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146 I SÉRIE - NÚMERO 5

vou repetir o que ele disse, dir-lhe-ei apenas que, de toda a evidência (e hão-de perdoar-nos uma conclusão de observadores atentos) do intenso debate interno que, nos últimos tempos, dividiu o PS, venceu, pelo menos neste momento, a ala soarista! A ala guterrista tentou renovar o PS de forma autêntica e consequente, na lógica da bipolarização: PSD, o pólo à direita, e PS, o pólo à esquerda.

Risos do PS.

Guterres bateu-se por isso de forma persistente, mas perdeu. Venceram os frentistas, aqueles que não querem que o PCP desapareça e seja excluído de uma hipotética maioria alternativa de Governo. Venceram, pois, os soaristas! Mas repare que o Dr. Mário Soares não tem razão, Sr. Deputado Manuel Alegre!
E eu não vou repetir os nossos argumentos: os senhores sabem que nós entendemos que não só é legítimo qualquer partido fazer apelo à maioria absoluta como também que a inversa é completamente absurda - amanhã, os partidos diriam aos cidadãos «votem em nós, mas non troppo, não votem muito, senão podemos ter a maioria absoluta e isso será extremamente nocivo»!
Não quero repetir os nossos argumentos. É evidente que a maioria absoluta é legítima, é evidente que ela é útil e, sobretudo num Estado de direito como o nosso, com uma partilha de poderes que dá origem a um equilíbrio inteiramente satisfatório do exercício dos diferentes poderes.
Mas, insisto, não quero repetir os nossos argumentos. Vou invocar o depoimento de um homem suspeito de insuspeito, porque ele chega a esta conclusão na decorrência da sua experiência, e insuspeito dada a corrente política de onde ele é oriundo. Diz ele o seguinte: «atendendo à nova constituição do executivo, não estou, de facto...» (ele responde a uma pergunta que lhe é feita), «...muito satisfeito com estes primeiros meses; aliás, estes primeiros meses provaram que, de facto, é muito difícil gerir uma Câmara sem maioria absoluta». Não é nenhum social-democrata! Não é nenhum intrépido defensor do Estado laranja! É o cidadão comunista, Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Ezequiel Lino!
Como vê, Sr. Deputado, outras pessoas da Constituição na parte do sistema económico estivesse à frente do Partido Socialista um homem que foi capaz de resistir a todas as pressões - e nós sabemos quantas elas foram! -, o Dr. Vítor Constâncio.

O Sr. José Magalhães (PS): - Isso é esmagador!

O Orador: - Não é esmagador, mas vou fazer fotocópia para que o Sr Deputado Manuel Alegre a leve ao ilustre pensador Dr. Mário Soares.

O Sr. José Magalhães (PS): - É um «rato». Ah, Ah, Ah!

O Orador: - Não é um «rato», é um presidente de câmara, um homem que merece o respeito de todos nós e que vem trazer ao debate dos sistemas políticos um contributo que me parece útil. E surpreendem-me essas suas gargalhadas desdenhosas para um recente colega e camarada de partido.

Aplausos do PSD.

Sr. Deputado Manuel Alegre, preciso de ser breve e, por isso, focarei outro ponto, o dos diálogos secretos e da transparência. O Sr. Deputado e líder actual do Partido Socialista, Engenheiro Guterres, infelizmente, renunciou a uma das suas principais apostas e hoje temos de concluir que foi uma felicidade, foi uma sorte para o nosso país que no momento em que se colocou a necessidade de revisão

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Nós sabemos quantas pressões ele sofreu, à esquerda e à direita, no Partido Socialista...

Protestos do PS.

... e se ele não tivesse estado à altura de resistir a todas essas pressões o nosso país não teria dado um passo em frente, um passo indispensável, no sentido da sua modernização e do seu progresso. Por isso, a nossa homenagem ao grande cidadão Vítor Constâncio.

Protestos do PS.

Srs. Deputados, quem desdenha dos vossos são os senhores e isso é muito mau sinal.

Não quero abusar do meu tempo de intervenção e por isso vos diria uma coisa. O vosso grave problema é que os socialistas deitaram fora todas as suas fundamentais referências do passado. O Estado era bom, já não presta; o Plano era óptimo, já não presta; a propriedade colectiva era boa, sobretudo os principais meios de produção, já não presta; a Internacional Socialista era boa e eu estou convencido que mesmo ela já não vos presta. Só que os senhores não têm nada para pôr em seu lugar e daí a vossa dificuldade.
O Sr. Deputado Manuel Alegre diz que os deuses enlouquecem os que estão perdidos, do que não há a menor dúvida. É por isso que o vosso estado de loucura já vai em fase adiantada.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, gosto sempre muito de o ouvir, velho amigo e companheiro que foi de outras lides. Começo por lhe dizer que o Partido Socialista também pediu e pede, a maioria, como é normal por parte de um partido que aspira ao poder, mas o que nós não dizemos é que se não a tivermos vamos para casa. Nós não fazemos chantagem sobre o eleitorado.

Aplausos do PS.

Se, eventualmente, tivermos maioria relativa assumiremos as nossas responsabilidades.

Aplausos do PS.

O Sr. Deputado parece estar muito preocupado com as nossas divisões mas confunde diferença de opiniões e pluralismo com divisões. O Partido Socialista está unidíssimo, basta olhar para a nossa bancada, e nunca esteve tão unido. Se fosse a si, preocupava-me é com as divisões no Governo. Li os relatos que vêm nos jornais sobre a reunião de Catalazete e ficámos sem saber que política externa é que temos. Se é aquela que advoga, e bem, neste caso, o Ministro Dias Loureiro quando diz que temos que reforçar as nossas ligações com África e com o Brasil ou se aquela que advoga o Ministro dos Negócios Estrangei-