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3450 I SÉRIE - NÚMERO 95

Isso é naturalismo! Isso é muito natural! Porque o Sr. Deputado - estou certa -, com um grande futuro político à sua frente, nunca desperdiçará nada que não traga um voto na ponta! Nada!
Mas, se o tempo der para isso, explico-lhe: recebi aqui, certamente como o seu grupo parlamentar, pessoas que vieram de Vizela fazer este pedido e abri-lhes um agendamento potestativo, sabendo eles e sabendo eu que ele não produziria efeitos para estas autárquicas. Todos sabíamos isso! Não somos burros, e eles também não, Sr. Deputado! Agora, eles não aceitaram, no sentido de que não lhes ofereci nada. Eles vieram-me propor esse risco! Porque deste risco, Sr. Deputado, como eles não têm mais nada, vão tirar o efeito político possível! E foi isso que eu quis dizer. O Sr. Deputado atira-lhes uma pedra? Não, não atira!
Portanto, isto foi um pacto que eles tentaram estabelecer com todos os grupos parlamentares. Gastei um agendamento potestativo, porque acho que é pedagógico, Sr. Deputado. Sabe porquê? Olhe, quem fala claro não precisa de explicar. Não tenho de dar explicações ao povo de Vizela, porque falei muito claro a quem veio aqui. Disse-lhes, inclusivamente, «há muito tempo que vos mentem, mas eu, que não vos quero mentir, informo-vos que isto não vai ter um resultado eficaz». Eu disse isto e eles sabem que eu disse isto.

Vozes do PS: - Então, já sabia!

A Oradora: - É a diferença!
E não vão votar em mim, porque não sou candidata lá e não vai haver eleições em Vizela! Mas estas coisas fazem-se em nome de uma pedagogia, que se consubstancia, Sr. Deputado, nestes dois pontos: primeiro, é o respeito por aquilo que em Portugal seja, talvez, hoje, o último acto de cidadania. A si não lhe diz nada - quando a cidadania for muito grande, começa a ser maçador -, mas a mim diz-me tudo!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

A Oradora: - Só quero ser Deputada num país onde haja um forte espírito de cidadania, e bato-me por ele. E este agendamento potestativo foi dado por esta nobre causa.
Segundo ponto: teve o efeito de dizer que penso que em Portugal, ao fim de 22 anos de democracia, estamos quase, quase, a chegar àquele momento ideal em que nunca mais se vai poder prometer coisas que não se cumprem. É isto mesmo, Sr. Deputado!

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para defesa da minha honra pessoal.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, uma vez que o Sr. Deputado Jorge Ferreira também pediu a palavra para defesa da honra pessoal antes de si, vou dar a palavra, em primeiro lugar, a ele e só depois a si.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Ferreira.

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Lucília Ferra, independentemente de eu ter pedido a palavra para defender a minha honra pessoal, não quero começar sem deixar de lhe agradecer, sem cinismos e com autenticidade, o facto de ter lembrado à Câmara que, se hoje é um dado - esperamos que irreversível - a realização de um referendo sobre a regionalização em Portugal, isso não se deve aos políticos, que falam muito lá fora, mas, quando é a hora de conseguir as coisas, não estão presentes.
Portanto, agradeço-lhe sinceramente o facto de ter lembrado que o referendo sobre a regionalização não foi conseguido por quem fala muito, como o vento, mas, depois, na hora de conseguir as coisas, não está presente.

O Sr. Nuno Correia da Silva (CDS-PP): - Não estavam lá!

O Orador: - Quero dizer-lhe o seguinte: de facto, falei em hipocrisia política do PSD, mas V. Ex.ª não falou na hipocrisia política do PP, disse que hipocrisia era eu e, portanto. atacou-me pessoalmente. Refiro isto para satisfazer o pedido do Sr. Presidente no sentido de referenciar bem aquilo de que me defendo.
Sabe que sempre que vejo alguém do PSD atacar alguém de hipocrisia, olho sempre à minha volta para ver se Cristo desceu à terra. Se vejo que desceu, estou esclarecido sobre critérios; se não desceu, acho que tenho de responder, porque, manifestamente, então aí há dois critérios. E, se me permite, não consinto que o meu se misture com o seu.
Portanto, antes de falar na hipocrisia dos outros, Sr Deputada, olhe para dentro do seu próprio partido!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, querendo, tem a palavra a Sr.ª Deputada Lucília Ferra.

A Sr.ª Lucilia Ferra (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Ferreira, agradeço a oportunidade que me dá de, com a sua defesa da honra, esclarecer algumas questões que me parece que não estão claras no seu espírito. Quando falei em hipocrisia, obviamente que não me referia ao Sr. Deputado Jorge Ferreira...

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Ah!...

A Oradora: ... mas, sim, ao Grupo Parlamentar do PP.

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - Pior ainda!

A Oradora: - É o Grupo Parlamentar do PP que eu acuso de hipocrisia, porque há um ano atrás, na Comissão Eventual para a Revisão Constitucional, acordou com o PS o referendo depois da lei de criação das regiões e, no passado fim-de-semana, o líder do seu partido exigiu. ou pediu, ao Primeiro-Ministro que avançasse já com um referendo à regionalização, antes da lei de criação das regiões.
Sr. Deputado Jorge Ferreira, não é possível o PP continuar a ter dois pesos e duas medidas,...

Vozes do CDS-PP: - É preciso ter lata!

A Oradora: - ... não é possível o PP defender aquilo que lhe convém e cair em contradição sistemática com aquilo que disse há um ano atrás.

Aplausos do PSD.