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90 I SÉRIE - NÚMERO 3

tuar o distanciamento entre o Estado e os cidadãos, entre os eleitos e os eleitores, entre a sociedade civil e a estrutura do Estado democrático, entre os portugueses e os seus legítimos representantes.
É um caminho fácil mas perigoso e perverso, que se sabe onde começa mas nunca se sabe como e quando acaba. É, sobretudo, um comportamento que não dignifica quem o promove e, seguramente, que desqualifica quem o sustenta e pratica.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Srs. Deputados, não contem nunca comigo para tais tentações, não alimentarei nunca tais propósitos, não pactuarei nunca com tais objectivos ou efeitos, por acção ou por omissão, de forma aberta ou dissimulada.
Tentar lançar o poder na rua, como alguns, obsessivamente, teimam em fazer, ou alimentar certo tipo de paixões, de emoções ou de discursos primários que desqualificam o Estado, as suas instituições e os seus representantes, são, uns e outros, comportamentos que rejeito, atitudes que me recuso a cultivar e procedimentos que em nada abonam a favor da maturidade e do sentido de responsabilidade que devem imperar no nosso regime democrático.

Aplausos do PSD.

Porque a todos ficou patente que o CDS-PP não quis apresentar uma verdadeira moção de censura.
Quis fingir que apresentava uma moção de censura para, dessa forma, produzir espectáculo e promover a desestabilização política que, segundo crê, favorece o seu crescimento eleitoral.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Quis fingir que apresentava uma moção de censura para, dessa forma, estimular a conflitualidade entre portugueses e tentar minar a confiança e as expectativas dos cidadãos.
Quis fingir que apresentava uma moção de censura na ilusão de, assim, fomentar o descontentamento através de um discurso demagógico, radical e incoerente.
Quem assim procede não merece contemplação.
Perante o que aqui se passou, e mesmo antes, pelas declarações que antecederam o debate, qualquer cidadão português pode aperceber-se do vazio em que o CDS-PP navega, da incoerência que o atinge, da incapacidade que tem em analisar as questões da governação, da ausência total de uma ideia responsável para o País.

Aplausos do PSD.

0 que ficou claro foi que o CDS-PP não faz a mínima ideia do que é governar Portugal, que comete erros de palmatória quanto à formulação das políticas, que não entende o quadro internacional em que o País se insere.
Sejamos sérios!
Um país não se governa com notícias de jornais, com alguns assomos de indignação e com abundantes jogadas demagógicas.
Governar implica seriedade e responsabilidade, e esta moção de censura não foi séria nem foi responsável.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Chegados a este momento, é legítimo que os portugueses perguntem e se questionem sobre o efeito e o resultado prático deste debate e sobre a correspondente iniciativa desencadeada.
A resposta é simples e clara: de novidade tivemos apenas mais encenação mediática, de diferente tivemos apenas mais competição política e mais guerrilha partidária. Quanto ao mais, tivemos as mesmas críticas, as mesmas acusações, requentadas e estafadas.
E, de facto, pouco, muito pouco, para quem aspira a mobilizar os portugueses; é, de facto, pouco, muito pouco, para quem quer ser alternativa; é, de facto, pouco, muito pouco, para quem quer derrubar o Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Mas manda também a verdade que se diga que não era de esperar coisa diferente. Como dissemos e agora o reafirmamos, esta moção de censura nada tinha a ver com Portugal, com os portugueses ou, sequer, com a governação do País. Esta moção de censura tinha e tem apenas a ver com o campeonato duro, exigente e feroz que se joga entre os três partidos da oposição. 0 debate foi esclarecedor quanto a este aspecto.
Um campeonato que, de resto, se joga em campos diferentes e segundo tácticas distintas, consoante a natureza e os objectivos ocasionais dos respectivos protagonistas ou contendores.

0 Sr. Manuel Alegre (PS): - 0 campeonato não é esse!

0 Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Não é nada disso!...

0 Orador: - 0 PCP, a jogar eminentemente na rua, tentando agitar e desestabilizar,...

0 Sr. Octávio Teixeira (PCP): - E aqui também!

0 Orador: - ... fiel aos seus desígnios originais e ao esquema táctico que ensaiou no passado; o CDS-PP a tentar liderar a disputa no plano que chama de institucional, procurando levar vantagem em relação ao seu adversário mais directo neste campo, o Partido Socialista; este, por sua vez, com um calendário de jogos mais difícil, a vacilar entre o jogo da rua e o desafio na instituição parlamentar, o que o obriga a utilizar várias equipas e, por paradoxal que pareça, a perder na rua para o Partido Comunista e a ser levado a reboque em sede institucional, por parte do CDS-PP.

Aplausos do PSD.

É este, em sentido figurado, o campeonato que a oposição vive; é esta, em sentido real, a competição a que se assiste entre os três partidos da oposição.

0 Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Antes o Gabriel Alves!

0 Orador: - E o presente debate veio evidenciar uma clara conclusão: os dois outros partidos da oposição, e, em particular, o Partido Socialista, apesar de considerarem a moção de censura um clamoroso erro político, não encontram alternativa que não seja a de ir a reboque, pactuando com o que não gostam, sustentando e votando o que rejeitam, como que reconhecendo ao CDS-PP o estatuto de liderança política da oposição que este ambiciona conquistar ao PS.

Aplausos do PSD.

0 Sr. Manuel Alegre (PS): - Ó Sr. Primeiro-Ministro!...