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70 I SÉRIE - NÚMERO 2

ou no sul, na Madeira ou nos Açores, têm de mover, enquanto um só povo, uma só Nação e um só Estado.
Se o fizermos, não só sobreviveremos como ganharemos as novas batalhas da concorrência; se o não fizermos, se incentivarmos rivalidades, potenciarmos bairrismos, atiçarmos diferenças, então sucumbiremos perante a força dos que são hoje mais e maiores do que nós.
Peço hoje, e pedirei amanhã, a Portugal e aos portugueses que se mobilizem sem descanso para a batalha do referendo. Nunca como agora a abstenção será sinónimo de rendição, e essa poderá custar-nos o País.
Srs. Deputados do PS e do PCP, aqui podereis ganhar, mas lá fora a vossa derrota é certa. A unidade nacional não será posta em causa porque os portugueses jamais o permitirão.

Aplausos do CDS-PP, de pé.

O Sr. Presidente: - Informo a Câmara que os Srs. Deputados Luís Filipe Madeira e Luís Sá se inscreveram para pedir esclarecimentos. Porém, o Sr. Deputado Manuel Monteiro não dispõe de tempo para responder, tendo já excedido o tempo regimental de que dispunha, pelo que pergunto aos Grupos Parlamentares do PS e do PCP se cedem ao CDS-PP algum do seu tempo disponível, o necessário, para a resposta.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, o PCP cede l minuto.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Sr. Presidente, o PS também cede 1 minuto.

O Sr. Presidente: - Sendo assim, o Sr. Deputado Manuel Monteiro dispõe de 2 minutos cedidos pelo PS é pelo PCP e de mais 2 cedidos pela Mesa.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Filipe Madeira.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Monteiro, quero começar por saudá-lo antes de o criticar. Saúdo-o pela forma como alicerço u a metodologia da posição do seu partido. O Sr. Deputado disse «sou contra» claramente e sem tergiversações. E disse mais: «e sou contra por razões ideológicas». Muito bem!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem, disse bem!

O Orador: - Muito bem, não! Muito bem a motivação! Muito bem a metodologia! Porque o que seria péssimo era que vingasse aqui a moda de não ser contra nem a favor e andar-se a esconder atrás de truques, atrás de batota e atrás de pretextos para não dar a cara e dizer o que é que se pretende, porque isso não pode fazer moda neste país e muito menos nesta Casa.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Tem de se dizer aqui o que é que se quer e o que é que se pretende. O Sr. Deputado tem essa virtude e diz claramente «não estou de acordo». Muito bem!
Vamos agora ver em que é que o critico. Critico-o porque o Sr. Deputado e o seu partido, quando falam no combate ideológico, dispõem-se às críticas normais de quem não tem a mesma. ideologia e, portanto, não pode guiar-se pelos mesmos valores. O Sr. Deputado, no plano ideológico, refugia-se, ou melhor, levanta a bandeira da unidade nacional. Disse até uma frase que não é própria de V. Ex.ª, que foi acusar quem pensa de um modo contrário de ter atitudes antinacionais.
Bem! Não se é antinacional sem querer, é-se antinacional por traição à Pátria. E não lhe fica bem dizer que nesta bancada e noutras as pessoas estão aqui a prosseguir um processo, uma finalidade antinacional. Isso, aliás, cheira-me desagradavelmente, porque me recorda os tempos já antigos, em que quem não concordava com alguém era perigosamente um agente ao serviço de interesses estrangeiros! Será bom que não insistamos nisso!
Depois, teve afirmações mais ideológicas e disse: «isto corta com os ecos da História, isto é um processo...». Disse uma coisa importante: «esta reforma é extremamente importante». Esta reforma merece uma grande discussão, com contributos sérios dos que estão a favor e dos que estão contra, porque é uma discussão que visa um futuro importante neste país. Se ela for levada a cabo, como esperamos, altera, de um modo muito importante, a vida nacional, por isso tem de ser discutida. Estamos de acordo! Venham os adversários! Tragam-nos um contributo, procurem convencer-nos porque estamos abertos a ouvir os vossos argumentos. Não se dá um passo destes às escuras! Estamos de acordo!
Agora, não me venha com o argumento de que isto corta os ecos da História. O D. Afonso Henriques também cortou os ecos da História; a Revolução Francesa cortou os ecos da História: o 5 de Outubro cortou os ecos da História, na sua opinião. Na minha opinião não cortou nada, fez História, seguiu o processo histórico naturalmente.
Também nisso temos opiniões contrárias: o Sr. Deputado não entende a História como um processo, entende-a como acto voluntarista de alguns líderes - um chama-se Manuel Monteiro e outro chamar-se-á outra coisa qualquer - que fazem a História como querem. Não é verdade! A História é um processo que não sai de um processo voluntarista deste ou daquele líder. Não sai, Sr. Deputado!

O Sr. Luís Queiró (CDS-PP): - Não vá por aí, Sr. Deputado!

O Orador: - O Sr. Deputado vem com uma afirmação também ideológica, dizendo: «queremos um Portugal uno e indivisível». E eu quase que oiço assim uns rumores ao fundo: «pluricontinental», «plurirracial»... Eu quase oiço isso.

O Sr. Manuel Monteiro (CDS-PP): - E é isso tudo!

O Orador: - É claro que Portugal é uno e indivisível, não tem de dizê-lo! Então, nós que andamos tão orgulhosos de sermos o País mais antigo, com as fronteiras estabelecidas há mais tempo, com unidade de língua, com unidade étnica - étnica, enfim, na diversidade étnica há uma grande unidade étnica -, com unidade religiosa também na diversidade religiosa - e temos medo que uma reforma ponha cobro a isto?! Serão tão frágeis os vínculos que fazem a nossa unidade que, com uma reforma administrativa, se quebram?! Ó Sr. Deputado, confio mais nos portugueses do que V. Ex.!
Finalmente, o Sr. Deputado diz que nós aqui ganhamos e que podemos perder lá fora. Está enganado. Nós ganhamos aqui e não podemos perder lá fora, porque con-