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13 DE JULHO DE 1989 5123

portuguesa que está para entrar para a universidade. E isto o que está a acontecer.

Aplausos do CDS, do PS e do PRD.

Isto não pode acontecer, porque depois é escusado virem-nos perguntar se a culpa é dos professores, se e da família ou se é dos estudantes. Sabemos que a culpa morre solteira e que as vítimas são os estudantes.

O Sr. Silva Marques (PSD): - E as chantagens!?...

O Orador: - Sabemos que a juventude tem o futuro em suspenso e que esse comprometimento com o futuro que a maioria alega não se traduz em soluções positivas para eles.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Nem todos os professores aderiram à greve!

O Orador: - Nunca ocorreu aos professores universitários terem de chegar ao extremo de tomar atitudes que, sendo contra o Governo, vêm por reflexo a prejudicar os estudantes... e num ano em que se inventou um nova forma de acesso: o regime de acesso!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Se calhar não havia chantagem!

O Orador: - Peco-lhe, Sr. Deputado, que seja eloquente, mas não precisa de ser ofensivo para a universidade que o educou e que provavelmente o aprovou com eiró, porque se assim não fosse o Sr. Deputado não teria essas expressões em relação aos seus professores e à universidade.

Aplausos do CDS, do PS, do PCP, do PRD, de Os Verdes e do Deputado Independente Raul Castro.

A palavra "chantagem", da parte de um universitário, é impossível. Um universitário que a use em relação à instituição onde foi criado não merece pertencer-lhe e deve deixar de usar os títulos que injustamente ali recebeu.

Vozes do PS, do PCP e de Os Verdes: - Muito bem!

O Orador: - Devo dizer que não é importante o facto de nem todos os professores terem aderido à greve, e não nego isso. O importante é que há uma geração, que espera este ano entrar na universidade, geração essa que é sujeita a provas sem experiência, quer da parte deles quer da nossa parte - só quem não sabe da matéria, só quem não sabe da profissão, e que não o tormento que é a mudança de sistema em relação a estudantes ou a professores, e este sistema e dolorosíssimo

O Sr. Silva Marques (PSD): - Claro!

O Orador: - ... -, e o Governo é incapaz de evitar que o conflito surja. A imprevisão é desculpável no cidadão, mas já não é nos governos, porque as culpas políticas são objectivas e não subjectivas, e é assim que tem de ser julgadas.
Além do mais também queria dizer que, aproveitando a intervenção do Sr. Deputado, que considero infeliz, essa linguagem já tem sido usada em relação a outros grupos sociais, todos em conflito com o Governo, mas nunca em relação ao Governo.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Com certeza, desde que não seja para utilizar as mesmas expressões.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado, na medida em que considerava que a greve dos professores ia prejudicar a juventude, pressupunha-se que o Governo devia ceder. O meu comentário foi este: isso é um argumento de chantagem, do ponto de vista de aceitarmos esse quadro de relação negocial. Foi tudo, Sr. Deputado.

O Orador: - Sr. Deputado, devo dizer-lhe que a utilização dessa expressão significa que V. Ex.ª não sabe o que é o instituto da greve...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não me referi ao Sr. Deputado, mas à lógica sindical!

O Orador: - ..., porque o instituto da greve ofende sempre interesses de terceiros. Essa é a definição da greve...

Vozes do PS, do PCP, do PRD e de Os Verdes: - Ora bem!

O Orador: - .... basta ler o Sorel!...
Devo dizer-lhe que fiquei um pouco preocupado quando há momentos me disseram que não havia diferenças ideológicas fundamentais entre o CDS e o PSD... E fiquei preocupado porque ainda estudo muito, mas ainda não consegui - apesar do tempo que gasto a fazê-lo - chegar ao ponto de saber qual é o conteúdo ideológico do PSD...

Risos do CDS, do PSD e do PCP.

..., embora espere ainda vir a saber..., com tempo!
Agora, sei que o conteúdo da greve é este e que se traduz sempre em prejudicar interesses de terceiros. Sei que os professores devem estar amargurados por terem sido conduzidos a esta situação, porque desde 1974 - Ó Sr. Deputado, desde 1974! - que os professores não fazem uma reivindicação e o primeiro passo que o Governo dá e no sentido de lhes diminuir o estatuto. Efectivamente, isto não pode ser. Não se trata de culpas, trata-se de um processo social mal conduzido e com imprevisão.
O que neste momento desejo pedir ao Governo - e devo dizer-lhe que o faço com uma autoridade que não vou sublinhar nem analisar, mas que pouca gente terá nesta Sala e nesta profissão - é, em primeiro lugar, que se abstenha de usar para com os professores universitários a mesma linguagem que utiliza em relação aos grupos sociais que se lhe opõem. Que use, já que não pode ser uma linguagem parlamentar, uma linguagem universitária!
Em segundo lugar, peço ao Governo que tenha em conta que está em suspenso o futuro de uma geração