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154 I SÉRIE - NÚMERO 4

O Orador: - A estes monumentos acrescentam-se os conventos de Ferreirim e Salzedas, também visitados pelo Sr. Ministro da Cultura e a serem objecto de restauro próximo, o primeiro, ao nível das pinturas e, o segundo, ao nível da recuperação do património móvel.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), ao projectar instalar-se, já a partir do ano lectivo 1997-1998, com um pólo de extensão, em Lamego, com os cursos de licenciatura nas áreas de Teatro, Música e Património, vem valorizar consideravelmente esta rota de cultura secular que rodeia o Douro, jóia do património da Humanidade e em relação à qual se podem, e devem, forjar circuitos turísticos de qualidade.
Ao avançar com o restauro do Mosteiro de S. João de Tarouca, concretizando uma promessa eleitoral do Sr. Primeiro-Ministro, Engenheiro António Guterres, deu o Sr. Ministro da Cultura um abraço afectuoso aos durienses, que se orgulham da sua história e do seu passado.
No Mosteiro de S. João de Tarouca, primeiro mosteiro da Ordem de Cister em Portugal (1143 ou 1144), está sepultada uma das referências da cultura da nossa história, o Conde de Barcelos, D. Pedro Afonso, filho de D. Dinis, que passou grande parte da sua vida em Lalim, freguesia do concelho de Lamego. Nele são notáveis os retábulos de S. Pedro e S. Miguel e políptico de Nossa Senhora.
Encontra-se esta preciosidade monumental intimamente ligada à história de Portugal. Aliás, «Portugal é o único país da Europa, cuja história, durante, os três primeiros séculos, anda intimamente ligada à Ordem de Cister no seu território». Também é, infelizmente, o único ao qual os cistercienses não voltaram. E não voltaram, quiçá, pelo nosso desinteresse.
Passaram-se muitos anos de negligência e de falta duma política cultural, em prol da preservação do património. Os anos que antecederam o Governo de António Guterres expressaram um ciclo de imobilismo total nesta matéria.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Muito bem!

O Orador: - Com o Sr. Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, abriu-se um novo ciclo, o do triunfo da cultura e do património sobre o betão, bem patente na recuperação das gravuras rupestres de Foz Côa e das decisões corajosas com estas relacionadas que prestigiaram o País e que têm tido a cobertura elogiosa dos principais jornais europeus.

Aplausos do PS.

Não só no património como noutros sectores, o dinamismo do actual Ministro da Cultura tem credibilizado esta componente essencial da nossa vida colectiva.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Chegou o momento de pensarmos maduramente a nossa história, de a retirarmos do sótão de valores em que a quiseram colocar os tecnocratas e os arautos do cinzentismo e da opacidade ideológica.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Exactamente!

O Orador: - Sem cultura, o homem fica completamente à deriva, não se transcende nem ultrapassa os seus limites.
«L'Homme passe L'Homme» - o homem não cabe nos seus próprios limites, dizia Pascal. Foi na busca do absoluto e ultrapassando esses limites que os nossos antepassados nos legaram obras-primas de criatividade e talento. Saibamos ser dignos dessa herança e dessa memória.
Os socialistas e o seu Ministro, que cultivam no seu ideário o primado do homem e da cultura, estão solidários com esse desafio.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Cesário.

O Sr. José Cesário (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Joaquim Sarmento, permita-me que o felicite, porque é a primeira vez que o ouço intervir nesta Câmara sobre questões do nosso distrito, o distrito de Viseu. Não posso, pois, deixar de me regozijar por tal tacto, porque é sempre bom ouvir falar das nossas terras.
Todavia, já não o felicito pelo conteúdo da sua intervenção, por vários motivos. Em primeiro lugar, julgo que lhe saiu «a fava do bolo rei», daí que lhe tenha sido destinada a tarefa de se regozijar pela política de cultura do Governo. Aliás, só se for a cultura da palavra pela palavra, porque em termos concretos, até hoje, nada se viu da política cultural desenvolvida para e com os agentes culturais, pelo que dificilmente consegue apresentar um exemplo concreto de tal facto.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É lamentável que se refugiem, uma vez mais, nas críticas relativamente ao passado porque, pelo menos no que diz respeito ao nosso distrito, o Sr. Deputado deveria lembrar-se, e lembrar-se bem, que se é verdade que há muito por fazer, também é verdade que houve investimentos sérios.

Protestos do PS.

Aproveito para lhe lembrar a criação, em Viseu, do Centro de Restauro de Talha Dourada, com toda a importância que ele tem para o norte do País e que, por si só, seria suficiente para elucidar mesmo os observadores mais desatentos sobre a política cultural do anterior governo.
Mas quanto a este Governo, e porque falou de Viseu, o Sr. Deputado não acha estranho que o Sr. Primeiro-Ministro António Guterres, dando satisfação a uma promessa eleitoral, tenha ido a S. João de Tarouca - e bem, no meu entender - anunciar um investimento de 500 000 contos, a realizar ao longo destes três anos, e depois no Orçamento do Estado e no PIDDAC para 1997, a primeira oportunidade em que tais intenções iam ser postas à prova, nem um tostão esteja referido para essas obras?!
Esta não é a demonstração mais cabal da incapacidade do Governo para dar resposta, na prática, àquilo que são as suas intenções nas palavras?

O Sr. Eurico Figueiredo (PS): - Mas vem lá!

O Orador: - Se vem, está dissimulado, oculto é não traduz um compromisso político perante esta Assembleia, Srs. Deputados! Essa é a questão mais séria, porque os senhores andam por este país a vender promessas e a criar ilusões, mas quando se trata de consubstanciar essas promessas em actividade e obra concreta, tornam-se perfeitamente incapazes.