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12 DE SETEMBRO DE 1991 3439

nossa opinião bem. Foi sujeito a críticas, é natural, pois estamos em clima de pré-campanha, mas, em nossa opinião, é mais salutar e tem mais interesse para o País que essas críticas sejam feitas pela sua visita do que outras que eventualmente estariam hoje aqui a ser feitas se não tivesse lá ido ...

Uma voz do PS : - É uma vergonha!

O Orador: - Não sei se 6 uma vergonha, Sr. Deputado, pode dizer isso a seguir. Mas certamente que em clima de pré-campanha eleitoral se o Sr. Primeiro-Ministro não tivesse ido a Angola estava hoje aqui a ser criticado por não ter ido antes do Presidente Collor de Melo e ele ter ido lá antecipar-se e reforçar as posições do Brasil em Angola!

Aplausos do PSD.

Estamos preocupados com os interesses do País e o que lamentamos 6 que o Sr. Primeiro-Ministro tenha sido elogiado durante toda a visita por todos os partidos angolanos e depois existirem partidos em Portugal que, por estarmos em pré-campanha e confundirem o interesse partidário com o interesse do Pais, levantem críticas. Quer dizer, só depois, repito, é que surgiram críticas, problemas e atritos num processo extremamente importante para Angola e para Portugal. Lamento, pois, que por interesses estritamente partidários estejam a ser levantados problemas, atritos e prejuízos que atingirão certamente o nosso país.
Iria lembrar, Sr. Presidente, uma situação que eu próprio vivi em Janeiro deste ano integrando uma delegação da Assembleia da República às primeiras eleições livres e pluripartidárias em Cabo Verde. À chegada fui sujeito a fortes pressões e críticas, bem como outros deputados, nomeadamente do PCP e do PSD, por a delegação portuguesa integrar um deputado do PS que tinha estado em Cabo Verde três semanas antes a gravar tempos de antena para a televisão de Cabo Verde a favor de um partido - do PAICV. Depois de uma conversa, por solidariedade e para defesa do prestígio e dignidade desta Casa, demos todo o apoio ao nosso colega deputado, por quem o interesse do país que estava em causa.

O Sr. Domingos Duarte Lima (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Fazia hoje aqui um apelo ao bom senso, que já fiz aqui há dois meses e fui fortemente criticado por um certo agudizar de relações e de tensões, estimuladas por algumas pessoas como se viu e comprovou mais tarde, entre o Governo e o Sr. Presidente da República.
Fiz um apelo ao bom senso para que preservássemos o interesse do País.
Volto hoje a fazer um apelo ao bom senso: que os interesses partidários não ponham em causa um processo extremamente importante para o nosso país e que pode pôr em causa e ter reflexos negativos inclusive em participações e posições que Portugal deve assumir noutros processos, nomeadamente em Moçambique. Faço isto por Portugal, faço isto por Angola, faço isto por todos os portugueses em geral e, em particular, por aquelas centenas de milhares que, como disse há pouco, têm muitos dos seus interesses e grande parte do seu coração naquele território de África, que merece um futuro melhor.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Guterres inscreveu-se para que efeito?

O Sr. António Guiares (PS): - Para defesa da consideração e da honra da minha bancada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, esta intervenção do Sr. Deputado Hermínio Maninho representa um dos seus recentes contributos à campanha eleitoral do PSD e é nesse quadro que nós a entendemos.

Vozes do PSD: - E o José Magalhães e o Marques Júnior?

O Orador: - Por essa razão, ao utilizar o plural majestático quando referiu sem nossa opinião», não pensava, seguramente, na do PRD, mas sim na do PSD, como nós já sabíamos.
Quero apenas afirmar-lhe que contundiu tudo em relação ã presença do meu camarada Lopes Cardoso em Cabo Verde. É bom que se saiba que esteve nesse país duas vezes, em qualidades diferentes: na primeira, na mesma em que o Sr. Primeiro-Ministro foi a São Tomé e Príncipe, isto é, com a sua posição pessoal e, inclusivamente, partidária, tendo emitido as opiniões que entendeu, com todo o seu direito; na segunda, esteve integrado numa delegação da Assembleia da República e, já agora, gostava de perguntar ao Sr. Deputado Hermínio Maninho se ele participou nalgum comício de alguma das forças políticas de Cabo Verde.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para dar esclarecimentos, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Hermínio Maninho.

O Sr. Hermínio Martinho (PRD): - Sr. Presidente, aquilo que o Sr. Deputado António Guterres acabou de dizer não vem alterar nada do que eu disse, mas apenas servir de confirmação tratou-se de uma delegação da Assembleia da República que efectuou uma visita durante três ou quatro semanas.
Não vou fazer ao Sr. Deputado António Guterres a mesma pergunta por ele feita ontem ao Sr. Primeiro-Ministro, se a indicação do deputado Lopes Cardoso-e há pouco não o mencionei - foi feita três semanas depois por ingenuidade ou por premeditação.
Apenas sei o que lá vivi. Respondo-lhe, dizendo que o deputado Lopes Cardoso não participou em nenhum comício. Também desconheço se o Sr. Primeiro-Ministro participou nalgum comício, mas também não vi a mesma atitude da parte do Partido Socialista quando o Sr. Presidente da República se viu no Hospital de São João, no Porto, e no dia seguinte, em Guimarães, assediado pelo secretário-geral daquele partido em relação a esse aproveitamento político.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Trata-se, Sr. Deputado António Guterres, de uma questão de dignidade e de coerência: estou a falar por mim, não devo nada ao PSD nem a ninguém nem nunca esta questão foi debatida com os membros desse