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27 DE JANEIRO DE 1995 1331

questão de Timor. É porque, às vezes, o consenso é impeditivo de um raciocínio sobre a matéria em que incide e, evidentemente, os nossos condicionamentos internacionais impediram muitas vezes uma discussão livre, que há muito deveríamos ter tido sobre Timor. Mas, Sr. Deputado, nós estamos dispostos a fazê-la, de todas as formas, no Parlamento e fora dele, com a mesma seriedade institucional com que o Sr. Deputado a faz; exactamente nos mesmos moldes, exactamente da mesma maneira, não melhor nem pior do que o Sr. Deputado a faz.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Moreira.

O Sr. Adriano Moreira (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, primeiro, quero congratular-me com a circunstância de a minha idade lhe permitir, apesar dos seus cabelos brancos, considerar-se jovem...

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Mas eu tenho todo o respeito!

O Orador: - Espero que vá muito consolado e? tu fico satisfeito por prestar-lhe esse serviço e dar-lhe esse Conforto.
No entanto, também quero dizer-lhe - disse e repito -, quanto àquele conceito que referi sobre "argumento fraco; falar mais alto", que não me recordo de isto ter acontecido quando estava a debater a questão de Timor. Julgo que V. Ex.ª está extremamente desatento e não percebeu qual foi o momento em que isso aconteceu.
Sr. Deputado, é um facto que abandonámos um tema, que era o da moção de censura, e que, depois, houve "muito ruído" que não foi à volta da moção de censura. Aliás, parece-me que não estou desacompanhado neste meu sentimento, neste meu comentário que não quis personalizar, atendendo a regras que o Sr. Deputado também (conhece. Desconfio que o Sr. Ministro da Defesa entendeu inteiramente aquilo que eu disse e tenho a impressão d£ que ele não tem a mais pequena dúvida sobre o sentido das minhas palavras.
A última coisa que me podia ocorrer era pregar ao Sr. Deputado regras de comportamento! É evidente que não estava a fazer-lhe isso. Está longe da minha prática, e sobretudo da minha consciência, a capacidade de convencer os outros a mudar de comportamento. Deste modo, julgo poder dizer, serenamente, que ainda bem quilhe dei a oportunidade de fazer uma declaração tão densa e consistente; mas só lhe dei a oportunidade porque traída tenho a ver com a resposta que o senhor deu.
Agora, como cidadão, já tenho a ver com o que disse a respeito das tais concepções sobre Timor, parque tenho responsabilidades históricas pelo pensamento destinado a alterar a atitude portuguesa perante o problema ultramarino.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - Sei do que sou intelectualmente responsável e, por isso mesmo, sinto-me inteiramente à vontade para dizer ao Sr. Deputado Pacheco Pereira que, o destino de Timor não foi causa dessa alternativa de atitudes que referiu mas, sim, causado pela total irresponsabilidade dos que assumiram o poder no momento da transição.
E vou lembrar-lhe por que é que o falar mais alto se usa para argumentos fracos! Quando Timor foi destinado a ser entregue a um governo marxista, o Ministro Malik da Indonésia fez um discurso avisando que se tal acontecesse invadia Timor. Houve orelhas moucas neste país, pensaram que era "uma flor de retórica" para a comunidade internacional. Mas ele estava, pura e simplesmente, a dizer o que de facto ia fazer se o tentassem!
É por isso, porque a organização desse poder foi feita por portugueses, ignorando inteiramente a realidade daquela população, que quando o adversário dos timorenses e de Portugal, que se chama Indonésia, nos atribui responsabilidades históricas e morais as temos de as assumir porque é verdade!

Vozes do PSD: - Mas quem foi?

O Orador: - Foi esse comportamento inconsiderado e irresponsável que levou a essa circunstância, Sr. Deputado.
Ontem mesmo, numa revista publicada hoje, adverti que para o interesse do povo de Timor, para a defesa do consenso nacional que tem havido nesta matéria, para manter a solidariedade dos órgãos de soberania e a eficácia da intervenção de Portugal no mundo não era bom abrir o dossier das responsabilidades passadas. Julgo que esta advertência tinha fundamento, que o Governo se conteve e que não fez bem quem o tentou abrir.
Espero, com isto, ter contribuído um pouco para alimentar as suas limitações sobre esta matéria, com toda a certeza!

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Deputado, permite-me que o interrompa?

O Orador: - Tenha a bondade, Sr. Deputado. Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Como nenhum dos Srs. Deputados dispõe de tempo para asar da palavra, peço que o façam da forma mais breve possível.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD). - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sr. Deputado Adriano Moreira, referi exactamente a não abertura desse dossier quando, dirigindo-me ao Sr. Deputado Jaime Gama, disse que sobre essa matéria se devia manter reserva. Mas quando partidos políticos acusam o Governo de traição quanto à política de Timor têm de ser confrontados com as suas responsabilidades históricas, sob pena de quebrarem o consenso nacional sobre esta matéria!

Aplausos do PSD.

O Sr. Adriano Moreira (CDS-PP): - Sr. Deputado Pacheco Pereira, concordo com as suas observações. Só queria, finalmente, pedir-lhe que saia do "saco" onde se meteu e que não era seu.

Risos do CDS-PP.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, hoje ocorreu, neste debate, um incidente desagradável, para pôr termo ao qual penso que dei um contributo.