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23 DE JUNHO DE 1995 3121

O Orador: - Não se amofinem! Não está!

O Sr. José Magalhães (PS): - Mas nós é que pagamos!

O Orador: - Mas o problema não é esse!

Vozes do PS: - Então qual é?

O Orador: - Srs. Deputados, a contabilização das promessas de um governo que não vos merece confiança, que interessa?

Vozes do PS: - Interessa! Interessam as contas!

O Orador: - Agora, interessam as vossas!

Vozes do PS: - Não! As vossas! Interessa ao País!

O Orador: - Não, Srs. Deputados, não! Ao País, neste momento, o que interessa são as vossas! Eu venho perguntar-vos pelas vossas!

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Queremos o estudo!

O Orador: - Sr. Deputado António Guterres, V. Ex.ª não pode sair daqui hoje sem dizer, em termos numéricos, a sua contabilização: quanto é o seu 1% do PIB para a saúde a mais, e, como fez da educação a sua paixão, queremos saber quanto custa a sua paixão! Não vai sair daqui sem dizer quanto custa a sua paixão!
Mas tenho ainda uma outra questão muito concreta para lhe colocar - eu quero ajudá-lo! Quero que o País hoje saiba quais são as suas propostas concretas! V. Ex.ª tem tido dificuldade em sair do seu verbalismo mas hoje vai sair porque vai responder a uma outra pergunta concreta.
Há meses, V. Ex.ª e os socialistas disseram que as regiões são urgentes para o País e que, se não fosse o PSD, elas estariam criadas dentro de um mês! Mas V. Ex.ª, numa entrevista dada a um semanário na semana passada, disse que "é preciso cautela!" E eu pergunto-lhe porquê, se os senhores as criavam num mês? Ou o Sr. Deputado António Guterres ainda não escolheu que regiões vai criar? Se as do seu camarada Fernando Gomes, se as do seu camarada Jorge Lacão? Mas hoje vai dizer-nos aqui a sua escolha!

A Sr.ª Julieta Sampaio (PS): - Vamos criar as do PS!

O Orador: - E, para finalizar, vai dizer-nos quais são, de facto, as suas diferenças em matéria de imigração, porque V. Ex.ª fugiu à questão que foi colocada pelo Sr. Ministro mas, como vai sair positivamente no teste moral (só não respondeu porque estava distraído - mas agora não está!), vai responder-me!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, esta interpelação, verdadeiramente, não merecia resposta!

Aplausos do PS.

Risos do PSD.

Apesar de tudo, o respeito que tenho pelo Sr. Presidente e pela Casa levam-me a responder.
Em primeiro lugar, sobre lapsos acerca do que é a despesa pública. Para começar, o relatório da OCDE - gostam?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Gosto!

O Orador: - Diz aqui, na página 34: "despesas correntes, 6,4795 mil milhões de contos; despesas de capital, 1,1643 mil milhões de contos".

O Sr. Silva Marques (PSD): - Mas eu não o questionei sobre isso! Responda ao que eu perguntei!

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Espere aí!

O Orador: - Ou seja, praticamente metade do PIB, o que prova que, ao contrário daquilo que V. Ex.ª dizia, a sacrossanta OCDE do Sr. Primeiro-Ministro me dá razão, a mim, e não aos senhores.

Vozes do PS: - Pois claro!

O Orador: - Segunda questão: moral e coerência - é uma lição que recebo do meu pai! Devo dizer-lhe, com sinceridade: estou longe de pretender recebê-la de si, para que fique claro à partida.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Em terceiro lugar: deselegante, eu? Depois de o Primeiro-Ministro aqui ter dito que eu e os meus camaradas éramos irresponsáveis e desestabilizadores, então, a deselegância é geral! Tenho, infelizmente, de constatar que enfrento um grupo parlamentar que, em matéria de moral e de coerência, será condenado pelo Deputado Silva Marques, seu líder!

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - Então, depois de os senhores terem feito tempos de antena a insultar-me e a manipular as minhas intervenções da forma mais inaceitável do ponto de vista moral, ainda têm a ousadia de dizer que a palavra arrependido é uma palavra deselegante? Ou que a simples enumeração de factos sobre a vida portuguesa, sem comentários, é deselegante? São deselegantes todos os factos que não vos convêm? Não! São a verdade! E a verdade dói, dói muito mais do que a deselegância. Porque, se fosse deselegância, não doía! Se dói, é porque é verdade e porque a verdade vos mata, nos vossos argumentos e na vossa prática política!

Aplausos do PS.

Quanto custa a educação? Em 1999, a preços correntes de 1995, 1% do PIB serão cerca de 15O milhões de contos.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Silva Marques, pede a palavra para que efeito?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Peço-lhe que seja mesmo uma interpelação. Tem a palavra, Sr. Deputado.