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5130 I SÉRIE-NÚMERO 105

esta manhã - os humilhados e ofendidos pelas Bastilhas do sectarismo e da intolerância pelas manobras dos mitos?
Ainda ontem se adora a se adora na praça pública o bezerro ou a deusa da Razão Absoluta do Ser Supremo e na sua versão mais próxima da classe operária, do materialismo histórico e do seu cegamente falível partido político.
Feliz a nossa época que assiste aos fragorosos estretores desses mitos que de novo aprisionaram homens e povos, Bastilhas que se desmoronam e cujas pedras caem uma a uma com o pungente estrondo das alturas que pareciam inacessíveis argamassadas pela violência dos mitos e pelo sofrimento das torturas dos pareceres e da própria morte.
Vemos o filme dos acontecimentos, Srs. Deputados e veremos nele a nossa história recente. As reformas que não ocorrendo conduzem à revolução. E a revolução que uma vez mais e sempre não faz as reformas mas que urge fazer que temos de fazer que queremos fazer, nós todos aqueles que acreditamos no homem e que por isso mesmo começamos por esperá-lo e desde logo nas suas opções em eleições ???
Hoje que comemoramos a tomada da Bastilha hoje na nossa vida política - é forçoso reconhecê-lo - há os de mum certo retorno a secretismos que julgamos vencidos a maniqueísmos de Bem e de Mal à introdução de novas adjectivações segundo as quais de um lado estará a luz a virtude, a honestidade o abc da
tolerância, o diálogo e do outro as trevas o erro, a falsidade, o obscurantismo, a arrogância, o autoritarismo. De onde vem estes novos mensageiros dos deuses? De que tragédia surgiram estes novos personagens. Que peça política estão de novo a escrever. Que alianças estão de novo a celebrar? Que finalidades buscam e a que resultados conduzi ao os seus pactos com os adversários declarados da democracia fazendo as suas viscerais alianças do negro período da nossa história recente do pós 25 de Abril?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados, ainda está quente o sofrimento dos últimos actos da luta que todos vivemos e já nos esvoaçam sobre as cabeças pavoneadas dos seus mitos e das suas palavras ocas.
Falam-nos do respeito pelo voto dos portugueses - para manipular a opinião que só aos portugueses pertence na expressão do seu voto.
Falam-nos do respeito pelas instituições do Estado democrático dos seus órgãos de soberania do poder local para afinal inopinadamente amesquinhando a sua imagem os transformarem em meros instrumentos e alibis dos seus jogos políticos.
Quantas Bastilhas não se erguem diariamente pela nossa frente. Quantos mitos não tentam de novo agrilhoarmos!
Srs. Deputados, que o facto de eu próprio tomando a palavra em nome do PSD ter utilizado como base do meu discurso um louro cedido por um adversário político seja o gesto simbólico neste bicentenário da tomada da Bastilha da comunhão de todos aqueles que jamais se separarão para além das suas divergências opções na luta pela destruição dos mitos dos sectarismos das intolerâncias e pelo respeito
daquilo que deve ser o princípio e o fim de toda a nossa acção política o homem e a sua liberdade.

Aplausos do PSD

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, dado que já foi distribuído o voto de congratulação apresentado na Mesa pelo Sr. Deputado Raul Rego e subscrito por elementos de todos os grupos parlamentares creio que faria sentido pô-lo desde já à votação. Posteriormente usariam da palavra os Srs. Deputados que sobre ele não tivessem intervindo.
Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, pela minha parte prefiro fazer a minha intervenção desde já.

O Sr. Presidente: - Sendo assim todos os Srs. Deputados dos diversos grupos parlamentares que ainda não intervieram sobre esta matéria e que o desejem fazer antes da votação, podem fazê-lo dispondo de cinco minutos cada. No caso de preferirem intervir após a votação em declaração de voto disporão de três minutos cada.
Para uma intervenção tem então a palavra, o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Raul Rego permito-me salientar que através das suas palavras esta evocação da Revolução Francesa teve a justa e devida homenagem.
As palavras do Sr. Deputado vieram trazer aqui os ideais de um futuro libertado na república dos cidadãos. Justas palavras as suas, as de um homem cuja idade - desculpe mencioná-lo - talvez o tenha tornado mais apto a compreender a modernidade e a transformação da vida, pois que é este o caminho para que apontou a Revolução Francesa.
A evocação hoje feita é justa, necessária e oportuna. Pena é que não tenha resistido a dignidade que lhe teria sido conferida por uma reunião plenária especialmente convocada para o efeito e exclusivamente dedicada a assinalar a data.
Alguns não quiseram essa reunião plenária especial com alegações que questionavam o próprio sentido da comemoração. Essa contestação mostra que a Revolução Francesa não é um qualquer facto histórico sepultado mas antes e ainda hoje um processo que divide e aproxima, que suscita paixões mas também ódios, que marca presença nas opções e na vida política actual.
Isto porque se na Revolução Francesa há um património comum - um acquis - há também o que ainda hoje é contestado, o que ainda hoje é edifício em construção
A Revolução Francesa deixou o legado das liberdades, dos direitos humanos, da democracia política. E um legado de valor intrínseco de carácter essencial nos ideais que nos animam, não questionável por quaisquer razões e em momento algum evocamos a Revolução Francesa para proclamarmos isto mesmo.
Mas a Revolução Francesa é também a Revolução. A Revolução que numa definição de rara beleza e a reacção da equidade, a chegada tardia da eterna