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23 DE FEVEREIRO DE 1995 1541

Aplausos do PSD.

Não se verificou, pois, nenhum dos apocalípticos cenários em que muita gente se entreteve após a declaração do Prof. Cavaco Silva, num ambiente em que a política se confundiu com a ficção científica.
É exactamente face a esta normalidade democrática, do Governo, do Parlamento e do partido que exerce o poder, que pesa, como factor de instabilidade, a constante agitação com origem na Presidência da República sobre a antecipação das eleições.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É hoje claro que a maioria dos portugueses não a deseja, os partidos da oposição estão divididos sobre ela e ninguém, com excepção do PCP, para ,quem todos os governos que não são seus amigos deviam ser dissolvidos à nascença, parece ter argumentos e razões sérias para defender.
E a permanente insistência-nem que seja pelo muito oportuno silêncio sabiamente sendo pelo Sr. Presidente da República, e que não é um verdadeiro silêncio mas uma sucessão de gritos em alto e bom som - tem, hoje, para o País um preço caro demais em termos de instabilidade para os agentes económicos. É altura de, uma vez por todas, se afirmar, alto e bom som, que nada justifica haver dúvidas de que as próximas eleições legislativas são em Outubro de 1995, como deverá ser.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Colocado perante a saída do Prof. Cavaco Silva, o Congresso do PSD escolheu um novo presidente para o partido. Saudamos, pois; também daqui o novo presidente da Comissão Política Nacional do PSD, o Dr. Fernando Nogueira.

Aplausos do PSD, de pé.

Vozes do PS: - Estava tudo combinado!

O Orador: - Não há nada, meus senhores, como a. força da unidade do PSD para vos colocar nervosos! Nada!

Aplausos do PSD.

Não tenham esperanças, porque não vale a pena !

Aplausos do PSD.

O Dr. Fernando Nogueira assumiu, em circunstâncias difíceis - porque suceder ao Prof. Cavaco Silva é sempre difícil -, uma tarefa árdua, já que o PSD não é um partido complacente com as suas obrigações face ao País.
O PSD sai do seu Congresso com uma linha política e objectivos claramente definidos: o PSD lutará nas eleições de Outubro de 1995 por uma maioria de governo, por uma maioria absoluta. Fá-lo-á sozinho, sem coligações nem alianças que diluam o seu programa e o subordinem à vontade de alheios partidos, porque tal objectivo é considerado vital para garantir a estabilidade política num momento decisivo do processo de modernização e desenvolvimento de Portugal.

Aplausos do PSD.

Sendo dele, de Fernando Nogueira, a primeira responsabilidade, que nobremente assumiu, de levar o PSD ao objectivo de conquistar a nova maioria de governo em
Outubro de 1995, é nossa a segunda, a terceira, a quarta... e todas as outras responsabilidades de, com ele, também o conseguir. E ninguém tenha dúvidas de que, por muito que o Congresso tenha tido diferenças e controvérsias, o PSD está unido nos objectivos que nos são comuns, e que essa unidade - materializada nos gestos sentidos e sinceros do presidente do partido, logo após a sua eleição - será fonte da nossa firmeza. Depois do Congresso, só há militantes do PSD e só contam os objectivos do PSD ao serviço de Portugal.

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados Manuel Alegre, Octávio Teixeira, Narana Coissoró, João Amaral, Manuel Queiró e Mário Tomé.
Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, em primeiro lugar, quero cumprimentar o PSD pela realização do seu Congresso e os novos dirigentes eleitos, particularmente o Dr. Fernando Nogueira.
Não lhe dou os meus parabéns, Sr. Deputado Pacheco Pereira, porque o senhor não foi propriamente o vencedor do Congresso, embora, segundo pareça, vá passar de presidente interino a presidente eleito do Grupo Parlamentar do PSD, o que é, de qualquer modo, uma primeira consequência do Congresso.
Não fizémos grandes comentários durante a realização do Congresso, apesar de o único objectivo político mencionado naquele Congresso ter sido o do combate ao Partido Socialista e ao seu Secretário-Geral.
Porém, é chegada a altura de fazermos alguns comentários.
Assistimos a uma colossal encenação mediática e a uma grande mistificação política.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Foram três dias de big brother, em Lisboa!
Mistificação política, em primeiro lugar, do Primeiro-Ministro Cavaco Silva. Ele foi ao Congresso para ser endeusado, mas não vai ao voto popular. Ele negou-se sempre ao debate político com as oposições, mas negou também o debate político ao seu próprio Congresso, porque impediu os candidatos de apresentar moções, transformando o Congresso num deserto de ideias e num mero combate entre pessoas.

Aplausos do PS.

Não votou nem foi votado no seu próprio partido. E pergunto-me quem é realmente o verdadeiro sucessor do Prof. Cavaco Silva, se Cavaco Silva não continuará, de certa maneira, a suceder a Cavaco Silva.
Mistificação política, depois, do PSD. O PSD, sempre que está em dificuldades, inventa um novo líder, passa à oposição a si mesmo, apaga a memória, tenta esquecer ou fazer esquecer aquilo que fez e convencer os portugueses de que a mudança não é dele para os outros, mas dele próprio, PSD, para ele próprio, PSD.
Penso que este é o modelo que o PSD gostaria para o País - o modelo de um partido à mexicana -, em que o PSD seria a situação e a oposição, seria ele próprio e os outros. Mas isso é a vossa realidade virtual, porque a vida é diferente!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Muito bem!

O Sr. Silva Marques (PSD): - E a nossa vitalidade?!