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23 DE FEVEREIRO DE 1995 1545

curiosíssimo, a esclarecer sobre se dissolve ou não a Assembleia? Vejam lá se o Presidente toma isso a sério! Não sei se reparou no que significa aquilo, mas significa exactamente isto: que a situação que se vive neste momento é de anormalidade, que conduz a que não haja o investimento necessário. Então, não foi o próprio Ministro Catroga quem disse ao mundo - nem sequer o disse ao País! -, em Londres, que se vive uma situação de anormalidade?!
Para terminar, refiro-lhe que teve ontem lugar uma cerimónia que merece um registo muito especial: a ida do actual presidente da Comissão Política do PSD a São Bento - foi uma cerimónia carregada de simbolismo - levar desenhos infantis ao Professor-...

Risos do PS.

Não percebi bem, mas e preciso esclarecer um pouco o Dr. Fernando Nogueira acerca dos limites da sua intervenção pública neste momento, mas também de um outro muito maior. Então, o Presidente do PSD vai tratar de questões partidárias com o Primeiro-Ministro a São Bento?!

Vozes do PCP: - É uma vergonha!

O Orador: - Vai a São Bento?! O que é que isto significa? Isto é uma situação de normalidade?! Não é, porque o que está aqui configurado é o que mais se podia temer!

Protestos do PSD.

O Sr. Rui Gomes da Silva (PSD): - Foi o Ministro da Defesa quem lá foi!

O Orador: - Tenham calma! Resolvam o problema com o Professor Cavaco Silva! Nada tenho com isso!
A situação normal seria a de o militante Cavaco Silva ir esclarecer com o Presidente do PSD os problemas da direcção do partido à Rua de São Caetano à Lapa. Mas não! Pergunto: é uma situação de normalidade a que se está a verificar, que é a transferência da sede real do PSD, da Rua de São Caetano à Lapa, para São Bento? É aqui que está a sede do PSD agora?!

Aplausos do PCP.

E desculpe a minha dialéctica ser fraca, mas...

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado João Amaral, está a melhorar, e vou dai-lhe razão numa coisa.
De facto, não há uma situação de inteira normalidade - reconheça-se! Não é normal que numa altura em que e congresso de um partido político correu, como é suposto, em democracia - se aquilo não é democracia, então não sei o que isso é-, numa altura em que o Parlamento não precisa de qualquer moção de confiança ao Governo, porque os senhores permitiram-nos, com a vossa moção de censura, exprimir essa confiança- do que, até hoje, ainda estamos agradecidos-, num momento em que, no Congresso, todos os candidatos, antes mesmo de irem a votos - o que, efectivamente, traduz a unanimidade do partido - traduziram o apoio à permanência do Sr. Prof. Cavaco Silva no Governo, numa situação destas, não é de facto normal que o Sr. Presidente da República continue a suscitar, nem que seja pelo método das consultas, o problema da dissolução da Assembleia. Convenhamos, também nós não consideramos que seja uma situação muito normal.
Em segundo lugar, sabe o que significam os desenhos infantis que o Sr. Ministro e Presidente do PSD, Dr. Fernando Nogueira, mostrou ao Sr Primeiro-Ministro? Nós não temos, como os senhores, uma organização de criancinhas, não temos pioneiros, como os senhores Os senhores é que têm pioneiros para irem para a frente das manifestações....

O Sr. João Amaral (PCP): - Tem a escola oficial!

O Orador: - ... para, nos comícios, estarem lá à frente a gritarem e a darem um tom de juventude, que os senhores, cada vez mais, precisam. Nós não temos pioneiros! Os desenhos foram feitos, espontaneamente, nas escolas, porque- sabe! - as crianças também gostaram do que viram. E gostaram por uma razão - deixemos agora a perspectiva partidária: porque o que viram entrou na percepção, que os portugueses têm do que e a vida política, e isso marcou um antes e um depois.

Protestos do PCP.

Eu sei que isto vos custa! E isto que os senhores não suportam!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Queiró.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, há palavras que tem o seu peso e o seu significado e o Sr. Deputado deixou escapar uma reveladora. A certa altura da sua intervenção, o Sr. Deputado disse que o Prof. Cavaco Silva deixou o «plano estrito das funções partidárias» - repito, o plano «estrito» Quererá o Sr. Deputado dizer que só formalmente o Sr. Primeiro-Ministro deixou de ser o líder do PSD? Será por isso que o Sr. Deputado Pacheco Pereira apelidou o Dr. Fernando Nogueira de presidente da Comissão Política? Estranha forma de dizer «o novo líder do PSD».

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Está nos Estatutos!

O Orador: - O Sr. Deputado fez também uma intervenção saudosista, pois falou dos tempos em que o PSD fez uma grande obra, em que recolheu 50 % mais um dos votos dos portugueses. O Sr. Deputado tem, com certeza, a noção - denunciou-o ao longo da semana anterior ao Congresso- de que essa saudade vai continuar a partir das próximas eleições, ocorram elas quando ocorrerem.
Sr. Deputado, de que é que se falou no Congresso? Qual foi o tema do Congresso? Foi algo mais do que a forma como o PSD devia lutar pela manutenção do poder? Foi algo mais do que isso?! Pergunto porque seria interessante saber! Foi realmente isso que concitou o interesse dos portugueses. Seria suficientemente interessante, mas a verdade é que não se discutiu mais nada.
Vimos as pessoas sucederem-se na tribuna do Congresso, a dizerem o melhor de um candidato para conservarem o poder, outros, como o Sr Deputado, que dizia. «Não. não deixemos falar as emoções: racionalmente devemos escolher o outro».
Não assisti à sua intervenção, mas disseram-me que o essencial da sua argumentação foi isto. a razão acima da emoção e a razão manda-nos escolher «este». Porquê?!