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18 DE NOVEMBRO DE 1993 437

zer a isto? A isso não tem nada a dizer? Ou só tem algo a dizer em relação àquilo que, na sua opinião, mas erradamente, diz que está mal? Ó Sr. Deputado quem é que pode vir falar aqui em credibilidade e em confiança? É o partido Socialista?!... Ó Sr. Deputado Manuel dos Santos, quem é que pode vir aqui defender coesão económica e social? É o Partido Socialista, que, como já foi dito pelo Sr. Deputado Rui Carp, contribui apenas para destruir essa coesão económica e social? Ó Sr. Deputado, como é que pode vir aqui falar em coesão económica e social quando é o Partido Socialista que, externa e internamente, destrói todas as medidas de credibilidade do nosso Governo?!...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Isto não é a Câmara Corporativa nem a União Nacional!...

O Orador: - Sr. Deputado Manuel dos Santos, gostaria muito que, numa situação como aquela em que nos encontramos, da sua parte, e particularmente da parte do maior partido da oposição, houvesse uma compreensão mais realista, mais objectiva para os problemas que enfrentamos e que pudesse-mos dar as mãos para resolver os problemas dos portugueses.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Srs. Deputados do PSD - refiro-me, primeiro, aos Srs. Deputados que falaram da bancada do PSD -, não tenho, obviamente, a vaidade de pensar que os senhores reagiram ao meu desfio. Os senhores reagiram foi ao «puxão de orelhas» que, seguramente, o Governo vos deu durante esta noite,...

Risos do PS.

... e tentam atamancar...

O Sr. Antunes da Silva (PSD): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Se for rápido, faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Antunes da Silva (PSD): - Sr. Deputado, a título pessoal, e penso que em nome de todos os Deputados da minha bancada, quero dizer que não aceito «puxões de orelhas», nem é em função de «puxões de orelhas» que nós colocamos as questões ao Sr. Deputado ou a qualquer outro.

Aplausos do PSD.

O Orador: - Retomando o fio do meu discurso, os senhores não corresponderam ao meu desafio, os senhores corresponderam a uma atitude crítica que eu, emblematicamente, referi como sendo um «puxão de orelhas», que, como é óbvio, vos foi feito pelo Governo e, portanto, tentam agora, apressadamente, corrigir a vossa passividade no debate de ontem. E tentam fazê-lo atabalhoadamente!... Eu tive uma certa dificuldade em perceber algumas perguntas. Em primeiro lugar, porque o Sr. Deputado Rui Rio inaugurou, nos últimos tempos, um ritmo de «falação» - permitam-me a expressão popular - que o torna completamente incompreensível para a Câmara, e presumo que para ele mesmo. Nós não o percebemos, não o entendemos!...

O Sr. Rui Rio (PSD): - O mal é esse!...

O Orador: - E no pouco que conseguimos entender - aliás esse problema já se pôs ontem com a bancada do Partido Comunista e, portanto, eu não sou o único-, o Sr. Deputado Rui Rio reafirma, volta a reafirmar e a «tri-reafirmar» mentiras!... Já disse várias vezes ao Sr. Deputado Rui Rio, no contexto do Plenário e no da Comissão de Economia, Finanças e Plano, que as afirmações que ele me atribui em relação ao Sr. Ministro das Finanças não são verdadeiras. O que eu disse ao Sr. Ministro das Finanças, num aparte ou numa observação que fiz num determinado debate, que já não recordo bem quando foi, que insistindo na ideia - aliás continuo a dizê-lo, continua a ser válida essa minha afirmação - foi que se ele não aumentava a carga fiscal devia ser castigado, voltado para a parede... Não farei orelhas de burro, o senhor é que tem um complexo freudiano qualquer na sua cabeça e introduziu essa nuance da minha afirmação.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - É o complexo de Pinóquio.

O Orador: - Não introduzi, obviamente, orelhas de burro ou narizes de Pinóquio.
O pouco que pude perceber foi isto e também percebi que V. Ex.ª disse que nós fomos piores, que nós fizemos pior, que, afinal de contas esta não foi a maior derrapagem de sempre, que houve uma derrapagem antes dessa. Olhe, por exemplo, vá entender-se com o seu correlegionário de partido João Salgueiro, que ainda ontem afirmou que esta foi, de longe, a maior derrapagem de sempre nas finanças públicas portuguesas!...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Rui Carp (PSD)): - É um bom elogio para o Governo, vindo de quem veio!

O Orador: - Vá entender-se com ele, Sr. Deputado!... Uma vez que já não consegue entender-se comigo nem connosco, vá entender-se com o Sr. Deputado João Salgueiro.
Aliás, não costumo utilizar muito essas «muletas» porque respeito muito o Deputado João Salgueiro. Gostaria que os senhores também o respeitassem...

O Sr. Almeida Santos (PS): - Não é Deputado.

O Orador: - Aliás, o Sr. ex-Deputado João Salgueiro. Agora até há uma norma regimental que permite a antigos Deputados manterem uma certa vinculação a esta Casa, o que, aliás, me parece muito justo e muito correcto e, portanto, não há aqui nenhuma diferença.
Quanto ao Sr. Deputado Rui Carp, o discurso é o mesmo. Insistiu em que nós fomos piores, etc., e não falou dos milhões da Comunidade Europeia que entram todos os dias em Portugal, situação que não se verificava com as respectivas comparações, não falou aqui, por exemplo, do preço do petróleo que era praticado na altura e o que é praticado agora, não falou também do preço do dólar na altura e de agora - ou do que foi praticado durante boa parte da governação Cavaco Silva -, e depois «enroupa» tudo isto com algumas figuras de retórica. Ontem usou aqui a Quinta da Lili, de humor duvidoso, hoje utiliza uma referência ao Fernão Lopes...
Ó Sr. Deputado, tenho muito respeito pela «arraia miúda», pela «arraia média» e pela «arraia graúda»!... Eu ape-