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4154 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 210

presente, não há complementaridade, mas sim concorrência entre alguns produtos brasileiros e portugueses.
Mas o que importa sublinhar nestes encontros é a tomada de consciência dos empresários dos dois países, das profundas transformações de estruturas por que está passando a sociedade contemporânea e da necessidade de adoptar, esquemas adequados às novas realidades, pois só assim será possível o desenvolvimento e a participação em outros espaços económicos que, no mundo, se estão a organizar ou a desenvolver.
O Brasil tem em Portugal uma plataforma para lançar os seus investimentos e colocar produtos nos mercados europeu e africano. Portugal tem no Brasil um vasto mercado com abertura para toda a América Latina.
À comunidade luso-brasileira representa, oeste momento, um mercado de 120 milhões de pessoas e, talvez, ainda dentro de 30 anos, possa vir a constituir um mercado de 200 milhões. Os recursos económicos e populacionais são, assim, incomensuráveis e se não os aproveitarmos outras nações o farão. Nos dias de hoje não pode perder-se a oportunidade de juntar ao convívio fraterno - que nos é tão caro - acções tendentes ao aproveitamento das potencialidades que se oferecem para melhorar os actuais padrões de vida.
A nossa capacidade de criação e de organização está bem expressa nos empreendimentos de Cabora Bassa, Sines, novo aeroporto de Lisboa, auto-estradas, construção naval, siderurgia, cimentes, madeiras e electrónica.
Os Brasileiros precisam de conhecer melhor todos estas realizações e os grandes objectivos da nossa política económico-social. É nosso dever levar ao conhecimento do povo brasileiro esta magnífica realidade para que, esclarecido, possa repudiar, com conhecimento e convicção, os deformações, as mentiras e as torpes insinuações dos inimigos de Portugal.
Este conjunto de empreendimentos que nos projecta para mais altos níveis de progresso e de bem-estar é fruto da inspirada orientação do Chefe do Governo, que definiu, também, com clareza e objectividade, as bases de uma política externa, cujo rumo aponta para a participação activa, franca e aberta com os povos de vários continentes que, lealmente, connosco queiram colaborar.
Reconforta ouvir, nos conturbados tempos de hoje, as palavras desassombradas do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, chanceler Gibson Barbosa, proferidas no regressar da sua viagem a vários países de África, quando diz que, «em todos os países africanos, visitados encontrou a manifestação clara e inequívoca de que é altamente desejável a presença de Portugal em África».
Gostaríamos que S. Exa. também visitasse o ultramar português para poder apreciar o grandioso esforço de desenvolvimento que ali se está a realizar e que desejaríamos ampliar e enriquecer com a presença do investimento brasileiro. Veria, então, o ilustre homem público como as gentes de além-mar amam a sua Pátria; veria que nós estamos sempre dispostos à colaboração com todos os países amigos e que, com gente assim tão laboriosa, não será difícil a construção do universo luso-brasileiro, alicerçado nas afinidades do sangue, da língua, da cultura e da comunhão do espírito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Castelino e Alvim: - Sr. Presidente: Vão passados quase quatro anos que, numa das minhas primeiras intervenções nesta Câmara, disse que uma análise atenta da vida da Assembleia Nacional nos levava a concluir ser esta constituída por duas câmaras, funcionando uma antes da «Ordem do dia», como representante de interesses locais ou sectoriais, outra, após este período, como câmara, legislativa.
Sem menosprezo por esta última função, creio bem ter a primeira tal interesse que só a sua inexistência poderia dizer do valor e relevância que tem na vida do País.
É a Assembleia Nacional uma câmara política e, a nosso ver, fazer política é, sobretudo, auscultar aspirações dos homens e dos povos, equacionar para elas as soluções possíveis, escolher de entre todos, a melhor, lutar por que a solução escolhida seja adoptada com celeridade, justiça e sentido nacional.
Fazer política não é, como bem o acentuou recentemente o Sr. Presidente do Conselho, «cultivar o desvaira das utopias estéreis», mas sim trabalhar e lutar pelo interesse geral.
Trabalhar e lutar pelo interesse geral, numa câmara política, não pode confundir-se com fazer filosofia política, tomando como cátedra a tribuna parlamentar, por muito interesse e propósito que tenha tal filosofar.
Queremos e desejamos boa doutrina e sus ideias, mas queremos e devemos, sobretudo, oferecer ao País a forma prática de realizar e consubstanciar os mais altos interesses nacionais.
Ora, se o interesse nacional não tem, fatalmente, de ser a súmula dos interesses particulares rios indivíduos e dos agregados, sem dúvida o interesse nacional, o bem comum, só se alcança tomando em conta e tendo bem presentes tais interesses.
O interesse nacional não paira, olìmpicamente, acima dos legítimos interesses dos indivíduos e dos agregados que formam a Nação.
Sr. Presidente: Ao chamar, hoje, a muito especial atenção, desta Câmara e do Governo para problemas da região que me elegeu, faço-o, acima de tudo, por estar certo de que eles revestem verdadeiro interesse nacional, faço-o à luz e em nome desse interesse. À luz e em nome desse interesso peço à Câmara e no Governo que os considerem e lhes dêem solução.
Sr. Presidente: No próximo mês de Junho perfazem vinte anos que abriu ns suas portas, em Santarém, a Feira do Ribatejo.
Sonho de um punhado de homens, aventura de uma cidade, trabalho de uma região, é hoje uma realidade que transcende tais homens e tal região, a Feira Nacional da Agricultura.
Mas, se o sonho que lhe deu origem se podia consubstanciar em alguns palmos de terra, a Feira Nacional da Agricultura deixou de caber nos oito hectares em que faz assento, e, Sr. Presidente, se a Feira se não puder alargar, se não puder continuar a exercer a função de verdadeira feira da lavoura e para a lavoura portuguesa, se não puder continuar a evoluir e engrandecer-se, a Feira morre.

O Sr. Magalhães Mota: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Magalhães Mota: - Creio que V. Exa. está a abordar um problema que efectivamente, como disse, transcende os justos interesses de uma região para se transformar em algo que é realmente de interesse nacional. E também eu, como todos nós, se queremos neste momento associar-nos aquela íntima satisfação, até do dever cumprido, que hão-de sentir os que ao longo destes vinte anos foram capazes de dar corpo e alma ao que é hoje a Feira Nacional da Agricultura, me associo àquilo