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23 DE JANEIRO DE 1985 1499

Octávio Augusto Teixeira.
Paulo Areosa Feio.
Zita Maria Seabra Roseiro,

Centro Democrático Social (CDS):
Abel Augusto Gomes Almeida.
Adriano José Alves Moreira.
Alexandre Carvalho Reigoto.
Alfredo Albano de Castro Azevedo Soares.
António Filipe Neiva Correia.
António Gomes de Pinho.
António José de Castro Bagão Félix.
Armando Domingos Lima Ribeiro Oliveira.
Francisco António Lucas Pires.
Francisco Manuel de Menezes Falcão.
Henrique Manuel Soares Cruz.
Hernâni Torres Moutinho.
Horácio Alves Marçal.
João Carlos Dias Coutinho Lencastre.
João Gomes de Abreu Lima.
Joaquim Rocha dos Santos.
José Luís Nogueira de Brito.
Luís Eduardo da Silva Barbosa.
Luís Filipe Paes Beiroco.
Manuel António Almeida Vasconcelos.
Manuel Jorge Forte Goes.

Movimento Democrático Português (MDP/CDE):

Pinheiro Henriques.
José Manuel Tengarrinha.
Raul Morais e Castro.

Agrupamento Parlamentar da União da Esquerda
para a Democracia Socialista (UEDS):

António César Gouveia de Oliveira.
António Poppe Lopes Cardoso.
Joel Eduardo Neves Hasse Ferreira.
Octávio Luís Ribeiro da Cunha.

Agrupamento Parlamentar da Acção Social-Democrata Independente (ASDI):

Joaquim Jorge de Magalhães Mota.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, deu entrada na Mesa, e segundo penso com a aquiescência de todos os grupos e agrupamentos parlamentares, o voto de pesar que vai ser lido.
Foi lido. É o seguinte:
Considerando o enorme contributo dado pelo padre Manuel Antunes, recentemente falecido, para o enriquecimento da cultura portuguesa contemporânea.
Considerando designadamente que o ensino na Faculdade de Letras de Lisboa foi expressão de um saber que é solidariedade e esperança nos homens e um ponto de referência na Universidade portuguesa.
Considerando que proeurou, através do diálogo entre os diversos saberes - as ciências, a filosofia, a literatura e a história - a compreensão mais funda do sentido das correntes culturais que atravessam o mundo.

Considerando a sua dignidade de homem, de intelectual e cidadão aberto permanentemente ao diálogo e à procura da verdade, os deputados abaixo assinados propõem à Assembleia da República:
Um voto de pesar pelo falecimento do padre Manuel Antunes uma das grandes figuras da cultura portuguesa contemporânea, homem de uma notável estatura moral e um espírito permanentemente aberto ao diálogo e à procura da verdade.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vou proceder à sua votação.
Submetido a votação foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cardia.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Desapareceu uma grande figura intelectual, o padre Manuel Antunes. Era um homem de aspecto frágil, presença discreta, expressão sóbria, olhar vivíssimo.
Foi professor. Honrou a Faculdade de Letras e a Universidade. Durante mais de 15 anos sobrecarregaram-no com um serviço docente esmagador em disciplina não coincidente com o essencial dos seus interesses intelectuais. Era uma cadeira do 1.º ano, de frequência obrigatória para quase todos os alunos da Faculdade: um mundo de quase 1000 estudantes a que era preciso falar sem microfone e que era necessário examinar no fim do ano. Filósofo dos mais informados e vocacionados da cultura portuguesa deste século e pensador de fundamental inquietação filosófica, só pôde ensinar filosofia após a revolução de Abril.
Todavia apesar de esses e outros obstáculos com que dolorosamente houve de defrontar-se ao longo da vida, dedicou-se ao ensino com modéstia, com determinação, aparentemente com alegria.
As suas aulas eram um espectáculo de rigor, de informação, de ordem, de eloquência, de elegância. Mas constituíam, para além de isso, um desafio à curiosidade do espirito, um estímulo ao pensamento próprio, um convite à reflexão. Submeteu-se na prática ao lema que uma vez enunciou: tão difícil é a reflexão como fácil a informação e a erudição. Ouso admitir que muito poucos dos seus antigos alun8s o terão esquecido ou o poderão esquecer, mesmo entre quantos - e é a imensa maioria - se não interessem pelas matérias que leccionava.
Foi um grande escritor. Prosa límpida e rigorosa, fluente e disciplinada, ágil e cristalina, imaginativa e objectiva, intuitiva e racionalizada. Poucos portugueses conheci que tão bem dominassem a expressão oral e a expressão escrita.
Como foi aproximadamente o caso de António Sérgio, de quem era amigo, não nos deixou em rigor um livro. A amplitude de horizontes intelectuais, á solicitação de publicação periódica, certamente o desejo de intervir no dia-a-dia levaram-no a entregar-se à redacção de ensaios de média dimensão. Sobre filosofia, literatura, acontecimentos e problemas sociais, educação. Quantos deles, na aparente simplicidade e na real densidade, não pressupõem trabalho de informação sufi-