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25 DE NOVEMBRO DE 1972 3951

As esperanças de que então dei conta não foram iludidas - as certezas que já então me animavam são hoje um facto.
Sr. Presidente: Quem se debruce sobre o traçado das auto-estradas, que figura anexo ao Decreto n.° 467/72, facilmente verificará o alto sentido nacional com que foi pensado.
Sentido nacional que preside a toda a política de um Governo que quer os Portugueses onda dia mais próximos uns dos outros, todos cada vez mais próximos dos benefícios do desenvolvimento.
Julgamos saber que, ao optar-se pelo traçado que o Diário do Governo de anteontem nos deu nota, tiveram de se arredar facilidades tentadoras, como poupanças sem sentido.
Tiveram de se evitar caminhos fáceis, como soluções cómodas, pois, raramente, esses caminhos e essas soluções são os que mais interessam ao País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, Sr. Presidente, amanhã, quando percorrermos tais vias, dificilmente seremos capazes de conceber as montanhas que houve que rasgar, os lodaçais que foi necessário secar, as pontes que se impôs construir, para aproximar mais os Portugueses, para Lhes dar um Portugal de amanhã melhor que o de hoje.

O Sr. Serras Pereira: - Muito bem!

O Orador: - E tudo isso, Sr. Presidente, não será obra de caterpillars ou de gruas, mas aniles é obra da cuidada meditação de quem, aqui bem próximo de nós, tem como única prancheta de trabalho a do interesse nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Permita-me V. Exa. que em todo este imenso projecto destaque dois aspectos que julgo deverem merecer a especial atenção da Câmara e do País.
Diz o primeiro respeito ao sentido de aproximação entre o litoral e o interior, que claramente se afere do troçado da auto-estrada do Norte.
Julgo que esse sentido deve ser aqui justamente realçado, porquanto, se o vemos constantemente afirmado, raramente o temos visto, como agora, concretizado.
Chamei a atenção, quando da minha intervenção de Abril de 1970, para o facto de que o desenvolvimento de muitas das nossas regiões do interior se processar a um ritmo bastante mais lento que o das regiões do litoral se deve mais a razão do seu difícil acesso a este, onde estão situados os grandes pólos de consumo, que as suas condições naturais.

O Sr. Dias das Neves: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Dias das Neves: - Quando dessa intervenção de V. Exa. em Abril, se está lembrado, também eu pude comungar e compartilhar das mesmas preocupações. Creio, portanto, que este momento é azado para felicitar V. Exa. pela oportunidade da intervenção e pelo brilho das palavras que está a proferir.
Também quero dirigir, com V. Exa., uma saudação especial ao Governo pela maneira como enfrentou o problema que, quanto a mim, vem dar extraordinária vida no vale do Tejo e, portanto, a todo o distrito de Santarém,
que nos elegeu a nós dois e que terá assim mais um elemento a contribuir para o seu desenvolvimento.
Associo-me, portanto, às palavras de louvor que V. Exa. não deixará, com certeza, de ditar ao Governo da Nação.

O Orador:- Muito obrigado pelas suas palavras, Sr. Deputado Dias das Neves, que estou bem certo serão peso fundamental na leveza das palavras que estou a proferir.
Ora, o facto da no traçado da auto-estrada do Norte se ter optado por uma interiorização, vencendo dificuldades e custos que não ignoramos, vem demonstrar que o Governo não só considera esta como a política certa, como está já a movimentar todos os meios ao seu alcance para se dar realização.
Desta bancada, e com toda a confiança, pedimos ao Governo que prossiga.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que prossiga, pois se o único fito que nos liga à vida pública é o de querermos ver um Portugal forte e unido, jamais podemos conceber tal unidade onde a pobreza e a riqueza, o bem-estar e a dificuldade, as lágrimas e o riso, tenham a separá-los um meridiano geográfico.
Que a auto-estrada, Sr Presidente, mais que um marco, seja um símbolo, mais que um símbolo, uma direcção.
Um segundo ponto me parece merecer algumas palavras, por breves que sejam:
Vão as auto-estradas nascer de uma estreita colaboração de trabalho e preocupações entre a Administração e uma entidade privada.
Julgo de realçar o facto apenas para dele retirar duas conclusões:
Num país que quer progredir, sem atropelo dos valores que temos como balizas de todos os nossos actos, de todas as nossas opções, o progresso não poderá verificar-se se as entidades privadas se não consciencializarem de que têm também uma missão pública a cumprir e que toda a sua razão de ser desaparecerá no dia em que estes interesses, ao seu fim último, passem a ser antagónicos.

O Sr. Serras Pereira: - Muito bem!

O Orador: - O capital, a técnica, a compreensão das necessidades presentes como dos objectivos futuros de uma comunidade, não podem, em realizações de interesse tão vasto como o presente, ser um exclusivo do Governo ou do Estado que venha a ser seu beneficiário.
Assim se compreende que seja bem-vinda e tratada sem discriminação toda a colaboração externa.
Devemos estar tão abertos a tal colaboração quanto desejamos, e veementemente o dizemos, que o Mundo esteja à, que lhe podemos oferecer.
Sr. Presidente: Desejei ser breve, não consegui sê-lo tanto quanto ambicionei
Não quereria, contudo, terminar esta minha intervenção sem lhe dar uma nota que muito grata é ao meu coração de homem de Santarém:
Toda a região em que nasci - toda a região que nos elegeu para seus representantes - rejubila pela decisão do Governo.
Seremos amanhã mais ricos, porque somos hoje melhor compreendidos.
Seremos amanhã mais progressivos, porque anteontem nos foram dadas mais condições para o nosso desenvolvimento.