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26 DE ABRIL DE 1989 3311

Na ética da conciliação não podem ficar de lado a dimensão do interesse colectivo e o respeito supremo da vontade do Povo.
Cabe também ao Parlamento, uma- vez arejadas e discutidas as diferenças, colaborar na pedagogia das soluções encontradas.
É que viver em democracia é compreender o calor dos debates, necessário à expressão das diversas convicções. Porém; se do trabalho do Parlamento, ficasse- apenas o enunciado das diferenças; ter-se-ía dele uma ideia redutora e falseada.
A discussão é salutar; é o primeiro momento na construção das soluções.
Mas são estas o que importa reter e dar público conhecimento. Porque são elas que vão ditar os caminhos da sociedade.
Sr.ªs e Srs. Abril trouxe consigo a possibilidade do desenvolvimento e da integração nas Comunidades.
Celebramos este aniversário no meio de um, processo de Revisão Constitucional, que tem como objectivo primeiro, adequar a Lei Fundamental do País às necessidades do presente e, acima de tudo, às exigências do futuro. Não pode haver progresso quando se está tolhido por obstáculos insanáveis.
Impunha-se que a Constituição não fosse, ela própria, entrave ao desenvolvimento do Portugal Comunitário. Desenvolvimento que é o grande desafio de hoje exige uma modernização que nos coloque a um nível semelhante ao dos demais países europeus.
Galgar as disparidades substanciais que ainda persistem vai impor determinação e apego, o abandono de rotinas, alguns sacrifícios e obriga a uma educação para o futuro.
É um grande desafio. Está ao nosso alcance.
O Povo Português conta com um passado em que soube responder às grandes exigências. Sejamos, mais uma vez iguais a nós próprios.
0 desafio de hoje nem sequer tem comparação com outros, como os Descobrimentos, cujos quinhentos anos agora também comemoramos.
Mas aproveitemos os exemplos do passado para transportar para os dias de hoje a força de vontade, a clarividência, uma inteligente e consciente audácia,
a capacidade, de conjuntamente arquitectar e dar forma a um projecto,
isto é possível, hoje, em Democracia.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Vai dirigir-se à Câmara a Sr.ª Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau Sr.ª D. Carmem Pereira.

A Sr.ª Presidente da Assembleia Nacional Popular de Guiné-Bissau (Carmen Pereira): - S. Ex.ª Sr. Presidente da República Portuguesa, S. Ex.ª Sr. Presidente, da Assembleia da República; S. Ex.ª Sr. Primeiro-Ministro, S. Ex.ª Sr. Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: É com elevada honra e prazer que tomo hoje á palavra nesta Assembleia da República, símbolo da democracia reconquistada com o 25 de Abril, para em nome da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau vos transmitir a mensagem de amizade e de solidariedade do povo guineense e quero ainda aproveitar para agradecer a amabilidade do convite que me foi dirigido.
Que me seja permitido aproveitar o ensejo, para apresentar a S, Ex.ª o Sr. Dr. Mário Soares, Presidente da República Portuguesa, os melhores votos e as saudações amigas da S. Ex.ª o General João Bernardo Vieira, Presidente do Conselho de Estado da República da Guiné-Bissau.
A nossa presença nas comemorações do 15. º Aniversário da Revolução dos Cravos, oferece uma ocasião particular para prestar uma singela e profunda homenagem ao povo português, nosso aliado de todos os e de todos os sacrifícios.
Dizia Amílcar Cabral, líder imortal do povo guineense e grande amigo de Portugal que:

O nosso inimigo, não é o Povo Português, para nós, combatentes da liberdade das colónias portuguesas, este inimigo é o colonialismo português... 15to não é culpa do povo português que, em certo momento da história, soube mostrar o seu valor, a sua coragem, a sua capacidade e que, hoje mesmo, possui filhos capazes; filhos justos, filhos que querem também: reconquistar, as liberdades e a felicidade do seu Povo.

A liberdade dos nossos povos reencontrada, aliada à utilização da mesma língua, permite-nos hoje, mergulhar, ás raízes no passado, que apesar de algumas
vezes marcado por contradições, e conflitos, nos é comum, e aí buscar o húmus que alimente e fortaleça os laços de amizade que nos unem traduzindo-os numa
cooperação bilateral exemplar e mutuamente vantajosa.
Significa isto que o relacionamento entre, os nossos países deverá assumir uma, nova dimensão e obedecer à vontade política já manifesta de promovermos uma cooperação que corresponda ao grau de afinidade forjada ao longo de séculos de convívio comum.
Como exemplo disso lembramos as recentes comemorações do 4.º centenário da Cidade de Cacheu, marco histórico do primeiro encontro e de interpenetração das culturas guineense e portuguesa.
É igualmente prova dessa vontade, a visita ao nosso país de S.Ex.ª o Primeiro-Ministro de Portugal, Professor Dr. Aníbal Cavaco Silva, durante a qual foram assinados vários acordos que cobrem diversas áreas de grande importância para os vossos países, com particular realce, para o arranjo monetário e que testemunham da. mudança qualitativa que se operou na nossa cooperação- bilateral.
Esperamos que com a nova filosofia de cooperação que se instaurou entre os nossos países, Portugal irá contribuir de forma relevante, na presente conjuntura, para o desenvolvimento sócio-económico da Guiné-Bissau.
Sr. Presidente; Excelências; Srs. Deputados: A cooperação, entre os nossos países não se pode realizar à revelia, da actual conjuntura económica internacional.
Com efeito, a economia dos países em desenvolvimento; sobretudo dos menos avançados, caso da Guiné-Bissau, vem sendo afectada; pelos efeitos nocivos da actual ordem económica internacional.
Esta conjuntura internacional desfavorável, caracterizada por factores tais como a deterioração continua dos termos de troca; o peso crescente do endividamento e a diminuição da ajuda pública ao desenvolvimento, atada a uma estratégia de desenvolvimento inadequada, na década do pós-independência conduziram à degradação crescente da nossa economia.