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3122 I SÉRIE-NÚMERO 87

Como afirmou um seu camarada, «Manuel Lopes era um lutador (lutou sempre, até com a morte), um solidário por excelência, um homem teimosamente tolerante, um apóstolo da unidade».
Essa solidariedade levou-o, inclusive, a apoiar as candidaturas à presidência da República de Mário Soares e de Jorge Sampaio.
O último exemplo de tenacidade e coragem deu-o Manuel Lopes quando, já marcado já pela doença que o vitimou, fez questão de participar nas manifestações do 25 de Abril e do 1.º de Maio deste ano. Quis morrer como sempre foi.
A Assembleia da República curva-se, reverentemente, perante a memória de Manuel Lopes e endereça à família enlutada e à CGTP-IN as mais sentidas condolências.»
Para intervir no debate deste voto de pesar, inscreveram-se os Srs. Deputados Octávio Teixeira, Arménio Santos, Pedro Feist, Barbosa de Oliveira e Isabel Castro.
Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira, para dela usar por 3 minutos.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Gostaria de começar por manifestar o nosso total apoio a este voto de pesar e de, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, recordar em Manuel Lopes o companheiro de muitas lutas, lembrando que ele foi, durante muitos anos. Deputado municipal pela CDU, em Lisboa, que era, actualmente, Deputado municipal, em Lisboa, pela coligação que governa a cidade e que foi também, como consta do voto. Deputado nesta Assembleia da República, integrado na bancada do PCP.
Mas quero também recordar o amigo, o homem sempre fiel aos seus ideais, que nunca fugiu a dar a cara em defesa do que considerava justo. Recordamos, fundamentalmente, o sindicalista de corpo inteiro e a tempo inteiro, um dos grandes obreiros do movimento sindical livre em Portugal, um dos fundadores da CGTP-IN, ainda antes da aurora libertadora do 25 de Abril, a central sindical que viveu intensamente, o sindicalista inteiramente devotado à causa dos trabalhadores e à sua unidade na acção em defesa dos seus direitos, o sindicalista consciente de que a defesa dos direitos laborais é indissociável da defesa da paz e da luta pelo progresso político e social.
Recordamos, ainda, o cidadão interveniente, persistente e corajoso e, neste momento, não posso deixar de enaltecer o último exemplo de coragem que nos deixou: já profundamente corroído pela doença que o devorou, teve a coragem de não se trancar entre quatro paredes, de vir para a rua, de tentar fazer uma vida normal, de participar na actividade da sua central sindical e de integrar as duas últimas manifestações populares da sua vida, a do 25 de Abril e a do 1.º de Maio.
Como se escreve no voto, Manuel Lopes, de facto, quis morrer como sempre foi. E é recordando-o desta forma que gostaríamos de enviar à família enlutada, aos trabalhadores portugueses - certamente também enlutados - e à central sindical CGTP-IN as nossas mais sinceras e profundas condolências.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Arménio Santos.

O Sr. Arménio Santos (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Manuel Lopes foi um homem que marcou a sua vida tanto pela defesa dos grandes valores sociais como do movimento sindical português. Foi o homem que, quando era arriscado ser-se sindicalista, assumiu com coragem essa missão e a defesa dos mais fracos, dos trabalhadores e das suas famílias. Participou na fundação da CGTP e foi dirigente desta central sindical até ao momento em que se cruzou com a morte.
Nem sempre, naturalmente, estivemos de acordo com as opções político/sindicais de Manuel Lopes, mas lembramos aquele Manuel Lopes que era um exemplo de convicções, um homem solidário, um exemplo de dedicação ao movimento sindical português. A sua morte é, quanto a nós, uma grande perda para o associativismo sindical e é nesse sentido que o Partido Social Democrata se associa ao voto aqui em debate e expressa à Intersindical e à família enlutada as suas respeitosas condolências.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Feist.

O Sr. Pedro Feist (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Fiz questão em ser eu a dizer duas palavras sobre o falecimento de Manuel Lopes porque tive o privilégio de o conhecer em diversas circunstâncias e em diversos campos, quer no laborai, quer no da discussão dos interesses autárquicos, quer em vários outros.
Na verdade, encontrámo-nos muitas vezes em campos opostos, com ideias diferentes, mas aprendi toda a minha vida a respeitá-lo como um homem de grande firmeza nas suas convicções e no seu carácter.
A última vez que o vi foi no funeral do nosso querido colega Nuno Abecasis, então já muito debilitado, onde, mais uma vez, tive a ocasião de o abraçar e saudar.
Aliás, recebemo-lo muitas vezes nas nossas diversas manifestações político/partidárias como uma visita cuja presença muito nos alegrava.
Por tudo isso, associamo-nos ao voto de pesar apresentado pelo Sr. Presidente, com a tristeza que rodeia todos aqueles que perdem uma pessoa que muito respeitaram toda a vida.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa de Oliveira.

O Sr. Barbosa de Oliveira (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Manuel Lopes foi um homem, um sindicalista, um democrata. Do Manuel Lopes eu só sou capaz de falar com o coração.
Ainda recentemente estive com ele, num jantar realizado em sua homenagem, na Voz do Operário, pouco tempo antes do 25 de Abril. Estou a vê-lo, sorridente, apesar da luta que travava já com a morte. Nessa ocasião, numa intervenção que fez, com uma dignidade extrema, reafirmou os valores que sempre defendeu com coragem e denodo, os valores da democracia e do sindicalismo solidário.
O Grupo Parlamentai do PS associa-se a este voto de pesar pelo falecimento do Manuel Lopes. Morreu um sindicalista que muita falta vai fazer quer à CGTP, quer - e sobretudo - ao movimento sindical; muita falta vai ele fazer também à defesa dos direitos dos trabalhadores, nesta luta conjunta que sempre travámos, apesar de termos estado, por vezes, em divergência.