O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1796 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 90

Grémios de concelhos limítrofes e do mesmo distrito, com problemas idênticos, a serem tratados por governos instalados em capitais de distritos diferentes. Pergunto:

Que benefícios têm dispensado essas Federações aos citados Grémios?

Interessa-lhes, mesmo politicamente, captar a simpatia dos associados?

Vivemos num mundo de ideias confusas, as quais só produzem o desânimo, o descrédito e o inconformismo.

Impõe-se uma revisão geral de toda esta orgânica corporativa para que fique incólume o seu lado positivo.

Impõe-se, sem demora, que a Casa do Douro seja na verdade uma federação de lavradores da região, e não só de vinicultores, com responsabilidade pela sua administração, justificando-se assim a presença do delegado do Governo.

A organização Durienses não pode continuar nos moldes existentes.

E parece-nos que é essa a opinião governamental, porquanto esteve decidido a fazer renovações impostas pelas exigências dos novos tempos que levassem por diante esse programa de renovação, respeitando, em absoluto, a independência da região do Douro.

Mas já lá vai um ano e tudo continua a respeitar a rotina!

Cumpre-me chamar a atenção do Governo para estes problemas da região do Douro e do meu distrito, que carecem de nova orientação, novos moldes de governação e assídua assistência técnica.

Por último, quero referir-me às adegas cooperativas, que são a esperança da comercialização.

Nota-se que também devem sair do âmbito restrito do fabrico e comercialização dos vinhos e transformarem-se em cooperativas agrícolas de áreas bom dimensionadas, que lhes proporcionem maior capacidade e que se dediquem .à comercialização dos restantes produtos dos associados.

Só assim farão face às exigências da sua administração e da assistência técnica e evitarão a proliferação de pequenas cooperativas, que acabam por cair nos defeitos das empresas sem consistência, económica.

E como cúpula das cooperativas agrícolas deve-se criar a união dos cooperativas, com o sentido global de unificação e comercialização dos produtos.

Para isso, pede-se ao Governo que lhes conceda maiores subsídios - e convém aqui deixar ficar uma palavra de gratidão por todos os benefícios recebidos, mão só do Governo, como dos organismos corporativos.

Não posso deixar, em boa verdade, de fazer uma advertência necessária e oportuna que se dirige aos meus companheiros de trabalho - os lavradores.

Conheço bem a mentalidade de muitos, que, infelizmente, desconfiam das reais vantagens do associativismo e neles acaba por cair a desgraça de tal incompreensão. E, quando se vêem com problemas graves, limitam-se a exigir que o Governo lhes resolva os seus problemas, tantas vezes a poderem ser, em parte, evitados.

Vem a propósito citar as muitas centenas de solicitações que recebi para intervir junto do Governo na actualização dos preços da batata e para evitar que a «benéfica» Junta as mandasse entregar nos armazéns de Trancoso, a 70 km e 80 km, em sentido oposto aos circuitos de consumo . . . Este absurdo seria evitado se a Junta se dispusesse a construir o armazém que pública e espontaneamente prometeu localizar em Lamego. Como até ao presente ainda não tentou cumprir, passam os serviços oficiais a ser menos respeitados.

Dentro de poucos anos sucederá o mesmo às frutas: plantações enormes sem os correspondentes frigoríficos.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Do pouco que disse e do muito que deixei por dizer, quis concluir que a agricultura e o agricultor da minha região caminham para o abismo e que as promessas de salvação tardam e não se vislumbra o dia do resgate.

Assim o demonstra a demora na dinamização do Douro, que foi prometida.

Mas temos esperança que dias melhores hão - de vir, por não estarem em causa dificuldades financeiras, nem elementos validos.

Esperamos por essa aurora, como «a árvore plantada junto da agua espera frutos novos».

Esperamos que se concretize o luminar pensamento do Sr. Presidente do Conselho, extraído do - notável discurso do Porto:

E que não se governa pêlos rótulos: tem de se governar de acordo com as exigências e as necessidades da Nação

E como tudo quanto a minha região pede é para bem da Nação, assim confiamos, em absoluto, no deferimento do Sr. Presidente do Conselho, para quem respeitosamente apelamos.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Moura Ramos: - Sr. Presidente: Duas palavras apenas: uma de regozijo e outra de agradecimento, uma vez que a gratidão ainda não é, felizmente, para muitos uma palavra vã.

Consciente das responsabilidades que me cabem como mandatário da Nação, em geral, e dos povos do meu distrito, em especial, ocupei-me nesta Câmara, na sessão de 17 de Dezembro de 1969, de vários problemas da rede rodoviária do distrito de Leiria, com maior relevância para a necessidade imperiosa e urgente da construção da variante à estrada nacional n.° l (Lisboa - Porto), que, de há tempos para cá, constitui o problema candente para a cidade do Lis.

E que, não tendo sido fácil à pequena e graciosa cidade acompanhar em actualização das suas rodovias o surto de movimento rodoviário que se tem vindo a processar em todos os campos, isto veio a traduzir-se num calamitoso congestionamento rodoviário ao nível da cidade, com repercussões graves para toda a cintura industrial que a cerca e para todo o distrito, com prejudiciais atrasos para todos quantos, neste ritmo febricitante da vida de hoje, tenham necessidade de por ali passar. O trânsito, sobretudo na zona da cidade onde existe maior agudeza de ordenamento e fluidez, é quase impraticável em diferentes horas, pelo que dia a dia se torna mais necessário e premente a construção da variante, necessidade a que já aludíramos na sessão de 29 de Março de 1963.

Mas reza a sabedoria popular que não há mal que sempre dure.

E porque o Governo tem perfeita consciência da necessidade de intensificar esforços no sentido de modernizar e ampliar a rede rodoviária nacional e está decidido a fazê-lo com toda a urgência possível, como o afirmou no acto da posse do actual presidente da Junta Autónoma de Estradas o ilustre titular das Obras Públicas, resolvido foi encarar o problema, fazendo-se os estudos competentes e, após a sua aprovação, dotar a obra com os meios financeiros necessários para a sua realização.

E chegou agora o momento culminante desta fase, segundo anunciaram os jornais diários: no próximo dia 4