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13 DE JULHO DE 1989 5127

Por consequência, uma intervenção vinda da sua geração, que apoia a minha intervenção, anima-me no sentido de que ainda consigo ter o descernimento necessário para verificar factos inaceitáveis da instituição que ambos servimos.
A respeito dos motivos que levam a esta desastrada intervenção a que se referiu, vou-lhe apenas dizer o seguinte: tive, como todos nós, muitos homens que me deram aulas, professores muito poucos e de todos lembro-me sempre só de um: o Professor Rocha Saraiva - que não vejo celebrar como deviam...! -, o único professor que tive! E esse, quando lhe levávamos um problema destes - ele dava sempre umas aulas muito curtas - e lhe perguntávamos: Ó Sr. Professor por que é que só deu uma aula de cinco minutos? Ele respondia: o que não se pode explicar em cinco minutos, meu filho, é inexplicável. E acabava a sua intervenção, como eu acabo a minha.

Aplausos do CDS, do PS, do PCP, de Os Verdes e do Deputado independente Raul Castro.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, já ultrapassamos as 13 horas, mas, entretanto, a Mesa é informada - e creio que terá sido uma deliberação da conferência de líderes - de que os Srs. Deputados Raul Rêgo e Silva Marques farão ainda a apresentação de um voto relativo...

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - Peço a palavra, para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - Presumo, Sr. Presidente, que sendo o terceiro da lista de inscrições, sou o único excluído. Por isso, penso que sou o único que tenho o direito a exigir uma explicação.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, não sei se haverá até mais inscrições - tenho aqui, de facto, uma relação de inscrições que inclui de facto o Sr. Deputado Herculano Pombo em terceiro lugar -, mas a Mesa foi informada de que, por razões que entendeu explicáveis, seria oportuno produzir-se agora a intervenção do Sr. Deputado Raul Rêgo. Só que a seguir foi também informada de que o Sr. Deputado Silva Marques tem uma intervenção do mesmo tipo. Mas agora creio que todo este processo está alterado... Já estou a ver mais pedidos de palavra.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Orador: - De qualquer modo, Sr. Presidente...

O Sr. Presidente: - Só um momento, Sr. Deputado Carlos Brito.

Peço desculpa ao Sr. Deputado Herculano Pombo, mas pensei que já tivesse acabado.

O Orador: - Se me permite, acabo a minha interpelação.

Se o Sr. Presidente me permitir fazer a minha intervenção, devo dizer que ela não tem mais de dois minutos. .. E, enfim, eu não queria deixar de fazê-la, a não ser que fosse de todo em todo impossível, uma vez que prescindi de fazê-la em tempo de declarações políticas por não ter a dimensão normal de uma declaração política, mas tem oportunidade, segundo creio, portanto, gostaria de fazê-la noutro período.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, quero referir que, relativamente ao voto, o Sr. Deputado Raul Rêgo vai, naturalmente, fazer a sua apresentação, mas
todas as bancadas têm o desejo natural de marcar posição em relação a ele, seja em intervenções antes da votação, curtas e nos termos regimentais, seja em declaração de voto, após a votação. Isso está previsto, não foi excluído na conferência de líderes.

O Sr. António Guterres (PS): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, pela nossa parte, não vemos qualquer inconveniente em que assim seja. A nossa questão é a de sabermos se devemos fazê-la agora ou, eventualmente, no reinicio da sessão, à tarde.

O Sr. Presidente: - Se não houver objecções por parte das várias bancadas, iniciaremos os trabalhos às 15 horas com estas intervenções.
Não há objecções?

Pausa.

Como não há, dou por interrompida a sessão, que recomeçaremos às 15 horas.

Eram 13 horas e 10 minutos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, declaro reaberta a sessão.

Eram 15 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Raul Rêgo.

O Sr. Raul Rêgo (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Somos uma sociedade em movimento e em má hora foi tirada a palavra socialismo da Constituição. Como se tivéramos já saudades da inércia, daquele imobilismo que nos ia matando, isolados do mundo a quem pretendíamos dar lições e porque somos uma sociedade viva, com um ideal em frente, é que sentimos como nossa, como se fizera parte do nosso património político e social, a Revolução Francesa. A Revolução Francesa de 1789 é a mais universal de todas as revoluções da História Moderna, tão universal que se pode ter começado além do Atlântico, em Filadélfia, em 1776 e ter continuado, já em nosso século, em 1917, em São Petersburgo. Está bem longe de ter esgotado o seu ideário, de ter satisfeito as aspirações de Liberdade, Igualdade e Fraternidade que