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2792-(6) DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 138

13. Indústrias transformadoras. — Tomando como indicador do comportamento da indústria transformadora em 1971 as informações do inquérito realizado pela Corporação da Indústria, em Março deste ano, ter-se-á observado novo progresso, embora a ritmo menos acentuado do que em 1970, devido eventualmente a certa contracção na procura interna e acumulação das existências de bens manufacturados. No entanto, o grau de utilização do equipamento ter-se-á mantido elevado, parecendo, de forma geral, atenuar-se um pouco as dificuldades com recrutamento de mão-de-obra e com o abastecimento de matérias-primas.

Apreciando as quantidades produzidas nos primeiros meses de 1971, parece poder concluir-se por maiores produções, em grande número de indústrias de bens de consumo, nomeadamente as conservas de peixe, refinação de açúcar, bebidas, tabaco e malhas de fibras sintéticas; as conservas de produtos hortícolas e os têxteis de algodão têm-se ressentido de dificuldades nas exportações.

Os elementos estatísticos disponíveis revelam ainda maiores volumes de produção em 1971 nalgumas produções da indústria química, como pasta para papel e fibras artificiais e sintéticas, da indústria cerâmica e em trefilagem de metais não ferrosos.

Os produtos de madeira reconstituída e de cortiça foram favorecidos pela maior procura externa que para eles se verificou em 1971.

Quanto às indústrias de bens de investimento, a confirmarem-se as previsões formuladas no último inquérito da Corporação da Indústria, continuaram em 1971 a beneficiar de conjuntura expansionista. Na verdade, as encomendas em carteira, quer para o mercado interno, quer externo, têm-se mantido altas para empresas significativas do sector. Merece referir a união de esforços no sentido de melhor aproveitamento das possibilidades; a este objectivo obedeceu a realização do consórcio entre várias empresas com vista à renovação da via e produção de vagões normais e especiais destinados à rede ferroviária nacional.

Na produção siderúrgica completou-se em 1970 o arranque da laminagem a frio, da estanhagem e da galvanização, facto que veio permitir maior actividade produtiva.

A indústria de reparação naval manteve intensa actividade, tendo-se inaugurado no ano em curso a doca gigante que permitirá docar navios de 1 milhão de toneladas deadweight.

Relativamente à construção, o acréscimo de 13 e 23 por cento do número de licenças concedidas, respectivamente, para o total de novas construções e para o de habitações, entre os 1.ºs semestres de 1970 e 1971, é indicador de maior actividade neste sector.

14. Transportes e comércio. — A avaliar pelos dados publicados para o 1.° semestre deste ano, intensificou-se o tráfego total de mercadorias nos portos do continente, tendo-se observado acréscimo no relativo aos navios nacionais.

O número de passageiros-quilómetro transportados por caminho de ferro nos primeiros seis meses do ano em curso foi pràticamente igual ao observado em período análogo de 1970; espera-se que a situação venha a melhorar até final do ano, não devendo, porém, atingir acréscimo superior ao do ano transacto (+2 por cento). O número de toneladas-quilómetro excedeu, no 1.º semestre deste ano, de 5 por cento o registado nos mesmos meses de 1970; não considerando, porém, o transporte de materiais para renovação da via, torna-se mais aparente o comportamento estacionário do tráfego de mercadorias, na linha de tendência que vem sendo observada nos últimos anos.

Continuou a observar-se incremento no transporte das carreiras regulares interurbanas de passageiros.

Os transportes aéreos voltaram a evidenciar expansão em 1971, traduzida por acréscimo sensível no número de aviões que fizeram escala nos aeroportos da metrópole e no dos passageiros embarcados e desembarcados.

A companhia portuguesa concessionária dos serviços aéreos beneficiou desta expansão, elevando-se o número de passageiros-quilómetro e de toneladas-quilómetro de, respectivamente, 12 e 24 por cento entre os 1.ºs semestres de 1970 e 1971, acréscimos que, contudo, foram inferiores aos registados no ano anterior.

15. As empresas de transportes, particularmente ferroviário e marítimo, estão cada vez mais empenhadas no processo de reconversão e reestruturação, em face da impossibilidade de suportarem custos de exploração através de métodos convencionais e no sentido de melhorarem o serviço oferecido.

Assim, a C. P. procede à renovação de infra-estruturas e equipamento, bem como a alteração de sistemas de exploração, não se afigurando, por tal facto, admissível prever crescimento sensível neste período transitório, tanto no tráfego de passageiros como na carga transportada.

Também a exploração do tráfego marítimo, não obstante as providências tomadas para melhorar o sistema em vigor, continua a sentir as dificuldades emergentes de deficiências de infra-estruturas portuárias, falta de racionalização da mão-de-obra e subida dos custos.

A evolução da urbanização com desenvolvimento de núcleos perto das estradas e o fomento do turismo têm, de certo modo, contribuído para a expansão do transporte de passageiros por camionagem. Por outro lado, a autorização do aumento de dimensão de veículos de carga e a oferta de percurso porta a porta, aliados a outros factores, terão incentivado os transportes rodoviários de carga. Estes aspectos deixam prever perspectivas favoráveis, a curto prazo, nestes meios de transporte.

A procura crescente de transportes aéreos e o incremento esperado na actividade turística levam a admitir que se mantenha nos próximos meses o incremento neste tráfego, na sequência da evolução verificada no último quinquénio.

16. Relativamente à actividade comercial, o acréscimo de 21 por cento observado na cobrança do imposto de transacções no 1.º semestre deste ano evidencia um apreciável desenvolvimento, embora essa variação tenha sido influenciada também pelas alterações introduzidas no respectivo regime legal.

O maior volume de importações e exportações de produtos manufacturados concorreu para maior actividade do comércio da especialidade.

Também o número crescente de licenças concedidas para obras de transformação, ampliação e restauro, nos sectores do comércio, bancos e seguros, pode tomar-se, em certa medida, como indicador de maior desafogo das empresas desses sectores. Continuam a ser introduzidas modernas técnicas de distribuição, prosseguindo a expansão de unidades de venda em livre serviço em várias localidades do País.

17. Turismo. — A actividade turística mantem-se progressiva. O número de estrangeiros entrados na metrópole nos primeiros oito meses deste ano excedeu de 13 por cento o registado em período homólogo do ano ante