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312O I SÉRIE - NÚMERO 91

O Orador: - Srs. Deputados, hoje é dia de serem democratas!

O Sr. António Guterres (PS): - Nós somos sempre!

O Orador: - Por favor, só quinze minutos de democracia! Façam um esforço!...
O Sr. Deputado António Guterres surpreende-me com os seus deslizes: há pouco, abordou a questão orçamental, os 6O milhões de contos para os gabinetes dos Ministros. V. Ex.ª não sabe que a maior parte desses 6O milhões de contos não são para os gabinetes dos Ministros?

O Sr. António Guterres (PS): - Sei!

O Orador: - Ah, se sabe, devia ter dito!

O Sr. António Guterres (PS): - Sei, mas quero que discriminem!

O Orador: - Se é assim, peça perdão! Então, V. Ex.ª tentou fazer passar "gato por lebre"! Por isso é que eu vou, muito rapidamente, à questão moral.

O Sr. José Vera Jardim (PS): - E então, não nos diz para que é que serve a verba?

O Orador: - Eu já lá chego!
Sr. Deputado António Guterres, tem de se desenvencilhar na questão moral, porque eu vou colocá-la! Já lhe perdoo os lapsos em matéria de asilo político, porque sei que não conheceu essa situação - portanto, aí está perdoado de antemão. Mas os seus colegas não estão, e informaram-no mal. Só não o informo em pormenor porque não quero prejudicar o debate, mas eu fui um asilado político!

O Sr. Artur Penedos (PS)- - E agora está asilado no PSD!

O Orador: - Tive estatuto de asilado político! Mas só para que tenha uma ideia, embora seja apenas um esboço, digo-lhe: para viver em França, tive de encontrar, eu próprio, os francos! O governo francês deu-me uma coisa preciosa, que agradeci, que foi o estatuto de asilado político mas, a partir daí, quem teve de andar fui eu! Aliás, alguns dos seus colegas também, e fizeram trabalhos difíceis - veilleur de nuit, por exemplo. Enfim, os trabalhos que os franceses não queriam: os recepcionistas franceses trabalhavam de dia e nós de noite, à hora dos negros!

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Estou quase a chorar!

O Orador: - Mas, Sr. Deputado, para quê falar-lhe disto? Já é tarde e, também aí, V. Ex.ª não terá dificuldade em compreender.
Vamos à questão moral, Sr. Deputado António Guterres, que, devo dizer, é a que mais me choca em todos os debates. V. Ex.ª ainda hoje foi terrivelmente deselegante para alguns companheiros meus,...

O Sr. António Guterres (PS): - Deselegante, eu?

O Orador: - ... nomeadamente para o Eng. Álvaro Barreto, já para não dizer relativamente ao Dr. Fernando Nogueira, ou para não dizer relativamente ao Sr. Primeiro-Ministro, porque V. Ex.ª começou o seu discurso por se imiscuir nas nossas questões.

Protestos e risos do PS.

Aguardem! Vão ter oportunidade de responder, aliás, quem vai responder é o Sr. Deputado, Eng. António Guterres. V. Ex.ª chegou mesmo a dizer que nós dizíamos mal uns dos outros.

Vozes do PS: - Não!...

O Orador: - Sr. Deputado, sei que V. Ex.ª fez isso! V. Ex.ª confunde dizer mal com liberdade de divergência, e não com insulto. E, Sr. Deputado, embora não querendo entrar pelo seu caminho, de qualquer modo, apenas para testar a questão moral, pergunto-lhe: neste momento, quem é o arrependido? É V. Ex.ª ou o Sr. Deputado Jaime Gama? Um de vós é o arrependido e um de vós vai dizer, levantando a mão, "sou eu!".

Risos do PSD.

Portanto, espero que um de vós levante a mão. Qual é, de vós, o arrependido, tendo em conta o que um disse do outro, e num passado recente?

O Sr. Fernando Pereira Marques (PS): - Pacheco, volta! Estás perdoado!

O Orador: - Mas o Sr. Deputado António Guterres vai sair positivamente do teste moral, que é o primeiro teste de qualquer político, sobretudo de qualquer político que pretende governar a Nação: o que é que V. Ex.ª, que diz que nós dizemos mal uns dos outros, pensa do que disse de si o seu camarada Parcídio Summavielle? Tem de responder! Eu nunca lhe colocaria esta questão se V. Ex.ª não viesse dizer que o meu companheiro de partido, Eng. Álvaro Barreto, era um arrependido! Porque V. Ex.ª foi de uma deselegância grosseira! Tenho pena, mas tenho de lhe dizer isto: V. Ex.ª foi de uma deselegância grosseira! E quem é grosseiramente deselegante, devo dizer-lhe, não deve ser Primeiro-Ministro!

O Sr. José Vera Jardim (PS): - Você é que é deselegante!

O Orador: - E estou certo de que os portugueses não o vão fazer Primeiro-Ministro!

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, atenção ao tempo.

O Orador: - Sr. Presidente, sei que estou a exceder o meu tempo, mas já outros o fizeram. Depois, estou a dar uma oportunidade ao Sr. Deputado, Eng. António Guterres, para responder a este teste moral e decerto que o grupo parlamentar socialista nem sequer vai pôr a questão do excesso do tempo, porque estou a questionar de forma incisiva e frontal o Sr. Deputado António Guterres!

Risos do PS.

Sr. Deputado António Guterres, V. Ex.ª acabou por recusar a contabilização das suas promessas, feita pelo Sr. Primeiro-Ministro...

Protestos do PS.

O Sr. José Magalhães (PS): - E onde é que está o estudo?