outras actividades, em gemi simples intermediárias ou parasitárias que pululavam e ainda pululam numa organização económica em que os homens, como as terras, estavam distantes, onde a incultura e a falta de conhecimentos davam lugar a que medrasse a desconfiança para além das fronteiras do lugar, ou quando muito da freguesia. Os lucros, que não se acumularão em capitais reprodutivos nas zonas que criaram esses bens e nas actividades principais que lhes deram origem, têm de regressar em investimentos, comparticipações do Estado, que não dádivas, as zonas menos privilegiadas, que deles tanto carecem. Não serão mais do que actos de sã justiça distributiva, e no caso apontado de grande valor para a política, agrícola da região.
Ainda para melhor conhecimento técnico da agricultura da zona de meia encosta, aparentemente menos favorecida, sempre mais difícil e que, portanto, requer estudo mais atento, onde há frutos que vão bem e a pecuária pode ser incrementada, ou então terá de regressar à floresta, ou a um intensivo aproveitamento silvo-pastoril, é indispensável criar um centro de estudo bem apetrechado em meios humanos e materiais.
Os lavradores exigem dos técnicos soluções capazes e seguras e estas só são obtidas com segurança experimentando.
Creio que esse centro de estudo estaria muito bem localizado em Paredes de Coura, onde é preciso encontrar solução para esses problemas técnicos e económicos.
Supomos que as actuais adegas cooperativas, no futuro certamente cooperativas agrícolas polivalentes, e mais aquelas que a experiência aconselha criar, as cooperativas de fruticultores, as várias cooperativas existentes, a trabalhar Intimamente, apoiadas nas instalações que possuem e programando as novas, atendendo bem o condicionalismo futuro, serão o núcleo de uma organização regional em que todos podem participar. Embora a cooperação não seja uma panaceia, como a muitos incompreensivelmente se apresenta, ou querem fazer crer, ainda é a melhor forma de contrariar muitos desmandos, de firmar resistências salutares.
O Governo compreende-o, creio bem, mas custa-lhe bastante a demonstrá-lo!
Há um aspecto que também queremos apresentar e para o qual pedimos a atenção do Governo e que, como tantos outros em todo o panorama agrícola minhoto, e perdoem-me que incansavelmente o repita, se encontra ligado à tal alteração da lei do plantio da vinha.
A actualização da sub-região dos vinhos Alvarinho. Estes vinhos, produzidos em Monção, são um património legítimo daquela zona, são um valor real que ali se cria nas condições que os tornaram afamados em todo o País e no estrangeiro e que só não têm mais expansão em virtude da reduzida quantidade colhida. A sua protecção, a sua defesa, o seu fomento, devem ser assegurados, pois são um valor que interessa à sub-região de Monção e a todo o distrito. Com as suas características muito especiais, são um património que vale como demonstração da excelência dos vinhos verdes regionais de que este será o mais alto expoente.
Os aspectos que atrás foquei acerca da situação da indústria não quiseram ser mais do que uma chamada de atenção para as dificuldades que ali se encontram, na tentativa de fazer enveredar a região decididamente peia senda do progresso.
População activa, em declínio, agricultura com dificuldades, indústria como se viu, mas, por outro lodo, potencialidades inegáveis ligadas ao turismo que se incrementa no litoral e que se completará com o de montanha, a criar na zona serrana, em ligação estreita com a Espanha, através de S. Gregório e da ansiada fronteira do Linhoso, que é de justiça abrir, e ainda, sobretudo, o impulso enorme que poderá advir das indústrias a instalar, quando o melhoramento do seu ponto for uma realidade.
Mas para já bastariam aquelas que actualmente estão instaladas, ou em construção, para ao porto darem um movimento de exportação que justifica amplamente as obras que se projectam.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Contando somente com o quartzo e feldspatos de Ponte da Barca e Arcos, com os granitos de Ponte de Lima, com os caulinos de Viana, com os produtos de pasta e papel a exportar a partir do começo de 1973, haverá um movimento de exportação de, pelo menos, 250 000 t anuais.
Se a este grande volume juntarmos as actuais importações e exportações e a natural expansão que as facilidades portuárias criariam, pode bem considerar-se o melhoramento e ampliação do porto como alavanca cimeira no progresso da região. Mas o interesse é ainda maior pela sua natural ligação e facilidades de comunicação com grande parte do distrito de Braga, e mesmo de alguns concelhos de Vila Real com drenagem natural através de Viana e que através do seu porto poderiam realizar normalmente as suas transacções. E por que não? Por que é que Viana do Castelo não há-de ter um porto de mar em condições, se para isso condições tem?
O Governo não precisa que eu aqui, nesta altura, recorde as magníficas intervenções de ilustres Deputados pelo meu círculo, que já trataram deste mesmo assunto, ou me refira a relatórios e estudos que tem em seu poder, e que alguns também conheço. Quero recordar somente o notável despacho do Sr. Ministro das Obras Públicas e Comunicações, a quem presto as minhas agradecidas