3740 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 189
O Orador: - E assim foi planeado todo. um conjunto de obras e reequipamento que já permitiu resolver algumas das dificuldades mais graves e na sua prossecução há-de resolver todas as demais, por forma a suportarem-se, capazmente, os próximos quatro ou cinco anos.
Os novos serviços de obstetrícia e pediatria, em que as diferenças entre pobres, remediados e ricos são mínimas e funcionam modelarmente, suo exemplo da primeira fase. Todas as obras em curso na sede do Hospital e a remodelação e ampliação a efectuar no serviço de cirurgia silo exemplo das fases seguintes.
Os números atrás citados justificariam amplamente, por si só, os dinheiros públicos investidos neste plano. Quanto a condições para os doentes serem acolhidos e o corpo clínico e o pessoal técnico obrigado a trabalhar, atingira-se o inaceitável. Quanto a capacidade de resposta as exigências impostas pelo aumento constante de serviço, estaria prestes a atingir-se a ruptura.
Tendo, todavia, havido, como houve, o cuidado de acautelar a futura utilização das instalações, agora recuperadas, para, após a sua substituição pelas do novo hospital, complementarem estas, então o investimento é não só justificável como ainda representa uma inteligente e sensata administração.
Julgo que julgo bem ao pensar que é assim, conciliando o desejável e o possível, realizando este sem comprometer aquele, que o interesse público deve ser gerido. Â orientação imprimida a este problema principal da assistência hospitalar do distrito de Viana do Castelo constitui um exemplo que o País deve aplaudir.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem!
O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: Como é do conhecimento geral, pela última revisão da Constituição o número de Deputados u Assembleia Nacional passou de ISO para 150. Estou certo, e comigo os restantes Deputados que foram eleitos pelo círculo de Setúbal, que a este virão a caber alguns dos novos lugares. No momento próprio, o Governo não deixará de ponderar a importância social,'conómica e política do distrito de Setúbal. No entanto, é para mim ocasião de fazer aqui algumas breves considerações sobre a matéria. Socorro-me, para isso, dos números patentes no parecer sobre as contas gerais do Estado referentes a 1970, já que para 1971 não se dispõe ainda de números definitivos.
Perfeitamente definido em duas zonas, conta o distrito de Setúbal, ao norte, com os concelhos de Almada, Barreiro, Seixal, Montijo e Setúbal, de estrutura industrial, cada um deles com população superior à de muitas das nossas cidades, mesmo capitais de distrito. Pelo último censo, que pecou por diferença, Almada tem 108 150 habitantes, ò Barreiro, 58 244, Seixal, 35 957, Montijo, 41 681 e Setúbal, 64 531. Na mesma zona, o concelho da Moita, de fundo rural, conta, porém, com uma freguesia, a da Baixa da Banheira, onde residem 20 025 pessoas, familiares de operários que trabalham no Barreiro e no Seixal, O Pinhal Novo, freguesia rural, se bem que entroncamento ferroviário, do rural concelho de Palmeia, receberá em terrenos seus e em breve o novo Aeroporto de Lisboa, com o consequente aumento de equipamento urbano.
Ao sul, ficam os concelhos de estrutura acentuadamente agrária, entre os quais o de Sines será convertido em novo pólo de expansão industrial, com o natural enfartamento populacional do vizinho concelho de Santiago do Cacem; onde a praia de Santo André, tal como a de Melides, no concelho de Grândola, serão valorizadas pela inutilização de algumas das de Sines. Para já, conta o distrito com 464 218 habitantes, o que representa um aumento de 24 por cento em relação a 1960, ocupando nesse aspecto o quinto lugar entre os distritos metropolitanos.
Nesta configuração sócio-económica, não admira, pois, que o distrito de Setúbal tenha contribuído para as receitas do Estado, em 1970, com 49 788 contos de contribuição predial, a maior depois de Lisboa e Porto e muito acima das dos restantes distritos. O que mais de perto se lhe segue é o de Coimbra, com 26 245 contos.
De contribuição industrial pagou 188014 contos, ocupando o quarto lugar, mas em capitação por habitante ou por contribuintes o terceiro. Também quanto ao pagamento de imposto profissional de conta própria ocupa o quinto lugar, com 791 contribuintes, estando Coimbra h sua frente apenas com mais 20, mas, tratando-se de actividade por conta de outrem, volta Setúbal ao terceiro lugar entre os distritos com l 857 821 tributações. Aveiro, logo a seguir, em quarto lugar, tributou menos 285 109 rendimentos, o que atesta o valor, em número de empregados, das empresas estabelecidas em Setúbal. Ora, com o conteúdo sócio-político que facilmente se compreende pêlos números apresentados, conta o círculo eleitoral de Setúbal apenas com quatro lugares de Deputados. Não será exagero pedir que esse número duplique, com vista à próxima legislatura.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Por isso se baterão todos aqueles que ao distrito de Setúbal estão ligados, pois sabem quê se batem por uma decisão de realismo político.
Vozes: - Muito bem!
O Sr. Duarte do Amaral: - Sr. Presidente: Apenas tomarei à Câmara uns três ou quatro minutos numa das nossas últimas sessões, para tratar de um assunto que parece sem importância, mas que todos os dias incomoda e irrita toda a gente, de norte a sul do País.
Refiro-me á forma como estão elaboradas as listas de assinantes da rede telefónica nacional.
Os assinantes encontram-se, de uma forma geral, juntos por grupos de redes, nada tendo que ver os grupos de redes que resultam de uma organização técnica adequada com a real divisão do País.
Não há dúvida de que todos nós, quando queremos procurar uma terra, sabemos geralmente a que concelho pertence, ou por ser a sua sede, ou porque é a aldeia de tal, no concelho de tal. Isto facilita extraordinariamente a procura e é o que está de acordo com a nossa vida quotidiana. E não me parece que neste ponto haja qualquer vantagem em reeducar os portugueses . . .
Todos sabemos que as listas telefónicas têm as explicações suficientes para, consultando-as cuidadosamente, se descobrir em que grupo de rede está o telefone procurado, mas isso não é prático, nem lógico, nem honroso para muitas terras, e constantemente irrita os clientes dos telefones e dificulta, por consequência, a vida de todos os dias.
O serviço dos Correios, a quem não se podem negar os maiores elogios sobre tantos aspectos, deverá mais uma vez facilitar a vida dos utentes dos telefones, organizando a lista por concelhos. Não se compreende, de facto, que para telefonar para a praia da Póvoa de Varzim se vá procurá-la no interior, em Vila Nova de Famalicão; que para falar para Felgueiras ou Celorico de Basto se tenha de abrir a lista em Penafiel; que para telefonar para o Pinheiro da Bemposta.se procure em S. João da Madeira,