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23 DE FEVEREIRO DE 1995 1543

O Sr. Deputado afirmou que a transmissão pública do Congresso do PSD mostrou as diferenças que existem no seio do PSD. Mas que diferenças?! Diferenças apenas entre pessoas?! Porque, de resto, nada mais foi discutido. Política, projectos políticos, orientações políticas e estratégias não houve, não se discutiram naquele Congresso, passaram corripletamente à margem! Houve apenas - honra lhe seja feita! - um dos candidatos que tentou colocar isso na ordem do dia, mas é claro que nem os outros candidatos, nem os seus mais directos apoiantes, nem todo o Congresso se preocuparam em debater política.
De facto, o Sr. Deputado Pacheco Pereira, quer no Congresso, quer agora na sua intervenção, pretendeu instalar e incutir a ideia, que é mera ficção, de que a vida portuguesa é aquilo que se discutiu no Congresso. Não é, Sr. Deputado Pacheco Pereira! O que se discutiu rio Congresso foi apenas o problema de nomes de pessoas dentro do PSD e não os problemas do País. No Congresso, falou-se na situação económica? Nunca! Falou-se na situação social? Nunca! Falou-se no desemprego? Nunca! Nenhum desses temas que, de facto, são a imagem do País real, são a vida da sociedade portuguesa neste momento, esteve em debate e foi discutido no Congresso.
Uma outra ficção é a da unidade do PSD. Sr. Deputado Pacheco Pereira, tendo-se discutido apenas naquele Congresso a questão das pessoas e tendo-se dito, uns dos outros, quer antes, quer durante o Congresso, aquilo que mais não disse do toucinho, alguém, seriamente, pode acreditar que haja uma unidade entre os senhores?!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado Pacheco Pereira, existe unidade num partido em que os candidatos à liderança, durante a campanha que fizeram e no próprio Congresso, atacam a política que o Governo tem seguido, sendo eles próprios membros do Governo, mas, fundamentalmente, tentando responsabilizar o actual Primeiro-Ministro? Isso significa unidade no pensamento e naquilo que deve ser a orientação política do partido? Claramente que não há unidade. A unidade que existe no PSD é apenas uma: é aquela que os leva a unirem-se para tentarem manter o poder pelo poder, porque é isso que o PSD não pode e não quer perder.

Aplausos do PCP.

O PSD não quer perder a possibilidade de continuar a fornecer e a satisfazer as suas clientelas. É disso que têm receio, porque sabe que, a partir do momento em que não consiga satisfazer as clientelas larguíssimas que criou, ao longo destes 10 anos, se parte por completo à frente de toda a gente, com ou sem os órgãos de comunicação social a transmitir em directo.
A última questão que gostaria de lhe colocar -, Sr. Deputado Pacheco Pereira, é esta: porque é que, depois de tudo isto, os senhores continuam com receio e com medo de deixar ao povo português a decisão sobre o futuro governo?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Porque é que têm medo de eleições? Diga-me porque é que têm medo de eleições, porque essa é a grande questão. O que os senhores querem não é, pura e simplesmente, cumprir um mandato por cumprir, como o Sr. Deputado aqui referiu, têm é medo de ir a eleições, porque sabem que, por um lado, perdem as eleições, o poder e não podem satisfazer as suas clientelas e, por outro - julgo que ficou bem claro -, pelo facto de perderem as próximas eleições, vão ter de fazer um novo congresso, e esse, então, será de «caixão à cova». Sobre isso não temos dúvidas! E os senhores não querem fazer um congresso passados dois meses, querem esperar mais cinco ou seis.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Octávio Teixeira, os senhores devem estar com problemas com a escola do partido, porque os discursos da dialéctica estão pouco eficazes! Estão pouco eficazes, Sr. Deputado!
Em primeiro lugar, o que motivou o interesse da comunicação social foi ela ter percebido uma coisa muito simples, ou seja, que o futuro do País para os tempos mais próximos passou pelo Congresso do PSD e, portanto, obviamente, ela interessou-se.
Podiam estar lá todas as rádios, todas as televisões e todos os jornais do mundo, mas o senhor não era capaz de obrigar um número muito significativo de portugueses a ver televisão até às 4 horas da manhã - não há qualquer espectáculo comunicacional que o consiga fazer - a não ser por puro interesse. Puro interesse, porque os portugueses puderam ver como funciona, em democracia, um partido político e como o PSD, na prática, é tão diferente da imagem que os senhores sistematicamente lhe dão, a de que é um partido cinzento, de pessoas sem ideias e que não faziam mais nada a não ser aceitar passivamente aquilo que o Prof. Cavaco Silva lhes dizia E isso- insisto de novo na palavra- é que foi mortífero, meus senhores! Mortífero, para uma cultura política que reduz a política ao tom das perguntas que os Srs. Deputados aqui têm feito. Isso é absolutamente iniludível.
E não há qualquer congresso do Partido Comunista Português, no seu ritual completamente encenado, nas suas 2400 propostas de alteração à moção, todas elas muito significativas politicamente, nas suas estatísticas, absolutamente absurdas - 200 000 reuniões, 400 000 intervenções -, que os senhores costumam publicar em vésperas do congresso, que consiga manter nem os seus militantes acordados até à meia-noite, quanto mais até às quatro da manhã!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Pacheco Pereira, nas vésperas do Congresso, V. Ex.ª escreveu um artigo no Diário de Notícias, chamado «O susto»; espero ver amanhã o seu artigo chamado «O bocejo», porque tanto o discurso inicial como o final do actual líder do seu partido não passou verdadeiramente de um bocejo. É que o Congresso esteve verdadeiramente a dormir. Quem viu, às duas da manhã, o Congresso com os congressistas a abanar a cabeça de sono, enquanto falava o Sr. Fernando Nogueira...

Risos do CDS-PP, do PS e do PCP.

Protestos do PSD.

O gozo que me deu ver os congressistas a dormir durante o discurso do Dr. Fernando Nogueira! O gozo que